Às vezes no meio da noite, eu desperto como se uma descarga elétrica tivesse me acordado. Minha cabeça começa a revirar; o peso das minhas decisões e das minhas dúvidas, minhas ansiedades em não saber o que vai ser no futuro, minhas ansiedades com as insatisfações do presente, querer muito sem nem saber se o que eu quero é possível. Vai tudo aumentando, aumentando, e eu fico sem ar, parece que eu vou sufocar.
Aí eu procuro a sua mão na escuridão do quarto e você entrelaça nossos dedos, me puxa pra perto, aperta meu corpo com força, me acerta um beijinho sonolento no ombro. E de repente, minha respiração volta ao normal. Fica tudo bem. Eu nunca podia imaginar que a presença de alguém pudesse me trazer tanta paz, sempre estive tão acostumada com afetos caóticos, e agora o calor do seu corpo junto do meu me estabiliza de novo. De repente o quarto escuro, silencioso, é uma ilhazinha, e nada lá fora importa. E bom, se eu não for boa o suficiente para o futuro ou para os meus sonhos, não me resta nada a enfrentar, a realidade tem sido muito áspera comigo, mas também tem sido muito gentil, amanhã é outro dia, o sol se põe cada vez mais tarde, eu estou bem.
Eu queria ser mais forte, queria ser mais corajosa, queria ser mais soberana, queria não ter a cabeça e o coração tão bagunçados, ser tão medrosa, me sentir tão fracassada, queria ser a melhor versão de mim o tempo todo, porque eu acho que você nunca vai saber, ou entender, o quanto você me faz feliz, e independente do que aconteça, você já mudou tudo pra melhor, pra sempre.
Não era pra ser piegas, escrever sobre você é tão difícil. É só que eu vivo tanto dentro da minha cabeça, minha imaginação pode ser muito violenta, minha insegurança pesa, mas tem momentos em que a vida me prova que ela pode ser extraordinária.
Estar aqui com você é um deles.