Dia dos namorados/Festa dos corações partidos

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Me espreguicei na cadeira e espiei o céu lá fora; o estava limpo, era noite de lua cheia. Ótimo. Como se não bastasse, ainda por cima era noite de lua cheia. Estralei os dedos, me preparando para fazer uma pausa. Desci pela timeline do Instagram, mais uma vez passando por dúzias de fotos de casal, declarações de amor, #mozão. Senhor, será que meus amigos sempre foram bregas assim ou o dia dos namorados traz a tona o pior das pessoas?

Suspirei. Bom, talvez o dia dos namorados traz à tona o que há de pior em mim também, já que passei o dia inteiro amargando minha solteirice e amaldiçoando o capitalismo. Sério, eu nunca ligo muito pra isso se estou com alguém, mas parece que essas datas são feitas pra fazer a gente se sentir um lixo por não ter ninguém.

O telefone vibrou na minha mão. Mensagem da Alice.

“Miga, não esquece da festa no gramado da reitoria. Traz catuaba se der.”

Eu mordi os lábios, olhando pra lua cheia de novo.

“Estudando :/ Não vai dar.”

“Deixa de ser ridícula.”

O telefone vibrou de novo, ela estava me ligando. Rolei os olhos.

– Meu, eu tenho que acabar essa apresentação até sexta!

– Ah, para né. Você ainda tem tempo. Deixa de besteira e vem logo.

– Não tô no clima.

– Cara, você vai ficar aí nessa vibe de fossa em pleno dia dos namorados? Pelo menos aqui tá todo mundo bebendo junto, vamos celebrar nossa encalhação.

– Não sei…

– Vai, você anda precisando distrair a cabeça. A gente vai fazer uma fogueira e queimar os nomes de quem a gente quer esquecer. É sua chance.

Eu me olhei no espelho, um moletom felpudo, cabelos ensebados presos no coque mais desastroso que eu já fiz, um pacote vazio de Passatempo em cima da mesa.

– Tá bom, vai. Mas vou demorar pra chegar. Preciso me arrumar.

***

Com certeza aquela devia ser a noite mais fria do ano. A perspectiva de uma fogueira me animou, assim como a de álcool. Será que alguém ia levar vinho quente?

Depois de lavar os cabelos e passar uma maquiagenzinha só pra tirar um pouco da minha cara de ontem, enfiei as pernas em meias de lã, coloquei o casaco mais grosso que tinha no armário, e chamei um Uber. Depois, desci pelas minhas conversas do WhatsApp, abrindo uma de uma semana e meia antes. A última mensagem era dele.

“Ué, vc já foi?”

Suspirei, olhando para as letrinhas. Depois tomei um susto quando vi que ele estava online. Meu coração acelerou. Esperei alguns segundos, torcendo para que a barrinha do “digitando” aparecesse. Nada. Ele devia estar falando com  ela, ou com milhões de outros contatinhos. De repente senti uma vontade enorme de não ir à festa, mas o meu celular avisou que o Uber tinha chegado.

***

O conselho da Alice não tinha sido de todo ruim. Depois de um tempo na festa, meu humor tinha realmente melhorado consideravelmente. Estava realmente fazendo um frio absurdo, e nos amontoamos em volta da fogueira, ingerindo doses indecentes de álcool. Alguém tinha feito a playlist mais dor de cotovelo da história, incluindo muito feminejo e clássicos do anos 90 tipo Survivor das Destiny’s Child, e o rolê estava tão divertido que com certeza os casais presentes não trocariam a noite por um fondue à luz de velas.

– Cheguei! – Disse Leo, que tinha voltado do estacionamento. – Mais bebida, e os coraçõezinhos, como prometido!

– Caramba, é sério? – Perguntei.

– Lógico! – Ela foi logo distribuindo os coraçõezinhos de papel vermelho e algumas canetas. – Gente, prestem atenção, é pra escrever o nome do crush que quer esquecer que a gente vai queimar todos na fogueira.

– E se tiver mais de um?

– Ué, pega quantos precisar, eu trouxe um monte.

Desatamos a rir, e eu fui logo pegando um coraçãozinho. Sentei num banco afastado, querendo ficar longe de olhares curiosos e escrevi o nome dele. Olhei para a fogueira. Bom, realmente, eu precisava esquecer aquele amor não correspondido de uma vez por todas, não dava mais pra continuar naquela situação. Tinha me enganado tempo demais e agora até a nossa amizade estava estragada.

– Oi. – Achei estava realmente começando a ouvir coisas depois de tanta cachaça, mas quando me virei ele estava realmente inteirinho na minha frente. Meu coração começou a bater tão forte que eu me senti até um pouco tonta, a boca secando.

