Sobre a minha covardia

Você é um enigma. Esse seu espírito livre, desapegado, essa sua alma cheia de aventura, com cheiro de mato e do alucinógeno da moda, você não tem medo de nada, não se impressiona e não se amedronta, não se acovarda mesmo quando o embate é doloroso e eu fico aqui sem saber quantas pecinhas se revelaram pra mim, e o que diabos isso significa. Eu me pergunto por que eu sempre me enfio mais ou menos nos mesmo buracos, as linhas distorcidas que podem significar muito ou podem não significar nada, os corações tão livres que não devem ter espaço pra mim.

Eu, por outro lado, sou uma cabecinha confusa e um coração que bate tão forte que qualquer dia sai quicando, vivo pra me arrebentar nas portas erradas, não entender porra nenhuma, pra ser sincera demais e não saber de mentiras ou joguinhos porque sou muito ruim em mascarar o que eu sinto, afinal eu sinto demais, demais demais demais e pouco me importa como as coisas realmente são, o que importa é as sensações que elas me causam e você cruzou o meu caminho e, ah.

Um dia desses podia ser que você tirasse a minha roupa pra gente tomar um banho de rio que nem você falou e quando não tivesse nada entre nós dois além da água morna e o sol batendo, e o cheiro de mato e eu sem saber se ele vem do mato ou de você, ou dos dois, eu ia olhar nesse teu olho de ressaca e te dizer o que você já sabe, porque é tão, tão óbvio.

Quando você abriu (e você abriu, filho da puta, você abriu mesmo), será que você sabia mesmo o que estava fazendo ou só quis ir futricar na bagagem da menina-fetiche?

Quanto mais você explica, menos eu entendo.

E o pior, às vezes eu acho que você quer que seja exatamente assim.

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