Dia dos namorados/Festa dos corações partidos

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Me espreguicei na cadeira e espiei o céu lá fora; o estava limpo, era noite de lua cheia. Ótimo. Como se não bastasse, ainda por cima era noite de lua cheia. Estralei os dedos, me preparando para fazer uma pausa. Desci pela timeline do Instagram, mais uma vez passando por dúzias de fotos de casal, declarações de amor, #mozão. Senhor, será que meus amigos sempre foram bregas assim ou o dia dos namorados traz a tona o pior das pessoas?

Suspirei. Bom, talvez o dia dos namorados traz à tona o que há de pior em mim também, já que passei o dia inteiro amargando minha solteirice e amaldiçoando o capitalismo. Sério, eu nunca ligo muito pra isso se estou com alguém, mas parece que essas datas são feitas pra fazer a gente se sentir um lixo por não ter ninguém.

O telefone vibrou na minha mão. Mensagem da Alice.

“Miga, não esquece da festa no gramado da reitoria. Traz catuaba se der.”

Eu mordi os lábios, olhando pra lua cheia de novo.

“Estudando :/ Não vai dar.”

“Deixa de ser ridícula.”

O telefone vibrou de novo, ela estava me ligando. Rolei os olhos.

– Meu, eu tenho que acabar essa apresentação até sexta!

– Ah, para né. Você ainda tem tempo. Deixa de besteira e vem logo.

– Não tô no clima.

– Cara, você vai ficar aí nessa vibe de fossa em pleno dia dos namorados? Pelo menos aqui tá todo mundo bebendo junto, vamos celebrar nossa encalhação.

– Não sei…

– Vai, você anda precisando distrair a cabeça. A gente vai fazer uma fogueira e queimar os nomes de quem a gente quer esquecer. É sua chance.

Eu me olhei no espelho, um moletom felpudo, cabelos ensebados presos no coque mais desastroso que eu já fiz, um pacote vazio de Passatempo em cima da mesa.

– Tá bom, vai. Mas vou demorar pra chegar. Preciso me arrumar.

***

Com certeza aquela devia ser a noite mais fria do ano. A perspectiva de uma fogueira me animou, assim como a de álcool. Será que alguém ia levar vinho quente?

Depois de lavar os cabelos e passar uma maquiagenzinha só pra tirar um pouco da minha cara de ontem, enfiei as pernas em meias de lã, coloquei o casaco mais grosso que tinha no armário, e chamei um Uber. Depois, desci pelas minhas conversas do WhatsApp, abrindo uma de uma semana e meia antes. A última mensagem era dele.

“Ué, vc já foi?”

Suspirei, olhando para as letrinhas. Depois tomei um susto quando vi que ele estava online. Meu coração acelerou. Esperei alguns segundos, torcendo para que a barrinha do “digitando” aparecesse. Nada. Ele devia estar falando com  ela, ou com milhões de outros contatinhos. De repente senti uma vontade enorme de não ir à festa, mas o meu celular avisou que o Uber tinha chegado.

***

O conselho da Alice não tinha sido de todo ruim. Depois de um tempo na festa, meu humor tinha realmente melhorado consideravelmente. Estava realmente fazendo um frio absurdo, e nos amontoamos em volta da fogueira, ingerindo doses indecentes de álcool. Alguém tinha feito a playlist mais dor de cotovelo da história, incluindo muito feminejo e clássicos do anos 90 tipo Survivor das Destiny’s Child, e o rolê estava tão divertido que com certeza os casais presentes não trocariam a noite por um fondue à luz de velas.

– Cheguei! – Disse Leo, que tinha voltado do estacionamento. – Mais bebida, e os coraçõezinhos, como prometido!

– Caramba, é sério? – Perguntei.

– Lógico! – Ela foi logo distribuindo os coraçõezinhos de papel vermelho e algumas canetas. – Gente, prestem atenção, é pra escrever o nome do crush que quer esquecer que a gente vai queimar todos na fogueira.

– E se tiver mais de um?

– Ué, pega quantos precisar, eu trouxe um monte.

Desatamos a rir, e eu fui logo pegando um coraçãozinho. Sentei num banco afastado, querendo ficar longe de olhares curiosos e escrevi o nome dele. Olhei para a fogueira. Bom, realmente, eu precisava esquecer aquele amor não correspondido de uma vez por todas, não dava mais pra continuar naquela situação. Tinha me enganado tempo demais e agora até a nossa amizade estava estragada.

– Oi. – Achei estava realmente começando a ouvir coisas depois de tanta cachaça, mas quando me virei ele estava realmente inteirinho na minha frente. Meu coração começou a bater tão forte que eu me senti até um pouco tonta, a boca secando.

– Você não tava na praia?? – Arfei, rezando para que meu tom de voz não saísse trêmulo demais.

– Tava, mas resolvi voltar antes. Passar o dia dos namorados na praia com a família realmente ia transbordar minha cota de autocomiseração.

Ri sem graça. Ele ajeitou os cabelos.

– Parece que a festa tá legal.

– Aham, tá ótima.

Cara, que merda. Se eu soubesse que ele viria, jamais teria saído de casa. Virei o restante da catuaba que tinha no meu copo.

– Quer ir pegar uma bebida?

Queria responder que não, mas não tive coragem.

– Claro.

Passamos a andar de volta para a fogueira. Fuzilei a Alice com o olhar, mas ela deu de ombros sinalizando que também não sabia que ele estaria ali.

– Senti falta de conversar com você essa semana. – Nossa, ele foi direto ao ponto. Não esperava que fosse tocar no assunto tão cedo.

– Pois é, acabei ficando muito ocupada com a apresentação de sexta.

– Por que você foi embora aquele dia?

Engoli em seco. Que ótimo, tudo que me faltava era aquele interrogatório.

– Você estava ocupado. Eu não queria ficar na festa sozinha.

– Você ficou puta que eu peguei ela?

– Claro que não!

– Se ficou, não tem problema. Pode me falar.

Eu senti que estava ficando com vontade chorar. Engoli em seco com raiva. Que merda. Já estava bêbada, se ele não colaborasse eu ia acabar falando uma besteira enorme e estragando tudo. Que ódio. Enchi mais um copo de catuaba. Ele abriu uma cerveja.

– Bom, é que a gente tinha ido juntos e eu acho meio migué deixar amigo em rolê para casar na balada. Mas sussa também, não foi nada de mais.

– Então por que você não respondeu?

– Já falei, tava ocupada.

Ele suspirou, Andando tínhamos chegado debaixo de uma árvore mais ou menos afastada da fogueira onde estavam todos.

– Eu sei que as coisas ficaram estranhas.

– Não ficaram estranhas. A gente só se pegou bêbado num rolê, eu sei que não teve nada a ver. – Omiti a parte do “na verdade eu sonhei com isso por meses e aí finalmente aconteceu, e achei que a festa ia ser nosso primeiro date, e você pegou outra fulana na minha frente, mas ok”.

– Eu não queria ter pegado ela.

– Ok?

– Eu te chamei pra festa porque queria pegar você. De novo. – Eu senti minha respiração parar, meu coração ao pulos. Ainda estava magoada, e com raiva, mas não podia negar que eu queria ouvir aquilo. Ele esfregou os olhos cor de mel. – Me desculpa. Foi uma babaquice.

– Tudo bem, esquece isso. É melhor assim pra não estragar a amizade.

– É, então. Só que já foi.

– Como assim?

– A amizade. Faz tempo que eu não quero ser só seu amigo. E eu ia te dizer isso na festa, eu te chamei porque queria que a gente ficasse, mas aí você tava toda fria, parecia que não tava interessada, que não queria ficar comigo. Eu fiquei puto e fiz uma infantilidade. Na hora eu percebi que tinha sido besteira. Daí eu fui viajar e fiquei pensando que era melhor deixar pra lá, que ia passar, pra tudo voltar ao normal. Só que você não me respondia e eu fui ficando doido. Eu tô gostando de você de verdade, cara. E se você só quer ser minha amiga eu juro que vou ficar de boa, mas então me explica porque você ficou puta. Porque eu sei que quando a gente se pegou foi incrível, não é possível que tenha sido incrível só pra mim.

Eu fiquei em choque. Virei o resto da bebida, sentindo meu rosto afoguear. Não era possível. Aquilo devia ser pegadinha. Nunca nada na minha vida amorosa dava certo. Essa história de se apaixonar pelo amigo era a maior furada da história e todo mundo sabe.

– Você não vai falar nada?

Minha vontade era de sair correndo, mas aguentei firme. Eu ia ter que ser corajosa. Nunca tinha me declarado para alguém que me correspondia, sempre dizia que gostava de alguém já no aguardo da rejeição, estava perdida.

– A Leo trouxe um coraçõezinhos de papel. Pra gente escrever o nome de quem quer esquecer e jogar na fogueira. – Eu tirei do bolso do moletom o coraçãozinho dobrado com o nome dele, e o abri. – Eu escrevi o seu. Porque eu tô apaixonada por você. Faz tempo.

O silêncio pesou entre nós dois. Ele ficou olhando do papel para o meu rosto, com os olhos arregalados. Eu estava juntando cada fibra do meu corpo num esforço para não. sair. correndo.

– A… Apaixonada?

Fiz um careta. Não queria ter usado essa palavra assim, logo de cara. Mas saiu. Além do mais, não era mentira. Dei de ombros.

– É.

Ele se aproximou de mim, e os gestos pareciam acontecer em câmera lenta. Acariciou as maçãs do meu rosto com as mãos, e eu estremeci com o toque, fechando os olhos. Tinha repassado tantas vezes nosso primeiro beijo na minha cabeça, me entristecido de pensar que nunca mais ia acontecer de novo, e ali estava ele, colando os lábios nos meus outra vez.

É um clichê dizer que quando a gente beija alguém que gosta de verdade é diferente, mas é a mais pura verdade. Colei minhas mãos na nuca dele, sentindo minha pele correr em arrepios quando a sua língua invadiu minha boca. O beijo pareceu durar horas, parecia que tínhamos nos transportado dali, os gritos e risadas da festa pararam de chegar aos meus ouvidos. Quando terminou, ele deu um beijinho na ponta do meu nariz e me sorriu de um jeito que eu achei que fosse cair dura ali mesmo.

– Eu também.

***

A gente mal conseguia se beijar durante a festa, de tanto que estávamos sorrindo. Ao fim, fomos para a minha casa, aos atropelos. Quando cheguei no quarto, me deparei com o computador e os livros em cima da escrivaninha, e o meu mau-humor do dia todo. Como pode uma pessoa mudar tanto de estado de espírito em tão pouco tempo?

A gente se largou na cama, e minha cabeça estava girando. Estava acontecendo, estava acontecendo, a gente ia transar, depois de tanto tempo pensando, querendo, fantasiando.

Os nossos beijinhos foram lentamente se tornando beijos profundos e lentos. Difícil passar da tensão inicial, difícil ir de amigos ao tesão assim, mas ele foi deixando de ser o meu e foi passando a ser um homem delicioso que me torturava com beijos intensos.

Ele prendeu minhas mãos na cama, invadindo minha boca de novo. Depois, segurou meus cabelos com força, mordendo meu queixo. Uma mão levemente hesitante apertou meu peito por cima de toda a roupa, eu dei um gemidinho baixo. Senti ele se esfregando em mim e de repente não tinha mais constrangimento, só desejo. Fomos nos livrando das roupas da maneira mais afoita possível, meses e meses de tensão finalmente explodindo.

Quando eu vi estava só de calcinha e ele só de cueca. A sensação da pele dele grudada na minha era indescritível, sentir o contorno dos braços dele contra as palmas das minhas mãos, meu corpo inteiro pulsando com a cada investida tímida dos quadris dele contra os meus.