– Você não tava na praia?? – Arfei, rezando para que meu tom de voz não saísse trêmulo demais.

– Tava, mas resolvi voltar antes. Passar o dia dos namorados na praia com a família realmente ia transbordar minha cota de autocomiseração.

Ri sem graça. Ele ajeitou os cabelos.

– Parece que a festa tá legal.

– Aham, tá ótima.

Cara, que merda. Se eu soubesse que ele viria, jamais teria saído de casa. Virei o restante da catuaba que tinha no meu copo.

– Quer ir pegar uma bebida?

Queria responder que não, mas não tive coragem.

– Claro.

Passamos a andar de volta para a fogueira. Fuzilei a Alice com o olhar, mas ela deu de ombros sinalizando que também não sabia que ele estaria ali.

– Senti falta de conversar com você essa semana. – Nossa, ele foi direto ao ponto. Não esperava que fosse tocar no assunto tão cedo.

– Pois é, acabei ficando muito ocupada com a apresentação de sexta.

– Por que você foi embora aquele dia?

Engoli em seco. Que ótimo, tudo que me faltava era aquele interrogatório.

– Você estava ocupado. Eu não queria ficar na festa sozinha.

– Você ficou puta que eu peguei ela?

– Claro que não!

– Se ficou, não tem problema. Pode me falar.

Eu senti que estava ficando com vontade chorar. Engoli em seco com raiva. Que merda. Já estava bêbada, se ele não colaborasse eu ia acabar falando uma besteira enorme e estragando tudo. Que ódio. Enchi mais um copo de catuaba. Ele abriu uma cerveja.

– Bom, é que a gente tinha ido juntos e eu acho meio migué deixar amigo em rolê para casar na balada. Mas sussa também, não foi nada de mais.

– Então por que você não respondeu?

– Já falei, tava ocupada.

Ele suspirou, Andando tínhamos chegado debaixo de uma árvore mais ou menos afastada da fogueira onde estavam todos.

– Eu sei que as coisas ficaram estranhas.

– Não ficaram estranhas. A gente só se pegou bêbado num rolê, eu sei que não teve nada a ver. – Omiti a parte do “na verdade eu sonhei com isso por meses e aí finalmente aconteceu, e achei que a festa ia ser nosso primeiro date, e você pegou outra fulana na minha frente, mas ok”.

– Eu não queria ter pegado ela.

– Ok?

– Eu te chamei pra festa porque queria pegar você. De novo. – Eu senti minha respiração parar, meu coração ao pulos. Ainda estava magoada, e com raiva, mas não podia negar que eu queria ouvir aquilo. Ele esfregou os olhos cor de mel. – Me desculpa. Foi uma babaquice.

– Tudo bem, esquece isso. É melhor assim pra não estragar a amizade.

– É, então. Só que já foi.

– Como assim?

– A amizade. Faz tempo que eu não quero ser só seu amigo. E eu ia te dizer isso na festa, eu te chamei porque queria que a gente ficasse, mas aí você tava toda fria, parecia que não tava interessada, que não queria ficar comigo. Eu fiquei puto e fiz uma infantilidade. Na hora eu percebi que tinha sido besteira. Daí eu fui viajar e fiquei pensando que era melhor deixar pra lá, que ia passar, pra tudo voltar ao normal. Só que você não me respondia e eu fui ficando doido. Eu tô gostando de você de verdade, cara. E se você só quer ser minha amiga eu juro que vou ficar de boa, mas então me explica porque você ficou puta. Porque eu sei que quando a gente se pegou foi incrível, não é possível que tenha sido incrível só pra mim.

Eu fiquei em choque. Virei o resto da bebida, sentindo meu rosto afoguear. Não era possível. Aquilo devia ser pegadinha. Nunca nada na minha vida amorosa dava certo. Essa história de se apaixonar pelo amigo era a maior furada da história e todo mundo sabe.

– Você não vai falar nada?

Minha vontade era de sair correndo, mas aguentei firme. Eu ia ter que ser corajosa. Nunca tinha me declarado para alguém que me correspondia, sempre dizia que gostava de alguém já no aguardo da rejeição, estava perdida.

– A Leo trouxe um coraçõezinhos de papel. Pra gente escrever o nome de quem quer esquecer e jogar na fogueira. – Eu tirei do bolso do moletom o coraçãozinho dobrado com o nome dele, e o abri. – Eu escrevi o seu. Porque eu tô apaixonada por você. Faz tempo.

O silêncio pesou entre nós dois. Ele ficou olhando do papel para o meu rosto, com os olhos arregalados. Eu estava juntando cada fibra do meu corpo num esforço para não. sair. correndo.

– A… Apaixonada?

