Vídeo: Minha Jornada em Berlim

Vim do Brasil para Berlim há quatro anos, e nesse tempo, muita coisa aconteceu! Conheci muita gente, comecei a frequentar festas sex positive e divulgar meus contos eróticos. Um balanço da minha vinda pra cá e o que mudou desde então.

Vlog – Como são as baladas de fetiche em Berlim?

A cena noturna de Berlim se tornou uma lenda – sexo, drogas e tecno, num ambiente de puro hedonismo. Mas o quanto disso é verdade, e o que significa ter tanta liberdade assim? Um pouquinho da minha experiência pessoal na cena de baladas de fetiche aqui em Berlim, e o quanto frequentá-las tem me feito repensar minha sexualidade.

 

Ficou curioso sobre as festas? Quer saber mais? Alguns links bons para se informar:

Instagram da Pornceptual – http://instagram.com/pornceptual

https://thump.vice.com/en_us/article/qkaz8v/pornceptual-berlin-queer-sex-party

https://fizzymag.com/articles/berlin-party-self-destructive

 

 

Vlog – #Kommstdumit – Meu segundo primeiro de maio em Berlim!

O meu segundo primeiro de maio aqui em Berlim foi ainda melhor do que o primeiro – apesar da data estar se tornando cada vez mais um festa e não um dia de protestos, é uma das grandes tradições em que todo mundo sai para a rua para ocupar cidade 🙂

Vlog: #Kommstdumit – Uma tarde pelo meu bairro em Berlim (Schöneberg)

Olá, pessoas! No vlog dessa semana, resolvi fazer um passeio pelo meu bairro aqui em Berlim, Schöneberg, para onde me mudei faz pouco mais de um ano. Pode não ser um dos bairros mais hypados daqui como Kreuzberg ou Neukölln, mas é cheio de cantinhos deliciosos, e eu cada vez mais me sinto em casa por aqui. Passei pelos meus lugares preferidos no vídeo, pra mostrar um pouco da minha rotina num dia preguiçoso de folga 🙂

Vlog: #Kommstdumit – Réveillon em Berlim!

A passagem do ano novo é uma das datas comemorativas mais sem limites na Alemanha. Tem álcool, tem frio e muitos, muitos, MUITOS fogos. Vem acompanhar comigo o meu segundo réveillon nessa cidade gelada.

Berlim transforma

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Fonte

Berlim é, de verdade, a cidade do pecado. É tanta liberdade, tanta permissividade, que muita gente se perde e nunca mais acha o caminho para a superfície. Porque tem outra coisa, Berlim é intensa. É um vortex que preenche todos os espaços da sua vida.

A questão é que quando eu lembro que Berlim fica na Europa, meio que tomo um susto, porque a sensação é que Berlim não fica em continente nenhum. É uma bolha destacada do resto do universo, com a suas próprias regras, sua própria língua, e o seu próprio povo. Berlinense de nascença é raro de se ver. Berlinense por vocação tem de monte; eles vêm de todo o resto da Alemanha e de todos os cantos do mundo, querendo se encontrar, querendo se perder, querendo se perder pra se encontrar. Nessa profusão de línguas, sotaques, desejos diferentes, uma coisa nos une a todos: A vontade de construir um lar para quem nenhum outro canto foi realmente casa.

Todos nós temos os nossos motivos para vir; mas o motivo para ficar é o mesmo. Berlim aceita. Berlim acolhe. Mas não vá pensando que é fácil, que é de mão beijada. Primeiro, Berlim te testa. O inverno é longo e escuro. O frio é quase insuportável. A burocracia coloca um impedimento atrás do outro. E tem o isolamento para quem não fala – ou fala pouco – da língua. Berlim é pra quem não tem medo de enfrentar a solidão mesmo, de meter a cara, de passar por cima, de insistir, insistir, insistir.

Aí quando você se prova, de repente ela se abre e te pega no colo. E todos nós, estranhos no ninho, ovelhas negras, patinhos feios, estamos em casa pela primeira vez. Daí você está no metrô depois de dois dias de Berghain e sorri para alguém que senta na sua frente no metrô, e recebe um sorriso de volta. Aquele sorriso cúmplice; eu vejo você. E eu te reconheço.

A armadilha é que o intensivão puro contato que é viver em Berlim não é com ninguém menos que a gente mesmo. A ideia que todo mundo tem de desanuviar é entrar num inferninho e dançar bate-estaca sozinho até o estresse ir embora. Numa cidade em que você pode ser o que quiser, as únicas perguntas que realmente importam são quem eu sou de verdade? E quem eu quero ser já que eu posso ser quem quiser?

Filosofia barata, talvez. Mas só quem já experimentou já sabe; Berlim vira a gente de cabeça pra baixo, revira, machuca, ensina, transforma. Porque aqui, não tem meio termo. Aqui se vive a vida no volume máximo.

Vlog: Meus últimos dias em Berlim!

É verdade, estou indo embora de Berlim, mas eu volto! Arrumar as minhas coisinhas para ficar um bom tempo fora me fez refletir sobre como foram esses meses na cidade do pecado e como foi a minha adaptação e o processo de criar uma vida totalmente nova.

O tempo da alma

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Fonte: Tumblr

É quase a mesma coisa. Quando eu esperava o 847P sentindo Itaim Bibi no meio da Lapa, a música alta nos ouvidos, pensando na taça de vinho que me aguardava em casa, é quase a mesma coisa de estar aqui esperando a U7 sentido Rathaus Spandau em Kreuzberg. Só que não é. Porque eu não sou mais a mesma pessoa.

Dizem que quando a gente muda para um lugar novo, a alma chega atrasada. Eu queria um corte brusco; realmente me livrar das coisas e situações que me deixavam segura e confortável, para me redescobrir, longe das características circunstanciais que ameaçavam me engolir. Queria ter coragem para priorizar o que realmente importa para mim.

O processo, porém, é muito mais difícil do que eu tinha imaginado, nas pequenas coisas do dia-a-dia. Queria conhecer pedaços meus que eu não conseguia acessar, mas estar sem a segurança de se cercar de pessoas que sabem quem a gente é é desafiador e desconfortável.

Eu vim, mas minha alma ficou para trás. Talvez com medo de vir também e se transformar em outra coisa – o desconhecido é sempre assustador.

E embora a resistência também tenha sido parte do processo, agora eu vejo que mesmo exacutando as mesmas tarefas simples do cotidiano, minha alma não é mais a mesmo. E às vezes é confuso. Me refazer, redescobrir o que eu gosto e não gosto, quero e não quero, me importo e não me importo.

Às vezes eu acho mesmo que o maior medo sempre foi o de ser livre. Porque eu sempre desejei muito a liberdade, mas eu tinha medo das mudanças que ela podia me causar.

Mas uma coisa é certa; agora que minha alma chegou, se instalou, se contaminou e se transformou, ela não volta a ser a mesma nunca mais.