– Espera. Preciso muito fazer um negócio. – Eu pedi com a voz engrolada de álcool e paixão. Desci pelo corpo dele, entoxicada com o cheiro da pele macia, tantas vezes quase perdi o juízo quando ele me abraçava e eu sentia o seu cheiro e agora ele estava ali, todo meu, era quase impossível de acreditar…

Me ajoelhei na cama, descendo sua cueca com cuidado, beijando a pele abaixo do seu umbigo. Falamos de sexo tantas vezes, por horas, detalhando um para o outro nossas fantasias, o que mais nos agradava na cama, em conversas que me torturavam a imaginação, era quase como se a gente já soubesse tudo que o outro queria.

O provoquei por muito tempo, até que finalmente tomei a sua glande entre os lábio e iniciei um boquete bem lento. Eu estava com tanta vontade fazer aquilo há tanto tempo, só a ideia estava fazendo com que ondinhas de excitação me percorressem o corpo inteiro. Ele gemeu alto, segurou meus cabelos, respondeu, e eu não podia acreditar. Ele era ainda mais sexy quando estava assim, nu e excitado, e sob o meu comando e ainda por cima, disse que era meu.

Ele me puxou pelos quadris, me fazendo ficar de quatro por cima dele, e meu coração parou quando ele me segurou com força, e puxou minha calcinha para o lado.

– Você não tem noção do tanto que você é gostosa.

Suspendi minha respiração quando senti sua língua passeando pela extensão da minha vulva, espalhando beijinhos. Tive que me segurar para não desmontar na cama, a excitação deixando minha cabeça totalmente enevoada. O tomei na boca outra vez, sentindo que ele me abria com os lábios, me deixando totalmente molhada, inchada de desejo. Continuava a me segurar firme pelo quadril, gemendo baixinho enquanto me chupava e ficou muito difícil manter a técnica. Passei a sugá-lo sem perícia, indo mais fundo que dava, minha vontade era de engolir ele inteiro, ter ele por dentro até me preencher inteirinha.

Até que parei com um estalo, gemendo bem alto quando ele sugou o meu clitóris de levinho.

– Por favor. – Eu supliquei, meu quadril se movimentando em espasmos involuntários. Ele gemeu com o pedido, me puxando para cima. Alcancei uma camisinha no criado, e ele a colocou com gestos impacientes, deitando o corpo sobre o meu. Eu segurei as suas costas, insistente, querendo tê-lo logo de uma vez dentro de mim, mas ele passou a ponta do indicador pela minha vulva supersensível. Eu gemi alto de novo, supliquei de novo, e ele me penetrou com dois dedos, estudando minhas reações com uma fome no olhar que seria capaz de fazer qualquer um se sentir sem ar.

– Nossa, eu quero muito. – Ele confessou num tom de voz pecaminoso, movimentando os dedos dentro de mim.

– Então vem logo. – Eu reclamei impaciente, e ele sorriu, posicionando o corpo entre as minhas pernas. Mas me torturou ainda mais, esfregando a glande contra mim, pressionando-a contra a minha entrada sem me penetrar, até que eu estava arfante, puxando os cabelos dele, levantando os quadris do colchão.

Quando ele finalmente entrou dentro de mim parecia que tinha entrado dentro do meu corpo inteiro. Podia senti-lo me atravessando, todos os nervos do meu corpo interligados. Não conseguíamos parar de nos beijar, eu gemia na sua boca, lambia seus lábios, o abraçava, me esfregava dele. É um clichê enorme, mas realmente sexo estando apaixonado é uma experiência completamente diferente, e para mim já fazia tempo demais desde a última vez.

Eu queria que a nossa primeira transa tivesse durado horas, mas o tesão acumulado, a adrenalina, o nervosismo, tudo viraram uma coisa só. Não consegui me segurar, a sensação dos olhos dele nos meus enquanto ele entrava dentro de mim gemendo alto era intensa demais. Ele segurou minha pernas, juntando-as para que eu ficasse ainda mais apertada, e me olhou de um jeito tão primitivo e safado que foi a gota d’água. Eu chamei o seu nome, balbuciando afoita que ia gozar.

– Goza bem alto então. – Veio a resposta, num tom de voz que até então eu desconhecia. O meu corpo obedeceu ao comando antes mesmo que minha mente pudesse registrá-lo. Eu gritei, gritei tão alto que senti minha garganta reclamar, me contraindo e pulsando ao redor dele.

Não demorou e ele segurou meus cabelos com força, mordendo o lóbulo da minha orelha e gemendo no meu ouvido também, os movimentos erráticos e imprecisos.

Uma onda do melhor cansaço do mundo me invadiu imediatamente após. Ele me abraçou, beijando a ponta do meu nariz com ternura outra vez e eu fui tomada por uma sensação de felicidade que há muito tempo não experimentava.

– Feliz dia dos namorados. -Eu murmurei sorrindo, olhando a lua ainda muito cheia e brilhante lá fora. Ele riu.

– Jesus, somos um clichê. – Depois alcançou o coração no criado mudo. – Eu vou guardar isso aqui como lembrança desse dia. – Foi minha vez de gargalhar.

– Que pena que nossa primeira transa foi tão rápida. – Eu disse, os olhos fechando de sono.

– A gente vai ter muito tempo pra praticar. Eu não pretendo ir pra lugar nenhum tão cedo.

Mais um conto publicado na plataforma Jmamuse!

Opa, gente! É com o maior prazer que eu venho contar pra vocês que mais um continho meu foi publicado em uma das minhas plataformas eróticas preferidas, a Jmamuse! Desta vez, em português! Corram lá para reler este que foi o primeiro conto publicado aqui no blog, e aproveitem para conferir o conteúdo que eles oferecem que voces nao vao se arrepender 😀

 

Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência

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Passei cambaleando de levinho de volta ao salão, levando um susto quando o grupo sentado na mesa irrompeu em mais urros por causa do pôquer, jenga, ou sei lá que raios estavam jogando. Será que esse povo não cala a boca nunca? É como eu sempre digo, se as pessoas pudessem ouvir meu monólogo interno, eu não teria mais amigos.

Você está lá, sentado no sofá como te deixei, mastigando a bendita correntinha de novo. Que fixação oral essa sua hein, sorte minha. Já devia ter aprendido que essa história de beber sentado é perigosa, meu equilíbrio rateando. Foram vários shots, e infelizmente preciso admitir que você é mais resistente a álcool do que eu, de modo que meu cérebro já está enevoado e meus nervos pulsando um pouquinho mais do que deveriam com cada sensação.

A coisa é que você tem essa aura que me deixa irracional, e dá vontade de provocar só pra ver até onde você aguenta, até porque eu sei (e adoro) que o pavio é curto, então eu chego e me sento logo no seu colo porque a essa altura já está todo mundo bêbado mesmo e ninguém vai ligar. Você levanta as sobrancelhas que parecem ter vida própria de tão expressivas, e logo se alarga num sorriso que deixa a mostra todos os dentinhos muito brancos e retos, e eu juro, é K.O., sem chance de recuperação.

Você me enlaça pela cintura, os dedos dando a volta em mim inteira, e eu me inclino para te beijar. Você foge do beijo, a boca crispando e deixando o sorriso safado. Eu tento de novo, porque estou bêbada demais para sutilezas a essa altura. Você segura os dois lados do meu rosto, a expressão fica séria enquanto me encara com um olhar que parece que está derretendo até os meus ossos.

Quando a gente finalmente se beija, é aquela mistura de sensações que eu fico tentando encontrar uma descrição entre todas as minhas metáforas chiques. Cada segundo do seu beijo é como uma armadilha, você sabe exatamente como dar o próximo passo pra me deixar querendo sempre mais, minhas mãos apertando seus ombros porque se eu já não estivesse sentada provavelmente ia ter escorrido para o chão.

Os seus braços me seguram firme na cintura, e quando o beijo se parte você passa o dedão pelo meu lábio inferior antes de mordê-lo, e talvez as coisas fossem mais fáceis se você não fosse tão, tão venenosamente sexy, se o seu beijo não fosse tão aterrador, se o sorriso não fosse tão lindo, mas enfim, de que adianta tentar resistir numa batalha que eu já perdi.

Pressiono o meu corpo contra o seu, sua boca encontrando a alcinha da minha blusa para descê-la com os dentes, a língua contornando os traços da minha tatuagem no ombro. Estou toda arrepiada, tremendo no seu colo, e nessas horas é uma delícia ser assim em tamanho de bolso, dá a impressão que você consegue me tocar no corpo inteiro com as duas mãos, e que delícia é ficar com alguém que dá conta do recado, para variar.
Eu tensiono quando você segura meus cabelos altura na nuca, puxando com força para acessar a pele do meu pescoço. Um gemidinho involuntário escapa do fundo da minha garganta, sinto minha razão esvaindo com o tanto que eu te quero.

Deslizo o rosto pelos seus ombros, intoxicada com o cheiro do seu perfume, e olha que eu nem nunca gostei de perfume, subindo os lábios com beijinhos ébrios pela pele do seu pescoço.

– Não. – Você me segura pelos cabelos de novo. – Nada disso. É a regra, lembra?

Eu dou um miado de desaprovação.

– Ai mas que coisa, você é cheio de regras.

– Não pode. Se não eu não aguento, capaz de te comer aqui mesmo.

Porra, você não colabora com meu estado mental. Eu arranho a pele dos seus braços, grudando seu corpo no meu. Uma ideia doida se forma na minha cabeça, e eu já me animo, porque já diria minha melhor amiga, eu adoro péssimas ideias.

– Vem aqui comigo.

– Onde? – Céus, o sorriso de novo.

– No banheiro. Quer dizer. Eu vou primeiro, depois você vai. Ninguém vai notar.
Seus olhinhos castanhos brilham; não de medo, de intimidação, mas de antecipação. Nem uma hesitação, nem uma pergunta, nem um “pera-lá-você-é-louca-vamos-com-calma”.

– Tá bom. Dou um minuto e vou.

Meu deus, que resposta perfeita, que delícia de homem, em todos os sentidos. Delícia de beijo, delícia de corpo, delícia de risada, delícia de companhia.

Dessa vez eu devo ter perdido a noção, devo ter perdido o juízo de vez.

Quando a gente tranca a porta do banheiro, o mundo lá fora deixa de existir. A primeira coisa que eu faço é ir com a boca direto no seu pescoço, porque não gosto que me digam não. Finco os dentes, sugo, te marco, até que você segura meu rosto pelo queixo, olhando para mim com aquela expressão muito séria que eu aprendi a reconhecer como máxima excitação. Seu olhar é predatório, e eu sinto meu corpo tensionar com uma onda muito clara de tesão, mordendo o lábio inferior.

– Não. – Você torna a falar. – Não pode fazer isso. Não aguento. – Você puxa meu lábio para baixo com o dedão. Eu aproveito a oportunidade e deslizo meus lábios por ele, sugando, olhando nos seus olhos para te provar que não estou aqui pra brincadeira. Sua expressão se torna séria de novo. – Te odeio.

– Odeia nada.

Ajoelho na sua frente, desabotoando o cinto, te olhando e te desafiando a me mandar parar dessa vez. Só que você só se apoia na pia, uma mão encontrando a minha nuca.

Provocaria se a gente tivesse tempo, mas como é óbvio que não vai demorar para alguém ter que usar o banheiro com a quantidade de álcool sendo consumida, eu desço a calça jeans apertada e a cueca, e tomo o seu pau na boca.

Já me disseram que eu sou boa nisso, mas com você eu tenho certeza, porque na verdade eu poderia ficar horas te chupando. Vou o mais fundo que consigo, e você me empurra só um pouquinho. Adoro que você é gentil comigo sempre exceto nos momentos que não pedem gentileza, não me trata como se eu fosse quebrar.

O boquete é meio afoito e apressado, não tinha como ser de outro jeito. Até que você me segura de novo pelos cabelos (ok, vou precisar de uma hora pra desembaraçar todos os nós de novo) segurando seu pau pela base e deslizando pela minha boca e queixo. O ritmo desacelera, a conexão do nosso olhar tão intensa que é elétrica.