Fiz um careta. Não queria ter usado essa palavra assim, logo de cara. Mas saiu. Além do mais, não era mentira. Dei de ombros.

– É.

Ele se aproximou de mim, e os gestos pareciam acontecer em câmera lenta. Acariciou as maçãs do meu rosto com as mãos, e eu estremeci com o toque, fechando os olhos. Tinha repassado tantas vezes nosso primeiro beijo na minha cabeça, me entristecido de pensar que nunca mais ia acontecer de novo, e ali estava ele, colando os lábios nos meus outra vez.

É um clichê dizer que quando a gente beija alguém que gosta de verdade é diferente, mas é a mais pura verdade. Colei minhas mãos na nuca dele, sentindo minha pele correr em arrepios quando a sua língua invadiu minha boca. O beijo pareceu durar horas, parecia que tínhamos nos transportado dali, os gritos e risadas da festa pararam de chegar aos meus ouvidos. Quando terminou, ele deu um beijinho na ponta do meu nariz e me sorriu de um jeito que eu achei que fosse cair dura ali mesmo.

– Eu também.

***

A gente mal conseguia se beijar durante a festa, de tanto que estávamos sorrindo. Ao fim, fomos para a minha casa, aos atropelos. Quando cheguei no quarto, me deparei com o computador e os livros em cima da escrivaninha, e o meu mau-humor do dia todo. Como pode uma pessoa mudar tanto de estado de espírito em tão pouco tempo?

A gente se largou na cama, e minha cabeça estava girando. Estava acontecendo, estava acontecendo, a gente ia transar, depois de tanto tempo pensando, querendo, fantasiando.

Os nossos beijinhos foram lentamente se tornando beijos profundos e lentos. Difícil passar da tensão inicial, difícil ir de amigos ao tesão assim, mas ele foi deixando de ser o meu e foi passando a ser um homem delicioso que me torturava com beijos intensos.

Ele prendeu minhas mãos na cama, invadindo minha boca de novo. Depois, segurou meus cabelos com força, mordendo meu queixo. Uma mão levemente hesitante apertou meu peito por cima de toda a roupa, eu dei um gemidinho baixo. Senti ele se esfregando em mim e de repente não tinha mais constrangimento, só desejo. Fomos nos livrando das roupas da maneira mais afoita possível, meses e meses de tensão finalmente explodindo.

Quando eu vi estava só de calcinha e ele só de cueca. A sensação da pele dele grudada na minha era indescritível, sentir o contorno dos braços dele contra as palmas das minhas mãos, meu corpo inteiro pulsando com a cada investida tímida dos quadris dele contra os meus.

– Espera. Preciso muito fazer um negócio. – Eu pedi com a voz engrolada de álcool e paixão. Desci pelo corpo dele, entoxicada com o cheiro da pele macia, tantas vezes quase perdi o juízo quando ele me abraçava e eu sentia o seu cheiro e agora ele estava ali, todo meu, era quase impossível de acreditar…

Me ajoelhei na cama, descendo sua cueca com cuidado, beijando a pele abaixo do seu umbigo. Falamos de sexo tantas vezes, por horas, detalhando um para o outro nossas fantasias, o que mais nos agradava na cama, em conversas que me torturavam a imaginação, era quase como se a gente já soubesse tudo que o outro queria.

O provoquei por muito tempo, até que finalmente tomei a sua glande entre os lábio e iniciei um boquete bem lento. Eu estava com tanta vontade fazer aquilo há tanto tempo, só a ideia estava fazendo com que ondinhas de excitação me percorressem o corpo inteiro. Ele gemeu alto, segurou meus cabelos, respondeu, e eu não podia acreditar. Ele era ainda mais sexy quando estava assim, nu e excitado, e sob o meu comando e ainda por cima, disse que era meu.

Ele me puxou pelos quadris, me fazendo ficar de quatro por cima dele, e meu coração parou quando ele me segurou com força, e puxou minha calcinha para o lado.

– Você não tem noção do tanto que você é gostosa.

Suspendi minha respiração quando senti sua língua passeando pela extensão da minha vulva, espalhando beijinhos. Tive que me segurar para não desmontar na cama, a excitação deixando minha cabeça totalmente enevoada. O tomei na boca outra vez, sentindo que ele me abria com os lábios, me deixando totalmente molhada, inchada de desejo. Continuava a me segurar firme pelo quadril, gemendo baixinho enquanto me chupava e ficou muito difícil manter a técnica. Passei a sugá-lo sem perícia, indo mais fundo que dava, minha vontade era de engolir ele inteiro, ter ele por dentro até me preencher inteirinha.

Até que parei com um estalo, gemendo bem alto quando ele sugou o meu clitóris de levinho.

