Jornada dupla não é nada

 

Novembro – 2011

– Coisa bonita hein? Todo um dia um vernissage.
– Toda noite.
– Com a nata intelectual e artística para discutir os rumos metafísicos da condição humana.
– Não existe isso de “rumos metafísicos”.
– Pra ouvir Portishead tomando cházinho tailandês no seu sofá de chenile coral. Que new age.
– Deveras.
– Tipo mulher balzaquiana geração prozac.
– Quase balzaquiana.
– Indo a museus e saraus de poesia; feminista praticante.
– Exato.
– Mulher independente, bem sucedida, mal-amada, vivendo com gatos numa parte deprimente de uma metrópole e usando tamanquinhos de couro cru.
– Não é cru.
– Vegetariana quase vegan, cinéfila declarada, solitária de carteirinha.
– Mas e quem não é, hoje em dia?
– Qual das três coisas?
– As três.
– E ainda assim, toda noite um vernissage.
– Toda noite.

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