É como dizem, não existe nada mais sexy do que se sentir desejada.

Alguém bate na porta e nós dois nos sobressaltamos. Lembro de onde estou, de repente se dissolve a bolha em que a gente estava. Rimos de levinho.

– Já vai! – Eu me levanto, te masturbando de levinho enquanto a gente se beija. Você passa a língua pela minha boca, com um sorriso safado. – Vai ter que ficar pra depois.

Você arfa, sacudindo a cabeça.

– Você tá acabando comigo.

***
Nem lembro direito como passamos o resto da noite. Foi tudo um borrão. Acabamos durando muito na festa, os dois cheios de energia. Dançamos, bebemos, nos beijamos e esfregamos no sofá, nas paredes, na pista de dança, até deixarmos todo mundo com inveja da vontade que estávamos um do outro.

Entramos no quarto cambaleando, deixando as garrafas de cerveja quase vazias na mesinha. Eu tentei ir me apressando para a cama, mas você me puxou de volta pelo quadril, prendendo meus pulsos na porta, e me invadindo com mais um dos seus beijos.

Tento me soltar só pra te testar mesmo, e você me segura com mais força, mordendo meus lábios inchados. Depois, me pega no colo com facilidade para me levar para cama, só que acaba batendo com a cabeça no lustre no meio do caminho.

– De novo??

– Aff, eu vou arrancar esse negócio daqui amanhã.

– É você que é alto demais. – Caímos na cama e eu subo em cima de você, tentando arrancar sua blusa, enchendo seu rosto e pescoço de beijinhos. Nem estou me reconhecendo, nem sei que feitiço é esse que você colocou em mim, que eu ando avoada com a cabeça nas nuvens, como pode ser tão intenso e tão rápido, como foi acontecer isso agora, agora que eu finalmente me livrei da âncora que arrastava no pé pelos últimos dois anos, só pra cair direto na sua rede.

Você me joga de volta na cama, colocando o corpo sobre mim, as roupas sendo arrancadas com violência até os dois estarem nus, e o ritmo arrefecer novamente. Suas mãos apertam minha cintura, seu corpo ardendo em febre sobre o meu.

– Você é tão pequenininha. – O comentário sai sofrido. – Me deixa maluco. – Deixo escapar um gemido baixinho, e você se deita novamente, me puxando para o lado, uma mão descendo para a parte interna da minha coxa.

– Não, espera. – Eu faço menção de tirar a sua mão, e te explicar que sou sensível e complicada de agradar, e vai demorar até você saber fazer do jeito certo, e vamos deixar isso pra depois quando a gente se conhecer melhor, pra que perder tempo agora.

– Devagar, eu sei. Eu sei fazer, confia em mim.

Eu suspiro, relaxando, mas na verdade totalmente cética. Me preparo para ter que tirar sua mão dali logo, só que seus dedos deslizam por mim com a precisão exata, sem forçar.

Meus olhos se arregalam e eu solto um suspiro de surpresa.

O toque é perfeito, eu fico sem ar, afundando na cama, sentindo minha pele grudar de suor. O quarto está escuro, minha respiração está rasa, e eu me seguro nos lençóis. Abro as pernas involuntariamente, meus pensamentos dando um dó, nem quando eu me toco é bom desse jeito. Estou trêmula, sinto que vou explodir em mil pedacinhos a cada vez que você desliza os dedos por mim, a minha pele parecendo a ponto de desgrudar do meu corpo.

– Viu? – Você diz, a boca muito perto da minha. – Eu aprendi.

– Você aprendeu. – Eu confirmo com um sorriso meio tonto, gemendo logo em seguida.

– Eu sei como você gosta. Eu já te conheço.

Perco a noção do tempo, deixando você fazer mágica com as pontinhas dos dedos, gemendo alto no seu ouvido. Não sei se quero que você pare logo e se enfie de uma vez dentro de mim, ou se quero que você continue pra sempre, perdi completamente a capacidade de articular qualquer raciocínio.

– Eu… Ah! – Balbucio, tentando encontrar alguma coisa que faça sentido, porque eu quero que você saiba exatamente o que você está fazendo comigo. – É tão bom. – A frase sai num fio de voz. Você me beija de novo, terminando com daqueles beijinhos na pontinha do meu nariz, um sorriso orgulhoso e satisfeito nos lábios.

– Você está tão molhada. – E com este comentário você introduz um dedo em mim, depois o outro, apertando devagar contra o meu ponto G. Minha mão encontra o seu pau outra vez, apertando numa punheta descoordenada. Acho que perdi o controle dos meus braços.

Alcanço uma camisinha no criado-mudo, você me deixa virar para o lado, me segura firme pelos quadris, me penetrando daquele jeito impetuoso, sussurrando sacanagens engroladas no seu sotaque ao pé do meu ouvido.

Uma mão puxa meu cabelo com força na base da nuca, a outra me acerta um tapa forte na bunda, e eu peço mais, peço mais forte, quero estar toda dolorida e marcada amanhã. Cada vez que a gente transa supera a anterior, você parece um polvo se desdobrando para estimular meu corpo inteiro, a sensação de ter por dentro me fazendo ver estrelinhas.

Varamos a noite, sem conseguir parar, nos beijando e lambendo e chupando e tocando. Fomos dormir já ao amanhecer, vencidos pelo cansaço. Meu corpo estava doído, parecendo um trapo, quando você me puxou pra perto, me fez deitar no seu peito.

Abri os olhos e vi a rosa que você me deu no criado-mundo, a rosa que tinha me feito te notar, que tinha começado toda aquela loucura. Ela tinha desabrochado na água, estava vistosa e vermelha, e eu me perguntei meio grogue, se ela ia durar muito mais tempo antes de murchar.

 

Meus 12 contos com os 12 signos disponíveis em inglês na plataforma Jmamuse!

Oi, gente, tudo bem com todos? Quem está lembrado da minha série de 12 contos eróticos com os 12 signos do zodíaco que publiquei aqui no blog ano passado? Pois é, já faz um tempo que meus amigos aqui a gringa me pedem para ler, mas como eles estavam disponíveis só em português, acabavam não podendo.

Para o dia dos namorados por aqui, dia 14 de fevereiro, corri para conseguir traduzir tudo para o inglês e estou super honrada de vê-lo publicados no blog do Jmamuse, uma plataforma de arte erótica com uma curadoria incrível.

Então é isso! Dá uma passada lá, veja o que a Jmamuse tem para oferecer, e quem sabe, mande o link dos contos praquele @ gringo que você está cortejando no Tinder/WhatsApp/Instagram 😉

O link está aqui!

Reencontro de faculdade – Parte 2

PRIMEIRA PARTE AQUI

MENAGE
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Quando eu entrei no quarto dos dois, tinha o mesmo cheiro do quarto da Marie que ela costumava dividir com duas amigas, na Aclimação. Tenho uma memória olfativa muito aguçada, é terrível, e tem gente que tem cheiros muito característicos. O da Marie era meio doce, porque ela sempre usava óleo de amêndoas, mas também tinha alguma outra coisa que eu não conseguia identificar.

Eu matei a caipirinha com um último gole, sorrindo meio nervosa para os dois ali na minha frente. Tá certo, não vou nem fingir que não tinha pensado em ficar mais uma vez com o Lucas e a Marie, e quando soube que os dois estavam juntos com os dois ao mesmo tempo (apesar de que esse sentimento apareceu depois do choque e do ciúme inevitáveis), mas era diferente estar ali realmente naquela posição.

– Alguém vai falar alguma coisa? – Pedi, levemente aflita. – Assim eu fico nervosa.

– Pra ser sincero, quem tem que estar nervoso aqui sou eu. Vou ter que dar conta das duas. É muita areia pro meu caminhãozinho. Muita pressão. Ninguém pensa no sofrimento dos homens.

Eu desatei a rir.

– Realmente, é de dar dó.

– Mas é claro! – Ele ajeitou os óculos, andando em direção a nós duas. – Muita expectativa da sociedade, uma covardia até, eu estar indo pra cama com as duas mulheres mais gostosas que eu já peguei, ao mesmo tempo. Tsc.

Eu corei. O Lucas sempre tinha sido daquele jeito, tímido, tímido, tímido, até que em algum momento soltava aquelas coisas inesperadas. Eu olhei pra Marie, como quem diz, “você tirou a sorte grande hein”, e ela me encarou de volta, os olhos dizendo “eu sei”.

Eu mordi meus lábios, suspirando pra afastar o nervosismo de vez e a beijei de novo. Naquela hora me doeu um pouco que a gente tivesse se afastado, que eu nunca tinha dito pra ela que eu admirava muito a mulher que ela tinha se tornado, e que ela tinha sido muito importante pra mim. Mas logo esses pensamentos nostálgicos foram empurrados da minha mente.

– Gente, desculpa meu comentário babaca, mas assim, cês tão realizando meu sonho do segundo ano de faculdade.

A Marie rolou os olhos.

– Você podia fazer algo de mais útil com a boca em vez de ficar falando besteira.

– Um bom ponto. – O Lucas concordou, dando de ombros e se aproximando. Ele colocou uma mão no rosto da Marie com carinho, e os dois trocaram um sorriso cúmplice antes do beijo. Assim, que casal. Eles eram lindos e mais lindos ainda juntos e a minha noite já estaria de bom tamanho se eu fosse só sentar e assistir. Quando eles se soltaram, o Lucas virou pra mim, colocou a mão livre na base da minha nuca e me encarou por um segundo, os olhos castanhos amendoados enormes por trás dos óculos grossos. Um pouco intimidante, um pouco hipnotizante. Talvez na mesma proporção.

Ele provocou um pouco, chegando bem perto e esfregando os lábios nos meus. A boca dele era vermelhinha e carnuda, os lábios curvados para baixo, e sempre foi a característica que eu mais gostava dele. Segurei os dois lados do seu queixo e finquei os dentes no lábio inferior, porque porra, fazia muito tempo que eu estava morrendo de vontade de fazer aquilo. Eu me lembro da sensação de beijá-lo pela primeira vez, de sentir que meus joelhos tinham virado geleia. E mesmo depois de tanto tempo, incrível, parecia que eu estava sentindo a mesma coisa.

Quando ele se afastou, eu ri baixinho porque os óculos dele estavam levemente embaçados. Ele acariciou meu lábio inferior de leve com o dedão, puxando a Marie para perto com a outra mão.  Ela esfregou os lábios nos nossos antes de me beijar de novo, aí o Lucas puxou o meu cabelo e mordeu o meu pescoço, e nossa. De repente eu lembrei que fazia bastante tempo desde minha última transa, tipo, bem mais tempo do que eu gostaria de admitir. Alguma coisa fez clique dentro de mim.

O amasso ficou bem mais desesperado de repente, um monte de mãos trôpegas tentando encontrar caminhos por entre roupas e corpos suados, toda a tensão da noite toda, o álcool, a adrenalina, agindo de uma vez só. Segurei a cinturinha da Marie, enquanto ela enfiou as mãos dentro do meu vestido de algodão para apertar a minha bunda. Puxei a blusa dela para cima, revelando um sutiã verde marca-texto (veja só, então a Marie que eu conhecia ainda dava sinais de vida) escondendo os seios perfeitos. Realmente, gostosa ela sempre tinha sido, mas o tal pilates e a dieta paleo e não sei mais o que estavam fazendo efeito, o corpo dela estava forte e definido, eu fiquei boquiaberta e me perguntei por talvez um segundo se eu não poderia de repente abandonar minha rotina de uma garrafa de vinho e um pedação de queijo por dia.

O Lucas finalmente tirou os óculos, colocando eles em cima da cama de maneira desajeitada, antes de sentar na beirada da cama e puxar nós duas (a Marie pelo cós do short) para o colo dele. Eu e ela trocamos olhares. Mas confesso que talvez se estivesse no lugar dele ia querer fazer o mesmo. Até pior.

