A mulher que eu quero ser não se atrasa para os compromissos. Está sempre com a casa em ordem, as meias limpas, a louça em dia. A mulher que eu quero ser acorda a tempo de fazer café devagar, fazer yoga e passar protetor solar antes de sair de casa, todos os dias. A mulher que eu quero ser come bem, sempre cozinha à noite e parou de fumar de verdade, de vez. A mulher que eu quero ser não perde tempo com o passado que não pode mudar, não fica paranoica se comparando com todos e qualquer um o tempo inteiro. A mulher que eu quero ser acha que ela merece coisas boas e se considera uma pessoa razoavelmente interessante, embora seu valor não esteja no que os outros pensam dela. A mulher que eu quero ser tem muitos amigos e está sempre disponível para todos eles; nunca fica sem companhia para uma cerveja na quarta-feira e se permite ir ao cinema sozinha depois do trabalho só porque deu na telha. A mulher que eu quero ser dorme bem todas as noites para ficar em claro naquelas que valem a pena. A mulher que eu quero ser não perde tempo tentando controlar o futuro. A mulher que eu quero ser se perdoa por todo e qualquer erro cometido e nunca fica se martirizando por coisas que não pode mudar. A mulher que eu quero ser está sempre bem vestida, não precisa de elogios vazios ou conversinha mole pra se sentir desejada, já decorou todo o quarto pra não se incomodar mais com o vazio das paredes e adotou uma gatinha que dorme nos pés dela toda noite. A mulher que eu quero ser não vive para o trabalho, não deixa passar quando alguém a magoa, não tem medo de dizer o que sente e não fica se perguntando se é boa o suficiente. A mulher que eu quero ser, enfim, é uma mistura de muitas coisas, é corajosa, é agradável, é divertida e é autêntica e talvez um dia eu possa sê-la de verdade, de dentro pra fora, que estar assim tão consciente de mim nem sempre é bom e tem vez que dói muito.