Já faz tanto tempo que eu ando só, provando experiência de contato intenso em tempo curto, tão livre de amarras e sonhando com outro portos, que parece que a minha alma já tinha evaporado. Estava pairando por aí esperando condensar e cair como tempestade, inundando paragens distantes.
Você a trouxe de volta com um solavanco.
Já faz tempo que eu estou vivendo esta existência de beija-flor, sentando em bares para conversar como se tivesse um espelho na minha frente, e não pessoas reais, porque eu sempre soube que era só pra satisfazer o meu ego, e as minhas necessidades, e a minha vontade de ter o meu alterego com o melhor de mim (aquela de língua afiada e batom vermelho que eu sempre quis ser) sendo desejado e admirado.
Porque é mais fácil, e mais simples, e talvez a verdade é que eu ainda me assusto com as minhas sombras e aquelas minhas reações descontroladas e o pior de tudo a vulnerabilidade e eis que do nada estou muito consciente de mim e do que está à minha volta. Quando eu estava flutando por aí, de repente as sensações são ásperas e ameaçadoras e eu estou aqui me perguntando se na verdade eu só encontro maneiras de estar sempre de passagem.
Mas fora da minha neblina dói bem mais quando você finca os dentes na minha pele com mais força do que eu aguento de um jeito que me faz ter certeza que a realidade fora da minha bolha pode ser mais doída, mas também é infinitamente mais incrível.
Então estou saindo de nada para lugar nenhum, porque se é pra eu aprender alguma coisa com isso ainda nem sei o que é, mas saiba que você trouxe minha alma de volta, e ela está aqui, inteirinha, toda remendada, no ponto pra se estilhaçar.