Ele inclinou o torso um pouco para trás, apoiando-se nas mãos, eu e Marie uma em cada perna. Eu cheguei pertinho, fingi que ia beijá-lo por um tempo só pra torturar, até que Marie acabou com a brincadeira, mordendo meu lábio com força. Demos um beijo triplo e eu lembrava vagamente, bem vagamente, que já tínhamos feito aquilo antes em alguma festa embalados por muito Velho Barreiro, mas aquilo era completamente diferente. Depois, eu e Marie descemos beijinhos em cada lado do pescoço do Lucas – o que custa apreciar o menino um pouquinho – trocando olhares safados.

Ao mesmo tempo, fomos subindo as mãos devagar pelas coxas do Lucas, apertando sobre o short. Ele jogou a cabeça pra trás, respirando forte, as bochechas corando por debaixo das sardas, os olhos fechados fazendo os cílios muito compridos e pretos contrastarem com a pele muito branca. Um gemido gutural escapou quando eu e Marie apertamos o pênis dele por cima do short, e nós trocamos mais um olhar cúmplice. Provocamos por ali por um tempinho, até que eu desabotoei a braguilha e nós duas enfiamos a mão dentro da cueca do Lucas.

Ele gemeu alto, o quadril dando um espasmo.

Ok, definitivamente eu estava há tempo demais sem sexo.

Ele abriu os olhos, nublados de tesão, encarando a Marie, que respondeu com um sorriso. Os dois se beijaram de novo, e ela sussurrou alguma coisa no ouvido dele que eu não consegui escutar.

– Assim não vale, poxa. – Reclamei. Ela não respondeu, só arqueou as sobrancelhas com aquela expressão de quem está prestes a aprontar. Me beijou mais uma vez, com aquele beijo mandão de sempre, e desceu para se ajoelhar na minha frente. Eu fiz menção de falar alguma coisa, tentando entender o que se passava. O Lucas tirou minha mão da sua cueca (não sem antes fazer um biquinho), e me segurou pelo quadril para que eu me ajeitasse no seu colo e ficasse totalmente de frente para a Marie. Depois, segurou meus dois braços atrás das minhas costas, de forma de que fiquei imobilizada. Com a mão livre, ele puxou meu cabelo na altura da nuca. – Por que eu to achando que vocês já tinham combinado isso antes? Eu to sentindo que caí numa armadilha.

A Marie riu de lado, sacudindo os cabelos de novo e separando minhas pernas na altura dos joelhos. Depois, ela subiu o meu vestido até quase chegar na minha virilha, sem nunca deixar de encarar. Os olhos da Marie eram meio sobrenaturalmente grandes, cor de mel quase verdes, e dava pra contar as manchinhas nas íris dela. A Marie sempre olhava pra pessoas como se fosse engolir; seja de raiva, de alegria, de tesão, dificilmente ela dispensava indiferença a algo ou alguém. Nisso a gente sempre foi muito parecida, talvez uma razão de tantos embates de ideias anos atrás.

Enfim.

Ela mordeu a lateral do meu joelho esquerdo, subindo beijos molhados pelas minhas coxas. A sensação era um misto de cócegas e arrepio, eu me contorci no colo do Lucas, que continuava a me segurar bem firme. Quando ela tirou minha calcinha, eu já tinha fechado os olhos.

A Marie é do tipo de pessoa que nunca faz nada pela metade. Tudo dela tem que ser o melhor, e com o oral não poderia ser diferente. Nunca tinha esquecido das nossas noites intermináveis, transas que duravam horas a fio, como ela se empenhava em me fazer gozar três, quatro vezes. A habilidade continuava a mesma. Ela me chupava de maneira focada e intensa, e eu sentia minha respiração sair do controle, meu corpo começando a suar.

Sentia o pau do Lucas sob o short, e me esfregava nele de leve enquanto a Marie me chupava. Ele continuava me segurando firme, o que me enlouquecia mais ainda, mas em determinado momento me soltou, descendo as alças do meu vestido e sutiã para apertar os meus peitos. Uma das minhas mãos livres desceu imediatamente para puxar os cabelos da Marie, e a outra se esgueirou novamente para dentro da cueca do Lucas. Eu estava me sentindo totalmente exposta, pulsando, parecia que todos os nervos do meu corpo estavam na ponta da língua da Marie, e ouvir o Lucas gemendo no meu ouvido enquanto eu fazia uma punheta desajeitada estava a ponto de me enlouquecer.

Puxei os cabelos da Marie com força para ela subir, porque era a minha vez. Estava esbaforida e vermelha, completamente desmontada. Me virei para beijar o Lucas antes de levantar e empurrar a Marie para a cama, tirando o que me restava do vestido com pressa. Me livrei do short dela de uma vez, desabotoei o sutiã chamativo e me deitei sobre ela. Estávamos as duas agora só de calcinha, e eu podia sentir o olhar do Lucas sobre a gente, mas naquele momento só uma coisa importava. Eu precisava chupar a Marie de novo, e JÁ.

Tanto tempo gasto naquela fantasia, tantas vezes eu tinha gozado sozinha pensando naquilo, em descer minha língua por cada cantinho dela só mais uma vez. Eu lembro de chamá-la de “boceta de mel” só para irritá-la na época em que a gente estava junta, mas a brincadeira tinha um fundo de verdade. Eu separei as suas coxas e comecei a chupá-la.

Devagar, tentando lembrar cada truquezinho que ela gostava. Ouvia os seus gemidos e a respiração entrecortada do Lucas, caprichando o máximo que eu podia no oral. Fiquei por ali um bom tempo.

Até ela gozar.

Ela segurou meu cabelo com força, arqueando o corpo para frente, se esfregando em mim, como fazia antes. Depois, desmontou na cama. Eu olhei para o Lucas, uma mão dentro do short, a camiseta no chão, os olhos arregalados, a boca inchada. Arqueei uma sobrancelha com aquele olhar de “fica esperto porque se eu realmente quiser eu roubo sua mulher”, antes de me livrar da minha calcinha e me deitar sobre o corpo suado da Marie. Sorri na boca dela antes de a gente se beijar mais uma vez, puxando os quadris para cima para que a gente pudesse colar velcro como se deve.

Me esfreguei nela, o corpo inteiro pulsando, e ela me abraçou, grudou inteira em mim. Cada investida dos nossos quadris um contra o outro me fazia ver estrelinhas, parecia que mundo inteiro tinha sido reduzido a nós duas, eu nem conseguia mais ligar o cérebro pra pensar em nada.

Mas aí, de repente, junto com todo o estímulo, senti uma língua deslizando na minha entrada. Gritei de leve, tentando entender o que estava acontecendo, quando percebi que o Lucas tinha se ajoelhado na cama e estava chupando nós duas enquanto a gente se esfregava.

Meu corpo quase desligou a chave geral quando a ideia se formou na minha cabeça. Parei o beijo, gemendo no ombro da Marie que não parava de arranhar as minhas costas. O Lucas apertava a minha bunda, meu clitóris beijando o dela enquanto ele ia beijando nas duas, e quando ele enfiou dois dedos dentro de mim não durei muito, não deu.

Soquei colchão com o punho fechado, gemendo alto contra a pele da Marie. Ela sorriu para mim, gemendo baixinho com uma careta. Provavelmente o Lucas não tinha parado.

– Acho que eu quero gozar de novo. – Ela sussurrou.

– Ah, é? – Eu respondi sem ar.

– Correção. Acho que eu quero que você me faça gozar de novo.

Eu ri de leve, deitando de costas na cama. A Marie se levantou, puxou o Lucas pelos cabelos para um beijo desastrado. Depois me deu um dos travesseiros. Eu mordi o lábio, tentando não rir porque o nível de endorfina estava meio ridículo naquele momento, ajeitando o travesseiro sob a minha nuca.  A Marie ajeitou os cabelos, respirou fundo e se ajoelhou em cima do meu rosto, as mãos segurando firme na cabeceira de madeira atrás de mim.

Eu segurei os quadris dela, fechando os olhos e passando a língua devagar por toda a extensão da sua vulva. Ela gemeu alto. Eu sabia que ela estava muito sensível, e também muito molhada; encharcada na verdade. Saber o motivo daquilo fez a minha cabeça rodar. Comecei a sugar o clitóris dela de levinho, antes de passear com a língua por ela inteira outra vez. Ia demorar um pouquinho para ela gozar de novo, então eu ia ter que fazer tudo com delicadeza. Ela gemeu quando o Lucas fez alguma coisa que eu não vi, e aí senti as mãos dele nas minhas coxas.

Um dos dedos dele me penetrou, curvando dentro de mim. Eu gemi abafado, surpresa com o choque de desejo que percorreu todo o meu corpo. Ele começou a fazer movimentos circulares com o dedão no meu clitóris, pressionando meu ponto G por dentro, e eu tive me concentrar bastante para não me atrapalhar toda no que estava fazendo. Ouvi um pacote de camisinha sendo aberto e ok, na verdade aquela era ideia era incrível e quando ele segurou meu quadril e deslizou pra dentro de mim de uma vez só eu tive que parar um pouco para não gritar.

Desse ponto pra frente durou muito pouco; estávamos os três sensíveis demais, depois de tempo demais. Lucas me comia com força, imprimindo movimento aos quadris a cada investida, enquanto a Marie tensionava o corpo na minha língua. Os dois estavam se beijando, eu podia ouvir, e eu desci um dedo para complementar o estímulo, sentindo minha vulva inteira contrair.

O Lucas foi o primeiro a gozar, com a série de estocadas fortes que puxaram o meu orgasmo. A Marie não demorou muito mais, gemendo alto e se esfregando em mim a cada onda. Caímos os três na cama, cada um para um lado. Os três exaustos, cobertos de saliva, gozo, suor.

– Bom, acho que todos o nossos colegas ouviram a gente transar. – A Marie desatou a rir.

– No caso de nós duas, não seria a primeira vez.

– Não mesmo. – O Lucas confirmou. Ele tirou a camisinha e eu estava lutando para manter os olhos abertos depois de toda aquela maratona sexual. Ele beijou a Marie, preguiçoso, os dois sorrindo um para o outro, os olhos brilhando de amor. E naquela hora eu senti uma fisgada por dentro, eu estava tão acostumada a estar só há tanto tempo, era tão rotineiro e natural, mas eu me perguntei como seria, ter alguém pra me beijar daquele jeito, me olhar daquele jeito.

A Marie veio me fazer uma conchinha, beijando meu ombro de leve e sorrindo para mim. O Lucas me ajeitou na curva do seu ombro, empurrando os cabelos lisos para longe da testa suada. Eu olhei para as pernas da Marie, as minha e as dele, um degrade de tons.  Era como se misturassem café com leite o resultado fosse a cor da minha pele, e uau, eu devia estar chapada ainda e nem percebi.

Pensei em estar de volta na Europa, vendo as fotos dos dois nas redes sociais, na estrada que nos levaria de volta a São Paulo na noite seguinte, nas pessoas que nos tornávamos, e a minha cabeça pesou. Um banho seria uma boa, mas minha mente apagou antes. Dormimos os três enrolados uns nos outros, a chuva fina ainda caindo lá fora.

Reencontro de faculdade – Parte 1

MENAGE
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Chegamos no tal sítio no início da noite. A Leila se perdeu no caminho, lógico, mas realmente o tal lugar era no meio do nada. E eu também nem dirijo, não teria chegado lá sem a carona dela, então.

Bom, é isso. Nem parece, mas realmente já estamos fazendo cinco anos de formados. A tal reunião começou a ser ensaiada meses antes, num grupo criado especialmente pra isso no WhatsApp. Sinceramente, não botei muita fé. Me pareceu aquelas coisas de “vamos marcar!”, que todo mundo se entusiasma mas nunca vai pra frente. Estava errada.

Das trinta pessoas da classe, parece que dezoito iriam, o que era bastante, considerando que muita gente tinha casado/tido filhos/mudado para o exterior (às vezes as três coisas juntas). Negociamos uma chácara em Bom Jesus do Meio do Nada, com todos os confortos; quarto pra (quase) todo mundo, piscina, varadão, até fogão a lenha.

