Aos vinte e tantos

Uma parte de mim quer levantar acampamento outra vez, colocar a mochila nas costas e recomeçar em outro canto do mundo.
Uma parte de mim quer rotina, ter hora pra acordar e hora pra dormir, um apartamento cheio de plantas e uns dois ou três gatos pra fazer companhia.
Uma parte de mim quer experimentar sensações desconhecidas, ir pra cama todos os dias às cinco da manhã, misturar todos os tipos de álcool no copo, abrir uma cerveja pra curar a ressaca.
Uma parte de mim quer fazer jantares para os amigos, se exercitar regularmente, ler livros que alimentem a alma, cuidar da pele e da saúde.
Uma parte de mim quer conhecer todos os corpos e viver todas as paixões, entregar ao torpor da novidades, acordar em camas diferentes, me explodir muitas e muitas vezes com todo mundo que eu tiver direito.
Uma parte de mim quer compartilhar a vida com alguém especial e que me entenda e aceite com meus defeitos e limitações, sem ansiedade, sem insegurança, só a tranquilidade de um amor de verdade.
Uma parte de mim gosta de estar cada vez mais desapegada e quer ainda muito tempo para experimentar a vida com todos os seus deleites para que um dia eu possa, de fato, ter histórias que valham a pena contar.
Uma parte de mim anseia por reconhecimento e poder viver seguramente daquilo que eu amo.
Uma parte de mim diz que ainda há muita estrada pela frente, o caminho ainda é longo.
A outra está se perguntando com quantos anos afinal a vida começa de fato.
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Um comentário em “Aos vinte e tantos

  1. Nana, perfeito! Se eu fosse descrever alguém mudando do 4º para o 5º setênio de vida, escreveria esse texto. Segundo a Antroposofia, a chamada “Alma da Sensação” vivida no 4º setênio, de 21 aos 28 anos, quer experimentar o mundo em toda sua intensidade, sem limites, com todas as sensacões e paixões. isso não termina de repente e sempre há lugar para as novas sensações, só que, no desenvolvimento humano, dos 21 aos 35 anos, vai chegando uma nova a “Alma do Intelecto”, tempo de questionar, organizar o mundo e achar o seu espaço nele. Nesse meio, vive-se as duas coisas. E a cada setênio, novas descobertas!
    Parabéns pelo texto! Beijo

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