Fevereiro – 2013
Você me faz sentir como lanche da tarde na minha cidade natal. Aquele momento preguiçoso, tranquilo e absolutamente seguro de estar com pessoas que eu amo e confio, e com as quais eu me sinto plenamente à vontade, porque elas são muito íntimas. Aquele momento de ver minha vó despedaçar biscoitinhos para molhar no leite morno, de comer pãozinho de cebola, de ouvir aquele som gostoso da faca cortando o pão. Você me faz sentir como chegar mais cedo da escola e fazer um café, o cheiro impregnando a casa toda, e observar o movimento da cidade da janela, comendo um lanchinho. Aquele momento de ligar a tevê no canal de música e aproveitar o restinho da tarde que eu roubei. Você me faz sentir como dormir no chão do quarto com a minha cadelinha, o sol entrando pela fresta da janela. Aquele momento de sentir o calor do sol nos meus olhos fechados e sentir que está tudo bem, e a vida é boa. Eu quase posso sentir o cheirinho de café quando estou perto de você, e eu nunca pude imaginar que eu iria encontrar essa paz longe de casa na minha vida. E eu espero que talvez exista uma parte de você que está em casa comigo também, mesmo que você tenha tido dezenas de casas em dezenas de lugares diferentes.