Eu não podia estar mais animada. Se fosse minha turma de escola teria me horrorizado à perspectiva de ter que ficar frente à frente com meus algozes de adolescência de novo. Mas com o pessoal da faculdade, era diferente. Sempre me dei muito bem com eles – na verdade, me senti em casa pela primeira vez entre gente que tinha as mesmas paixões que eu e estava muito animada para rever todos. Tinha alguns amigos próximos da classe que encontrava com frequência, e outros que sempre via aqui e acolá, num bloquinho de carnaval que calhava de todo mundo colar, ou quando um post no Instagram levava a outro e a gente se juntava na Parada. Mas assim, todo mundo, como nos velhos tempos, ia ser a primeira vez.

E eu estava empolgada de verdade para saber o que cada um andava aprontando. Claro, sabia bastante por causa das redes sociais, mas não tinha tido a chance de realmente conversar com os colegas para saber – como andam os preparativos para o casamento, como está sendo o emprego dos sonhos, e aquela viagem pro Marrocos em 2014, conta dos detalhes.

Foi depois de muita polêmica no tal grupo de WhatsApp que decidimos pelo “banimento” dos respectivos de todos. O argumento era simples; primeiro que ia ser muito mais difícil encontrar um lugar grande o suficiente para praticamente o dobro de gente. Além disso, os @ todo mundo já via sempre, a ideia era passar um tempo com o pessoal da faculdade, como antes. Houve protestos. Muita gente queria que sua metade da laranja conhecesse o povo todo, o que resolvemos jurando que íamos marcar um bar na semana seguinte.

Depois de ter visto o fim de semana no sítio se concretizar, não me surpreenderia se realmente rolasse.

Mas enfim, que enorme digressão. O ponto é que eu estava feliz de passar três dias na companhia dos meus colegas de classe. E também estava solteríssima há anos, e não me importaria de fazer um revival com qualquer um dos meus ex contatinhos.

***

A primeira noite foi tranquila. Organizamos uns petiscos (Ludmilla levou várias opções veganas – “Eu e Thalita estamos 100% vegans há dois anos”), botamos logo umas dez garrafas de vinho pra jogo e lá fomos nós, colocar o papo em dia. O João Paulo tinha se mudado pra Sérvia, era sorte ele estar no Brasil. Tinha ido ficar com a namorada gringa, e estava trabalhando com animação. Tirou um pacote e tabaco e bolou um cigarrinho chique. A Fê tinha virado atriz. Tava fazendo um papel menor numa série da Netflix, e contou de vários projetos engatados. A Laura tinha pintado o cabelo de azul, e estava chefiando um departamento de quarenta pessoas. A Carol estava rodando o país com o seu filme, e tinha montado um coletivo feminista. O Diego tinha acabado de alugar um apartamento no centro com o namorado. Fizemos FaceTime com a Raíssa, em Madrid, que mostrou a barriguinha de oito meses.

Eu, bom, eu estava bem, dividida entre o Brasil e a Alemanha, tentando ganhar dinheiro escrevendo, um pouco menos adulta do que era de se esperar, mas ainda assim, bem. Depois da quarta taça eu estalei os lábios, o álcool já tirando meu filtro, pronta pra deixar escapar a pergunta que ficou na minha cabeça a noite toda, mas fui salva pelo gongo.

– Ah! – A Leila levantou, sempre com aquele ar de quem gerencia as coisas. – Precisa abrir o portão, o Lucas e a Marie chegaram. – E saiu arrastando as havaianas.

Houve um murmúrio geral na mesa, comentando sobre aquele novo casal, lembrando que eles não ficavam na época da faculdade, alguém indagou como tinha começado. Eu sabia a história por cima, às vezes encontrava com gente muito próxima deles, os seguia no Instagram, a gente sempre curtia os posts uns dos outros, mas a verdade é que não tinha estado com eles desde que o namoro começou.

Não vou mentir que sentia uma pontadinha de inveja sempre que via as fotos dos dois. Lindíssimas, a Marie sempre foi uma puta fotógrafa. E de verdade, os dois pareciam muito felizes. Conhecendo-os tão bem como os conhecia, me surpreendia que não tivesse acontecido antes.

Meu coração deu um mini pulinho quando eles chegaram na varanda, as mãos cheias de sacolas. A Marie estava de shortinho jeans, uma camisetinha que deixava à mostra seu braço recentemente fechado de tatuagens e a marquinha de biquíni (os dois tinham ido pra praia no fim de semana anterior, o Instagram me contou). Ela estava muito diferente; na época da faculdade ela usava dreads coloridos, se vestia de um jeito meio clubber, sempre com vestidinhos Neon e Melissas nos pés. Agora, os cabelos crespos estavam naturais, as pontinhas queimadas de sol, e usava cores sóbrias, jeans larguinhos, os cropped da moda, sempre deixando à mostra seu corpo cada vez mais escultural, graças ao pilates.

O Lucas também estava diferente. Usava uma bermuda curtinha, tinha os braços e pernas tatuados. Os cabelos muito lisos e pretos estavam num corte repicado e bagunçado, misturando à armação grossa dos seus óculos, as sardas se destacando na pele queimada de sol. Magrinho ele sempre foi, mas o tempo o fez encorpar, os ombros e braços mais musculosos do que eu lembrava.

– Gente, que calvário chegar aqui, socorro! – A Marie foi falando, sacudindo sua juba de cabelos bem cuidados. – Preciso de uma cerveja.

– Tamo no vinho, baby. –  O Diego logo se adiantou, alisando o bigodinho. – A Fernanda ensinou a gente a fazer sangria. Agora a gente é chique.

– Hmmm, muito bem. – Ela aprovou, servindo-se de um copo e passando ao redor da mesa para abraçar todos os presentes, com o Lucas em seu encalço. Quando chegou a minha vez, a gente trocou um olhar cúmplice.  – E aí?

– Eu aí?? – Eu devolvi com um sorriso largo, e a gente se abraçou. Não nos víamos há uns dois anos. Ela continuava linda. Na verdade, estava muito mais linda do que antes. Os anos a fizeram muito bem. Quando nos largamos, olhei para o Lucas, que baixou o olhar, mordendo os lábios e deixando as covinhas aparecerem num sorriso tímido. Foi uma lembrança gostosa; eu tinha esquecido que ele sempre fazia aquilo.

– Como cê tá? – Ele perguntou, me abraçando. – Como tá a Europa?

– Tá lá, gelada. – Eu ri. Podia sentir a tensão da galera nos observando interagir. Tá, tá, gente, já temos todos quase trinta, podemos agir de acordo, por favor?

Mais tarde, quando eu e Diego nos preparávamos para ir dormir no quarto que iríamos dividir pelos próximos três dias, ele me perguntou a queima-roupa:

– Esse revival aí, hein? Tá todo mundo de olho nesse triângulo.

– O quê? Imagina, eu não vejo nenhum dos dois há anos.

– Sei. Cê pensa que eu não vi o jeito que eles olharam pra você, né? Tá bom. – Ele disse em tom de quem encerra a conversa, afofando o travesseiro da sua cama de solteiro.

***

No dia seguinte, me diverti como não me divertia há anos. Passamos o dia na piscina, aplacando o solão de rachar. O Diego passou o tempo todo tirando fotos das pessoas e criando memes em cima, que iam ficando cada vez mais engraçados conforme a gente ia bebendo. Meu senso de humor tão estranho de repente estava em casa; era incrível sentir que embora cada um em um canto, muito das nossas personalidades tinha se formado em conjunto.

Tudo transcorreu sem maiores incidentes, a atmosfera amigável e tranquila. O Lucas e a Marie se comportaram muito bem, tirando algumas piadinhas aqui e ali, não pude notar nenhum flerte da parte deles. Parte de mim ficou decepcionada, não vou mentir, mas os dois estavam tão lindos juntos, tão em sintonia, que sei lá, dava até medo de estragar, então achei melhor assim.

Porém, no fim da noite, depois dos banhos revezados, do jantar e de muitos drinks, sobramos no sofá, eu e o Lucas. A Marie tinha ido sei lá onde; muita gente já tinha ido dormir, mas ainda sobrava uma rodinha de pessoas ouvindo música enquanto caía uma chuvinha fina. Eu tinha me concentrado num ponto entre as telhas há horas; viajando sobre como ia ser voltar para Berlim e lembrar daqueles momentos, essas coisas que eu acabo pensando sempre. Suspirei, o corpo todo molenga. Na outra ponta do sofá, o Lucas tirou os óculos e esfregou os olhos.

– Nossa, bateu. – Ele disse, rindo de lado.

– Né? Jesus.

Eu olhei bem pra ele, enquanto ele passava a mão pelos cabelos bagunçados, as covinhas das bochechas à mostra, e aquele tom de voz doce que sempre mexeu comigo. Naquela hora me perguntei por que raios eu tinha perdido tanto tempo com cafajestes, se é dos intelectuais tímidos charmosos sensíveis que eu gosto de verdade.

De repente a Marina voltou para a varanda, um copo de caipirinha na mão, um shortinho indecente de minúsculo. Ela fez menção de sentar no colo do Lucas, olhou pra mim, sorriu, e sentou no meu.

– Aaaai que saudade da minha ex! – O João Paulo gritou.

– Aí você tem que ver qual ex de quem né? – O Diego comentou, uma sobrancelha levantada. Eu passei uma das mãos pela cintura dela, a outra repousei na sua coxa. O cabelo dela estava com um cheirinho muito bom de shampoo (mas na verdade não devia ser, já que há anos ela era adepta do low poo).

O Lucas estava vermelho que nem pimentão, esse tonto. A Marie me deu um golinho do drink, só pra provocar mais.

– Vixe. – Eu disse, rindo. Sabia que ela adorava aquele tipo de joguinho, inclusive já tínhamos flertado muitas vezes depois de terminar e quase nunca o flerte terminava em algum lugar. A Marie era como eu; adorava a atenção.

O Lucas foi o primeiro casinho que eu tive na faculdade. Nos pegamos logo na primeira festa. Na época, ele tinha os braços despidos de tatuagens e os cabelos curtos. Daí sempre que tinha um rolê a gente acabava ficando. Por fim as coisas se tornaram menos esporádicas, e a gente começou a se pegar mais sério, nos beijar nos banquinhos da faculdade entre as aulas, passar os intervalos de almoço estirados nos gramados da praça do relógio, eu arrumando trouxinhas para ir dormir no apartamento dele em Pinheiros depois da aula.

Durou uns três, quatro meses, depois arrefeceu. Era o começo da universidade, muita novidade, muita coisa pra fazer, nós dois tínhamos que nos descobrir, não deu. Continuamos amigos, sempre nos demos bem e seguimos a vida.

Com a Marie, foi mais sério.

Nos aproximamos no início do segundo ano. Começamos a fazer muitos rolês juntas; em toda festa a gente estava. A gente se dava muito bem; era tudo natural entre a gente. De amigas de copo, passamos para amigas da vida. Os domingos largadas nos sofás uma da outra, virando madrugadas juntas editando aquele trabalho. Um dia bebemos demais num happy hour. Fomos para minha casa. Uma coisa levou à outra e não paramos mais.

Ficamos por quase um ano; nunca oficializamos nada. Eu me apaixonei por ela. A falta de um título de namorada significava muito pouco. Estávamos sempre juntas, compartilhávamos tudo. Mas não foi muito fácil. Às vezes eu queria mais; e ela não queria. Às vezes era o contrário. Tinha muita coisa acontecendo. Ela foi fazer um intercâmbio de um mês. Quando voltou, num acordo silencioso, tínhamos terminado.

Foi estranho por um tempo, depois voltamos a conversar. Mas a amizade de antes, não conseguimos retomar mais. Eu sempre pensava nela com carinho, me perguntava se um dia íamos conseguir ser tão íntimas quanto antes. O engraçado é que, pra quem via de fora, não dava pra imaginar ela e o Lucas juntos no primeiro ano. Eles sempre se deram bem, faziam parte da mesma turma, até já tinham se dado uns pegas aleatórios numas festas, mas nada além disso.

Foi só depois da faculdade, que eles se reencontraram, se reapresentaram, se apaixonaram. E era louco ver como os dois evoluíram para se encaixarem direitinho um no outro; ele estava mais confiante, mais seguro, sem nunca perder aquele jeitinho manso. Ela estava mais madura, mais focada, mas continuava com a presença exuberante de sempre.

A tensão era palpável. Eu podia sentir que estava todo mundo olhando para nós duas; o Lucas, nossos amigos. Muita pressão pra mim, não tem manual pra saber como agir quando você tem que lidar não só com um, mas com dois ex no mesmo lugar.  Ainda mais quando eles estão juntos.

Nessa hora, por milagre, começou a tocar o funk hit do momento. Eu levantei correndo e a tensão se dissipou. Logo eu e a Marie começamos a ir até o chão, e a Laura se juntou a nós duas. Tudo muito divertido e inofensivo, mas eu podia sentir o olhar do Lucas queimando na minha pele enquanto eu dançava, podia sentir a Marie colocar as mãos na minha cintura por um pouquinho mais do que a coreografia pedia.

Eu decidi que ia precisar me entorpecer mais se queria passar por aquela situação e me manter sã. Gritei que era hora dos shots, virei duas tampinhas de vodka de uma vez. Depois, fui pro banheiro, checar a minha cara, tomar um ar, lavar o rosto, sei lá. Quando eu voltei, Marie, Laura e Diego estavam se acabando na Paradinha. Eu sacudi os cabelos, respirei fundo e me juntei a eles.

Quando a música acabou,começou uma mais lenta, de sarração, que eu não conhecia. A Marie se virou para mim, colocou as mãos na minha cintura e a gente começou a rebolar. Eu estava tentando rir como se nada estivesse acontecendo, mas aquilo era covardia, sinceramente. Ela estava muito próxima de mim, aqueles olhões cor de mel penetrando a minha alma. Eu virei para o Lucas, meio desesperada.

– Cê tá vendo isso, né?

– Tô, sim. – Ele disse com um sorriso de lado filho da puta, como quem diz, não só tô vendo como to gostando. Ai, meu deus. Eu fechei os olhos, só rezando para os dois não estarem brincando comigo, porque aquela ideia já tinha cruzado a minha mente antes, e não tinha como negar que eu estava ficando cada vez com mais vontade.

A Marie me virou de costas pra ela, agarrou minha cintura e a gente foi dançando devagar. Daí ela afastou as mechas do meu cabelo e deu um beijo na minha nuca. Ok, isso aí já é falta. Não dá pra brincar desse jeito e ela sabe. Deixei o arrepio percorrer o meu corpo e voltar, e me virei, disposta a tomar as rédeas da situação de volta pra mim. Ou eles iam até o final ou o chove-não-molha ia parar por ali.

Ela passou a língua pelos lábios em forma de coração, arqueando as sobrancelhas perfeitas, nossas testas coladas. Não tirava os olhos de mim e naquele olhar a gente trocou mil confidências, lembramos dos velhos tempos, contamos muita coisa. Eu estava há tanto tempo tão sozinha, tão acostumada à minha independência e solidão, e de repente me vi de novo naquele olhar, toda aquela cumplicidade que a gente teve um dia, como se a gente tivesse terminado ontem.

Quando ela me beijou, segurou as laterais do meu rosto com as mãos. Meu coração estava acelerado, minhas mãos dormentes, como há muito tempo eu não sentia. Podia ouvir as exclamações dos amigos enquanto ela me empurrava para a parede mais próxima, mas a minha mente se desligou do resto do mundo. Nos enfiamos numa bolha à medida que o amasso se intensificava, minhas mãos seguindo da nuca dela para sua cintura, num daqueles beijos que é bom de primeira, que não dá vontade de parar.

Mas paramos. Quando eu abri os olhos, fazendo força para voltar do abismo de sensações no qual eu estava totalmente absorta, o Lucas estava atrás da Marie, olhando diretamente pra mim.

CONTINUA

 

O conto da mocinha solteira

bli
Fonte

Entrei em casa derrubando tudo. Cacete, cacete, cacete, era pra eu estar fazendo silêncio! Consegui entrar no quarto sem maiores estragos, tirando a roupa toda na maior aflição, essa blusa pinica, essa calça aperta, e foda-se, não vou tirar a maquiagem porque não é todo dia que dá pra gente ser um bom adulto.

Quando eu deito na cama, o mundo inteiro gira. Ok, ok, tudo bem, eu só preciso respirar devagarzinho. Meus ouvidos ainda estão zumbindo, reverberando o techno que eu ouvi a noite inteira, lá fora a luz do dia chegando preguiçosa e tímida. Luxo é saber que posso dormir até tarde amanhã. Não era exatamente a vida que eu imaginei que teria a essa altura, mas também não está ruim, aceito o que vier, tá de bom tamanho.

Reviro na cama, o álcool deixando minha pele febril. Estou cheia de energia demais para conseguir apagar, o corpo pulsando ainda, todo elétrico. Bom seria se eu tivesse trazido alguém pra casa, mas eu ando 100% sem saco pra essas conversas idiotas, todas as últimas vezes terminei querendo expulsar o fulano da cama, e além disso é sempre uma decepção mesmo, melhor ficar com a minha mão, que não tem contraindicações nem torra minha paciência.

Falando nisso.

Um suspiro sai trêmulo, um dedo alcançando a barra da minha calcinha fio dental. Caralho, esse cheiro de cigarro só sai do meu cabelo ano que vem. Tá, concentra. Separo bem as pernas, deixando o indicador passear por cima da renda, o toque suficiente para me fazer contrair de levinho – devo estar perto de ovular ou coisa assim, porque esses dias até se o pano da calça roça de um jeito mais tchan na minha perna eu já fico morrendo de tesão.

Em um minuto enfio a mão por dentro da calcinha. Já estou um pouquinho molhada, e dá um choque quando toco o meu clitóris bem de leve. Passo os dedos da minha entrada para o restante da vulva, lambuzando tudo, antes de achar o ponto certinho com o dedo médio.

Coordeno os movimentos circulares com as voltas que a minha cabeça alcoolizada dá, devagar, fechando os olhos sentindo o mundo girar novamente. A zonzeira dessa vez não me causa enjoo, só deixa mais fácil de desconectar da realidade, e minha mente começa uma peregrinação pelos arquivos guardados nas gavetas de “fantasias”.

Aquela vez que um cara meteu a mão dentro da minha saia enquanto a gente se pegava contra a parede da boate, aquele gif de squirting que eu vi outro dia no Tumblr, aquela menina que eu vi outro dia no metrô,  quando eu gozei me esfregando na minha ex-namorada, quando o ex-crush disse que queria me ouvir gemendo pra ele, quando eu fiquei sarrando no colo do meu ex ex dentro da piscina na frente de todo mundo…

Opa, opa. Não, espera. Ex errado. Até abro os olhos, chacoalhando a cabeça; sai demônio.

Tá, vamos retomar o raciocínio. Fecho os olhos, lembrando da sensação exata da língua de um peguete que por milagre era bom de oral. De-lí-cia quando ela deslizava devagarzinho dentre os meus lábios, quando ele fazia um biquinho e começava a sugar o meu clitóris sem pressa, separando os dedos dentro de mim, pressionando bem nos lugares certos, ele nunca parava, até eu gozar. Daí geralmente me virava de quatro, me fazia arrebitar bem a bunda, e antes de começar a me comer, me acertava um tapa que quase sempre me deixava marca. Nossa, deu até vontade mandar um “oi sumido” agora.

Tinha também aquela menina com quem eu nunca transei, e como me arrependo. A gente ficava se beijando por horas, ela tinha boca em formato de coração, usava sutiãs com bojo daqueles que desabotoam na frente, e eu adorava colocar as duas mãos por dentro da blusa dela, desfazer o fecho, porque ela sempre gemia muito gostoso quando eu beliscava os mamilos dela, sempre ficava muito molhada quando eu a tocava, abrindo as pernas e deslizando na parede, puxando meus cabelos. Que frustração nunca ter sentido o gosto da boceta dela, nem ter colado ela na minha, aposto que devia ser macia que nem o resto do corpo inteiro…

Eu paro um pouquinho, fico de bruços na cama, levanto os quadris. Agora eu tô muito molhada de verdade, meus músculos pulsando em pequenos espasmos. Geralmente eu tento evitar, mas com a percepção melada de álcool e tesão desse jeito, fica difícil. Como um ímã, meus pensamentos são atraídos para você, aquela vez que você estava me comendo de quatro no chão do seu quarto no meio de um ménage e eu secretamente só conseguia pensar “caralho eu amo dar pra você, podemos fazer isso de novo, podemos fazer isso pra sempre“, ou na primeira vez que você gozou na minha boca, seus gemidos estrangulados e fora de controle, ou você algemado na minha cama, teimando em se mexer, choramingando baixinho depois de eu ter te acertado um tapa e mandado ficar quieto;

– Mas eu não consigo ficar quieto!

Minha mão esquerda chega para o reforço, brincando ali de levinho na minha entrada, as pontas dos dedos penetrando só um pouquinho. Uma onda de adrenalina parte do meu ventre e desce pelas minhas pernas. Eu tô perto. O suor pingando das suas costas quando você se enterrava tão fundo dentro de mim que parecia que ia se perder lá, todas as vezes que você me comeu exatamente assim, segurando meus quadris enquanto eu me debatia de bruços na cama, sentindo cada centímetro do seu pau entrando e saindo, me contraindo ao seu redor e perguntando sem coordenação se você estava sentindo, se conseguia sentir, que eu estava gozando pra você, estava gozando no seu pau…

Não deu pra segurar. O orgasmo me atravessou de cima a baixo como um raio, eu me esfreguei na cama e deixei escapar uma torrente de obscenidades chamando o seu nome, meu cérebro completamente dominado.

Trêmula, abri os olhos, e rompeu-se a bolha erótica. Minha boca estava realmente seca, eu tremi só de pensar na ressaca do dia seguinte. Com os músculos relaxados, deitei na cama, esperando que dessa vez eu conseguisse dormir a noite inteira. Antes de apagar só pensava que bom, ainda bem que pelo menos na fantasia a gente pode fazer tudo que quiser.

 

Sinestesia

O conto abaixo foi escrito para a primeira Tertúlia Erótica da SESLA que rolou ontem em Coimbra. O tema do evento era os cinco sentidos e eu fiquei super honrada com o convite! Teve leitura dramática do conto juntamente com o restante da programação e eu fiquei muito feliz de ter contribuído. Espero que gostem e não esqueçam de curtir a página da SESLA no Face para ficarem por dentro dos próximos eventos!

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Visão

A culpa é minha. Deve ser, afinal, eu que quis vir. Acontece que eu também tenho direito de me divertir. Só que fica meio difícil, quando ele não tira os olhos de mim. O jantar inteiro foi assim. Parece que é de propósito, parece que ele gosta de me ver assim, tremendo na cadeira por causa dele.

Se eu vou querer mais vinho? Sim, por favor, pode encher. Minha visão já tá ficando meio borrada e ainda assim eu consigo sentir os malditos olhos dele em cima de mim. Será que ninguém mais percebe? Será que eu estou ficando doida? Eu tô tentando concentrar no papo que tá rolando do outro lado da mesa e eu sinto o olhar dele me queimando. É quase como se ele conseguisse fulminar o fecho do meu sutiã, e do jeito que esse vestido é decotado a mesa inteira ia ver meus peitos.

Talvez seja coisa da minha cabeça. Afinal, ele está sentado na minha frente, para onde mais ele iria olhar? Eu respiro fundo pra criar coragem, correndo os olhos pela superfície da mesa. Tigela, pãezinhos, cinzeiro, vela, garfo, faca. Quando eu levanto o olhar, ele está me encarando de frente. O olhar dele é constrangedor. Ele sorri de canto de boca, um sorriso mínimo, quase imperceptível, antes de baixar os olhos pelo meu pescoço, pelo meu colo, pela curvinha do decote. É como se minha pele tivesse sido lambida por uma labareda, eu juro que dá para sentir o caminho que os olhos dele estão fazendo.

Eu viro o restante do vinho. Puta calor aqui, hein? Ajeito o vestido para o decote não ficar tão sem vergonha, e ainda assim ele não. para. de. olhar.

Paladar

Hora da sobremesa. Hora do xeque mate. É agora ou nunca. Eu sei que ela está me olhando quando eu me sirvo de um morango. Escolho um bem maduro, bem vermelho, bem suculento. A pontinha da minha língua passa pela pontinha da fruta. Ela arregala os olhos quando percebe o que eu estou fazendo. Vou passando a língua em círculos bem devagar, sem tirar os olhos dela. Ela está tão corada que até o seu colo está ruborizado, o prato de sobremesa cheio de frutas intocado. Eu passo a chupar a pontinha do morango Os outros continuam a conversa animada na mesa, sem notar o que a gente está fazendo.

Eu quero que ela saiba que é isso que eu quero fazer com ela. Não tiro nunca o morango da boca, só um pedacinho, até ele estar começando a derreter. Como eu queria que fosse o clitóris dela se enrijecendo contra a minha língua, eu tenho certeza que ia ser tão, tão mais gostoso, só de imaginar o gosto da boceta dela meu pau fica duro. Os nós dos dedos ela estão brancos de segurar a borda da mesa com força, e eu sei que ela pode sentir, porque eu posso sentir também, e quando eu fecho os olhos porque não aguento mais a textura do morango muda, se torna lisa e escorregadia e dá pra sentir, dá pra sentir o calor do corpo dela contra o meu rosto, ela se contorcendo na minha boca enquanto eu chupo devagar, devagar, bemmm devagar porque eu quero aproveitar cada gotinha, quero sentir o gosto de cada cantinho e dobrinha, pensar em tê-la pra mim deixa o meu pau latejando dentro da cueca.

Quando eu mordo o morango ele explode na minha boca, uma bagunça, e que delícia seria poder me lambuzar nela desse jeito, vou me embrenhando como eu queria me embrenhar nela, ir devorando e abrindo ela todinha pra mim, puta que pariu, eu quero fazer ela gemer, eu quero que ela sinta o tesão que eu sinto toda vez que ela está por perto, eu quero ela sentando na minha cara, gozando na minha língua e…

Eu abro os olhos. Ela está com cara de quem está sem respirar há muitos minutos. O sumo da fruta está escorrendo pelo meu queixo, tem gosto de gozo, e eu não sei como ninguém mais notou o que acabou de acontecer.

Tato

Eu pisco para ver se meu cérebro pega no tranco. Olho ao redor pra checar se ninguém percebeu, mas está todo mundo absorto num assunto qualquer. A renda da minha calcinha esta tão encharcada que grudou no vestido, e por um momento de pânico eu penso que posso ter manchado a cadeira. Me ajeito no assento. Puta que pariu, tô tão molhada que é até desconfortável. Eu estou um pouco trêmula, meu corpo sentindo pequenos choques como se quisesse a língua dele de volta em mim. Como isso é possível?

Bom, se é assim que vai ser, também sei brincar. Mais um pouco de vinho, e me sirvo de uma uva. Ele recosta na cadeira, com uma cara safada que me dá vontade de acertar um tapa, sabendo exatamente o efeito que ele tem sobre mim. Eu levo a fruta à boca, estourando contra o meu céu da boca, aproveitando para umedecer o indicador na saliva, antes de checar se todo mundo continua distraído e descer a mão pelo meu corpo, separando a fenda do vestido estupidamente curto. Ele fica boquiaberto quando percebe o que eu estou fazendo.

O quê, ele achou que só ele fosse capaz de surpreender?

Passo a pontinha dos meus dedos pelo alto da minha coxa; minha pele está fervendo. O toque de leve me fez arrepiar, todos os meus nervos tão eletrizados que a resposta é instantânea. Quando eu alcanço a barra da calcinha sinto a umidade através do tecido, passeando os dedos de leve por ali, me contraindo tanto que eu chego a me encolher na cadeira.

Ele continua de queixo caído, observando incrédulo enquanto eu toco uma em plena mesa de jantar. Eu tô tão excitada que chego a ficar tonta, quase não resistindo à provocação, quase puxando a calcinha pro lado e me tocando até em gozar na frente de todo mundo, gemendo bem alto, chamando o nome dele pra todo mundo saber quem é responsável por eu perder a compostura desse jeito.

Eu grudo as costas no encosto da cadeira, abrindo mais as pernas, olhando para ele por detrás da pálpebras semicerradas, respirando devagar enquanto vou aumentando a pressão dos meus dedos, fazendo movimentos circulares bem lentos. Logo eu enfio a mão dentro da calcinha, me tocando do jeito que eu já sei fazer, e mordendo meu lábio para não deixar nenhum gemido escapar.

Ele corre os olhos arregalados pelo meu corpo, o vestido afrouxando no meu decote, com uma expressão de desejo que beira o pânico. Depois derruba o guardanapo no chão, agachando debaixo da mesa para  pegar.

Eu separo as pernas.

Sei que minha calcinha é transparente.

Sei que ele consegue ver tudo.

A situação só aumenta o meu torpor e eu puxo a calcinha para o lado com um dos dedos me expondo completamente, antes de largar o elástico.

Ele emerge de novo na cadeira, pálido. Eu paro que eu estava fazendo. Parece que a bolha erótica estourou e de repente estamos muito conscientes do que está acontecendo.

Audição

Meus ouvidos estão zumbindo. Eu não consigo acreditar no que acabou de acontecer, no que eu acabei de ver. Só lembrar faz meu pau pressionar o zíper da calça. Minha vontade era de arrancar aquela calcinha, rasgar em duas,e começar a chupar ela debaixo da mesa mesmo.

Eu pisco algumas vezes, pra ver se o aturdimento vai embora. Meu pau tá tão duro que até dói. Eu vejo ela toda corada na minha frente, os lábios vermelhos, linda, ela é tão linda e eu não imaginei, dessa vez ela realmente me surpreendeu, e eu preciso fazer alguma coisa, não dá mais pra esperar um segundo.

Pensa rápido, pensa rápido.

– Puta, olha só o que eu fiz… Derrubei vinho na minha calça.

– Ih, tem que limpar logo senão mancha.

– Tem uns shorts do Marcelo lá dentro, daí você já coloca de molho.

– Eu sei onde está. – Ela diz, a voz trêmula no começo, mas se firmando depois. – Te mostro.

Eu levanto com as mãos escondendo a suposta mancha, que na verdade é a minha pica querendo explodir dentro da calça. A essa altura já liguei o foda-se se eles estão percebendo ou não. Ouço os passos dela atrás de mim, fechando a porta da quarto.

– Você enlouqueceu e tá me enlouquecendo junto. – A bronca obviamente perde um pouco do efeito com os acontecimento recentes.

– Só falta agora você continuar fingindo que não quer. – Tá na cara que nós dois estamos à flor da pele, uma mistura de tesão com raiva que está borbulhando há tempo demais.

– Querer é lógico que eu quero, só que não está certo.

– A gente já foi longe demais agora.

– Para…

– Não. Eu não vou parar. Eu tava a ponto de te colocar de quatro na mesa e te comer na frente de todo mundo. Você tava se tocando, toda molhada por minha causa e eu quero sentir. Eu quero provar. – Ela sacode a cabeça.

– Isso é loucura.

– A gente já parou de resistir faz tempo. – Ela suspira, derrotada. Eu tô com vontade de ver ela chorar só pra ter certeza, certeza, que ela sente a mesma coisa que eu, mas eu sei que sim, eu sinto que sim, eu vi. – Você sabe.- Ela enterra o rosto nas mãos e eu tiro elas de lá imediatamente, prendendo na porta atrás dela. Ela está tão perto, muito mais perto do que jamais esteve, e eu juro que ainda tenho o gosto do gozo dela na minha boca, misturado com o morango. – Deixa eu sentir. Eu quero sentir o quanto eu te deixei molhada com a minha língua agora há pouco.

– Para, a gente tem que voltar. – Ela se vira para ir embora mas eu prendo ela na porta de novo.

– Quando eu vi. – Eu começo, afundando o rosto no pescoço dela, e quase sem reconhecer minha própria voz, que está saindo num grunhido. – Eu queria rasgar a sua calcinha, queria rasgar o seu vestido, queria te fazer sentar na minha cara até você me implorar pra eu parar de te chupar porque você não aguenta mais. Eu quero tirar a sua calcinha agora, deixa, por favor… – Um gemido escapa, porque só de pensar, só de pensar eu tô quase a ponto de perder o juízo, meu pau já melou minha cueca inteira. Ela geme baixinho em resposta e eu colo nossos corpos, e aí a gente geme junto, minhas mãos descendo pelo vestido dela, apertando com força, os peitos, a cintura, o quadril, caralho, eu quero arrebentar esse pano todo AGORA.

Gemo de novo quando aperto a bunda dela por debaixo do vestido, e passo meus dedos pela calcinha. Parece que eu esqueci de respirar enquanto desço a calcinha até os joelhos, acho que eu tô prestes a desmaiar porque todo o meu sangue desceu pro meu pau.

Olfato

Já esqueci de tudo, acho que até do meu nome. Ele morde o lóbulo da minha orelha, ainda sussurrando indecências, mas o discurso está cada vez mais embolado e sem sentido. As mãos dele sobem me apertando por cima do vestido, antes de desamarrar o fecho e abri-lo. Ele desabotoa meu sutiã e em mais ou menos três segundos estou praticamente nua, minha calcinha prendendo minhas pernas na altura dos joelhos.

E a única coisa que eu consigo sentir é o cheiro dele, aquele cheiro que ele sempre fica impregnado em mim quando ele me cumprimenta, aquele cheiro daquele moletom que ele me emprestou uma vez e eu nunca devolvi, aquele cheiro que pra mim é cheiro de sexo, de desejo, de pecado. Eu estou tremendo da cabeça aos pés, de adrenalina e tesão, tudo misturado.

Ele morde o meu pescoço com força, se esfregando em mim, e eu puxo ele pra mais perto, se tivesse como acho que a gente se fundia. Ele me vira de volta pra ele, e eu estou completamente entorpecida.

– Me diz que você me quer também. Eu preciso ouvir.

Eu resgato o último fio de voz que tenho pra responder.

– Eu quero.

FIM

Noite de semana

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Fonte

Às vezes os dias perfeitos não são aqueles em que a gente ganha uma promoção no trabalho, passa no vestibular, é pedido em casamento. Às vezes um dia perfeito é só aquele em que eu conseguir entrar em casa minutos antes do temporal de verão cair, tomar um banho para tirar o suor e o mormaço de um dia quente do corpo, e sair relaxada, com os cabelos molhados e a pele fresca, pra entrar no quarto cheirando à chuva e te encontrar na cama, concentrado num livro.

Eu me aconchego a você. Os últimos dias foram corridos, faz um tempinho que não temos uma noite para nós. O ar finalmente está mais fresquinho depois de um dos dias mais abafados do ano. Você está só de cueca, cheirando a sabonete, a pele ainda quente do banho que você tomou antes de mim. Eu te abraço pela cintura, afundando o rosto na sua nuca.

– E aí, o livro tá bom?

– Uhum, acho que amanhã eu termino. – Eu não resisto à extensão da sua pele na minha frente e cravo uma mordidinha no ombro, te arrancando um ronronado. Você larga o livro no criado-mudo, virando o corpo para me encarar. Minhas mãos ficam passeando pela extensão das suas costas, enquanto você segura meu rosto com as mãos e me beija.

Sua boca tem aquele gosto de algum doce de infância que eu não consigo nunca identificar qual é, e eu não resisto a morder de novo, porque é bom demais te morder. É engraçado que eu sempre achei o seu beijo febril, mas agora parece que a temperatura anormalmente alta se espalhou pelo seu corpo inteiro.

Era para ser só um beijinho, mas você segura meu rosto nas suas mãos daquele jeito que você sabe que eu adoro, e quando você enfia a mão debaixo da minha blusa de pijama eu me arrepio inteira. O toque das duas mãos na minha pele causa uma reação elétrica, um choque que deixa meu corpo inteiro vibrando, como se fosse um motor em baixa frequência.

O beijo se aprofunda e eu vou derretendo. É sempre assim, mesmo depois de tanto tempo. A sensação de estar com você é de um tiro de pó com umas dez doses de tequila e uma cartela de doce, tudo ao mesmo tempo, num coquetel pra ser injetado na veia.

Minhas mãos estão grudadas no seu torso e a gente ainda não parou de se beijar por um segundo. Mas quando você me puxa pela cintura e nos cola dos ombros às pontinhas dos pés, eu preciso quebrar o beijo para gemer baixinho e buscar ar – porque parece que eu estou sufocando.

Em pouco tempo meu pijama está no chão e eu dou um gemidinho de frio só de manha – afinal, está um calor do inferno. Você cobre o meu corpo com o seu e quando seus dedos alcançam a barra da minha calcinha, minhas unhas já estão cravadas nas suas costas. Você começa a me tocar com a perícia de quem conhece todos os meus cantinhos, mas sem querer chegar lugar nenhum – de um jeito preguiçoso só pra me deixar com vontade. Sua testa está colada na minha, e o jeito que você me olha me faz sorrir. Quando você sorri de volta eu sinto um formigamento estranho por dentro. Estar apaixonada assim é tão esquisito. É como se tivesse uma bola de borracha no meu peito e ela fosse ficando maior até querer explodir tudo pra sair.

Você leva os dedos à boca, fazendo cara de quem provou algo delicioso, antes de colocá-los nos meu lábios para me fazer chupar também. Eles se demoram no cotorno na minha boca antes de descerem mais uma vez, mas eu cansei dessa tortura mansinha. Agora é minha vez. Eu te jogo te volta na cama, separo suas pernas, descendo a cueca de uma vez e dando um mordidinha na sua tatuagem abaixo do umbigo.

Adoro quando você geme logo que eu começo a te chupar, puxando os cabelos na minha nuca de leve enquanto eu faço um boquete sem pressa, que a gente tem a noite toda para aproveitar. Eu vou mais fundo, o mais fundo que dá, bem devagar, aumentando o ritmo aos poucos. Quando você começa a se empolgar, eu paro, fazendo uma punheta bem lenta, enquanto me delicio nessa expressão safada que você guarda só pra esses momentos.

Suas pernas relaxam e se abrem enquanto voce impulsiona seu quadril de leve, quase sem perceber, a respiracao entrecortada. Eu te chupo mais um pouquinho antes de descer, torturando a parte sensivel do interior das suas coxas, descendo mais e mais, mordendo a curvinha da sua bunda de leve.

Você geme e eu aproveito para lamber a pele por ali, te fazendo tremer com o choque, explorando a área com a língua antes de ir ao que interessa; afasto mais suas pernas, indo direto a ponto para comecar um beijo grego lento e carregado de tesão.

Com certeza está na minha lista de MELHORES COISAS DA VIDA ouvir a sua primeira reação sempre que eu faco isso. Eu nunca me canso. Eu conheco todos os seus detalhes e curvinhas, a receita exata pra te fazer perder completamente o controle, e eu amo a nossa intimidade.

Alguns minutos e você está se contorcendo contra os lençóis, murmurando coisas sem sentido enquanto puxa meu cabelo descoordenamente. A brincadeira já está mais que divertida – mas aí eu me lembro de uma coisa da qual a gente sempre falou – mas nunca realmente fizemos.

Minha língua te penetra devagarzinho – só a pontinha, so pra provocar. Arranho a superfície da sua coxa e agarro o seu pau com firmeza, masturbando devagarinho, continuando a invasão preguiçosa. Você relaxa na cama, os músculos se dissolvendo da tensão pra me dar mais acesso – É, acho que agora é uma boa hora.

Eu seguro o seu quadril com a mão livre, apertando pra te fazer virar de bruços. Mordo mais uma vez – só porque você tem uma bundinha bem linda e é difícil resistir. Depois, sopro de levinho, dando risada quando você se arrepia porque você é tão previsível, e parto para o ataque.

Sempre tão gostoso ver como você se desmancha na cama toda vez que eu faço isso. Você arfa e pede mais, esfregando o seu pau nos lençóis. Eu subo, beijando as covinhas das suas costas.

– Sabe o que eu estava pensando?

– Em voltar a fazer o que você estava fazendo? – Você responde, sem ar. Eu dou uma risadinha.

– Não. Em fazer aquilo que a gente sempre teve vontade. – Eu mordo o lábio, porque mal consigo conter a antecipação. – Eu te comer.

Você vira pra mim, o rosto afogueado, cabelos bagunçados. Eu levanto uma sobrancelha, como quem diz “e então”?

– Vamos. – E seus olhos brilham de animação também. Eu quase pulo da cama, alcançando a nossa gaveta de brinquedinhos e escolhendo um vibrador médio. Vamos começar modestamente.

– Tá. Me avisa se machucar que eu paro. – Você acena que sim, com cara de criança que vai estrear um brinquedo novo. Eu volto a ajoelhar na cama, plantando beijinhos na lateral da sua cintura, descendo devagar.

Retomo o que eu estava fazendo, lambendo a sua entrada devagar, penetrando de levinho. Quando eu vejo que você já se desconcentrou de novo, levo um dedo para ajudar no processo, pressionando até a resistência ceder.

A prática não é incomum – já estamos acostumados a fazer sempre, mas nunca fomos além disso e eu tenho receio de não fazer alguma coisa direito e te machucar. Eu curvo o dedo dentro de você, sorrindo quando vejo que te provoca um gemido. Bom, pelo menos isso eu não esqueci como fazer.

Depois de um tempo introduzo mais um dedo e continuo até sentir que seus músculos relaxaram o suficiente. Alguns segundos lutando para abrir a camisinha com dedos trêmulos, uma quantidade generosa de lubrificante, e forço a entrada com o vibrador de levinho no começo, testando a sua reação.

Você geme de novo – dessa vez estrangulado, e eu mordo meus lábios porque se essa não é a situação mais excitante em que já estive com certeza está no top 5. Eu ajeito a posição do vibrador e começo a ir mais fundo. Você afunda o rosto no travesseiro, e eu me pergunto por que raios a gente ainda não comprou o espelho gigante que a gente sempre fala em comprar porque eu daria tudo pra ter uma visão panorâmica de você de quatro na cama enquanto eu te como assim.

– Mais. – Você sussurra estrangulado, quase rasgando a fronha. A essa altura, você já está praticamente transando com o colchão, então eu te viro e desço a língua pelo seu torso pregado de suor. E já que é pra fazer direito, na hora em que eu tomo a sua glande na boca, ligo o vibrador.

A posição exige bastante da minha coordenação, mas pelo jeito, vale a pena. Você levanta os quadris, forçando o seu pau dentro da minha boca sem nem perceber, suas coxas dobrando com os espasmos. Você puxa meu cabelo forte, e me implora para eu não parar, e eu não paro, não paro até você gozar na minha boca e eu engolir tudinho porque puta que pariu, que delícia, eu tô abismada e sufocada de tesão.

Você me olha com os olhos arregalados, também sem conseguir acreditar, e eu quero te dar prazer assim muitas outras vezes, mas agora é minha vez. Eu arranco a calcinha e subo pelo seu corpo, prendo seus braços na cama e sento na sua cara.

Rapidinho você acorda do torpor, me chupando do jeito que você sabe muito bem como fazer, e em poucos minutos eu gozo, me esfregando na sua língua e chamando o seu nome.

– A gente… – Eu começo, ofegante, guardando o vibrador e arrumando a coberta que virou um fuá. – Precisa fazer isso outra vez.

– Concordo. – Você sussurra baixinho, ajeitando minha cabeça no seu peito e afastando as mechas molhadas da minha testa. – Vinte minutos e segunda rodada?

A gente ri junto e de novo essa sensação esquisita de ter uma coisa querendo sair de dentro do peito. Eu não sei se algum dia vou me acostumar com amar alguém tanto assim, mas eu não tenho dúvidas que quero continuar tentando.

Turbilhão

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Fonte: The3alex

Quem a gente pensa que engana? Todo mundo aqui rindo e bebendo como se tivesse nenhuma preocupação na cabeça. Eu aqui rindo e bebendo como se não tivesse um rombo do tamanho de um caminhão no meio do peito que nada, nada consegue preencher, como se eu não sentisse que não sou boa em nada o tempo todo, como se não estivesse entornando essa garrafa de vinho porque o álcool faz existir doer menos. Ridículo né, a gente fingir que não é ridículo, pelo menos eu sou ridícula assumida e eu sei que você gosta. Eu vejo você me olhar do outro lado da mesa, eu vejo você sorrir de lado tentando disfarçar quando eu te pego no flagra.

Você olha olha olha e não faz porra nenhuma, até quando a gente vai ficar nesse jogo de gato e rato, encheu o saco isso já, vamos ficar nesse teatrinho pra quem? Pra quê? Eu tô sabendo muito bem que as suas intenções comigo são as piores, saiba você que é mútuo. Você acha que eu tô esperando você me tratar como namoradinha? A essa altura da minha vida eu sei muito bem o meu lugar, me criei sozinha a vida inteira, você não vai ser o primeiro nem o último a vir e não ficar.

Eu sei que você gosta quando eu deixo todo mundo desconfortável com esse meu jeito de vagabunda, os meus comentários inapropriados, os meus shortinhos que param no meio da bunda que eu já nem tenho mais idade pra usar. Eu sinto seu olhar me queimando quando eu viro shot atrás de shot até estar trocando os pés, sentando na mesa com as pernas abertas pra tentar chamar sua atenção, fazendo piadas que ninguém ri, pedindo músicas que ninguém gosta.

Se ainda não está claro o suficiente, eu quero você também. Eu te quero quando você está dominando a atenção de todo mundo e punhetando o seu ego, eu te quero quando você fica passando cantadinha na geral feito Don Juan de terceiro colegial, eu te quero quando você vem me apertando toda, assim sem querer querendo só pra me deixar louquinha,  eu te quero quando você também já tá bem louco e fala coisas sem nexo e de repente eu descubro que não sou eu sozinha nessa coisa de faz-de-conta, você também tá se doendo todo por dentro, e quando a gente dói junto dói menos, dói menos até do que quando eu já tô no último grau do porre, então será que dá pra parar de palhaçada e ir logo pra putaria, será que já não deu pra entender, que eu quero você por dentro até o talo, até a minha garganta.

Eu quero que você me vire de quatro e imprima a sua mão na minha bunda, eu quero que você me coma bem forte pra descobrir que quando eu gozo eu grito bem alto, eu quero te contar no seu ouvido que o seu cheiro me deixa mo-lha-da, desde que a gente se conheceu é raro eu pensar em outra coisa, quero sentir sua pica dura por minha causa, quero me trancar num quarto com você e te dar até a gente não aguentar mais. Se você quer que eu seja sua fantasia tá tudo certo, pode vir, fica à vontade, já falei que tô acostumada.

Some sorrateiro no dia seguinte antes que eu acorde pra encontrar aquela menina legal que você quer apresentar para os seus pais, desde que à noite você seja meu. A noite toda, e que as horas se estendam e pareçam anos enquanto você me invade, me arranha, me morde, me machuca, me domina, me enfrenta, me aniquila, me neutraliza.