– Por favor. – Eu supliquei, meu quadril se movimentando em espasmos involuntários. Ele gemeu com o pedido, me puxando para cima. Alcancei uma camisinha no criado, e ele a colocou com gestos impacientes, deitando o corpo sobre o meu. Eu segurei as suas costas, insistente, querendo tê-lo logo de uma vez dentro de mim, mas ele passou a ponta do indicador pela minha vulva supersensível. Eu gemi alto de novo, supliquei de novo, e ele me penetrou com dois dedos, estudando minhas reações com uma fome no olhar que seria capaz de fazer qualquer um se sentir sem ar.

– Nossa, eu quero muito. – Ele confessou num tom de voz pecaminoso, movimentando os dedos dentro de mim.

– Então vem logo. – Eu reclamei impaciente, e ele sorriu, posicionando o corpo entre as minhas pernas. Mas me torturou ainda mais, esfregando a glande contra mim, pressionando-a contra a minha entrada sem me penetrar, até que eu estava arfante, puxando os cabelos dele, levantando os quadris do colchão.

Quando ele finalmente entrou dentro de mim parecia que tinha entrado dentro do meu corpo inteiro. Podia senti-lo me atravessando, todos os nervos do meu corpo interligados. Não conseguíamos parar de nos beijar, eu gemia na sua boca, lambia seus lábios, o abraçava, me esfregava dele. É um clichê enorme, mas realmente sexo estando apaixonado é uma experiência completamente diferente, e para mim já fazia tempo demais desde a última vez.

Eu queria que a nossa primeira transa tivesse durado horas, mas o tesão acumulado, a adrenalina, o nervosismo, tudo viraram uma coisa só. Não consegui me segurar, a sensação dos olhos dele nos meus enquanto ele entrava dentro de mim gemendo alto era intensa demais. Ele segurou minha pernas, juntando-as para que eu ficasse ainda mais apertada, e me olhou de um jeito tão primitivo e safado que foi a gota d’água. Eu chamei o seu nome, balbuciando afoita que ia gozar.

– Goza bem alto então. – Veio a resposta, num tom de voz que até então eu desconhecia. O meu corpo obedeceu ao comando antes mesmo que minha mente pudesse registrá-lo. Eu gritei, gritei tão alto que senti minha garganta reclamar, me contraindo e pulsando ao redor dele.

Não demorou e ele segurou meus cabelos com força, mordendo o lóbulo da minha orelha e gemendo no meu ouvido também, os movimentos erráticos e imprecisos.

Uma onda do melhor cansaço do mundo me invadiu imediatamente após. Ele me abraçou, beijando a ponta do meu nariz com ternura outra vez e eu fui tomada por uma sensação de felicidade que há muito tempo não experimentava.

– Feliz dia dos namorados. -Eu murmurei sorrindo, olhando a lua ainda muito cheia e brilhante lá fora. Ele riu.

– Jesus, somos um clichê. – Depois alcançou o coração no criado mudo. – Eu vou guardar isso aqui como lembrança desse dia. – Foi minha vez de gargalhar.

– Que pena que nossa primeira transa foi tão rápida. – Eu disse, os olhos fechando de sono.

– A gente vai ter muito tempo pra praticar. Eu não pretendo ir pra lugar nenhum tão cedo.

Reencontro de faculdade – Parte 1

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Chegamos no tal sítio no início da noite. A Leila se perdeu no caminho, lógico, mas realmente o tal lugar era no meio do nada. E eu também nem dirijo, não teria chegado lá sem a carona dela, então.

Bom, é isso. Nem parece, mas realmente já estamos fazendo cinco anos de formados. A tal reunião começou a ser ensaiada meses antes, num grupo criado especialmente pra isso no WhatsApp. Sinceramente, não botei muita fé. Me pareceu aquelas coisas de “vamos marcar!”, que todo mundo se entusiasma mas nunca vai pra frente. Estava errada.

Das trinta pessoas da classe, parece que dezoito iriam, o que era bastante, considerando que muita gente tinha casado/tido filhos/mudado para o exterior (às vezes as três coisas juntas). Negociamos uma chácara em Bom Jesus do Meio do Nada, com todos os confortos; quarto pra (quase) todo mundo, piscina, varadão, até fogão a lenha.

Eu não podia estar mais animada. Se fosse minha turma de escola teria me horrorizado à perspectiva de ter que ficar frente à frente com meus algozes de adolescência de novo. Mas com o pessoal da faculdade, era diferente. Sempre me dei muito bem com eles – na verdade, me senti em casa pela primeira vez entre gente que tinha as mesmas paixões que eu e estava muito animada para rever todos. Tinha alguns amigos próximos da classe que encontrava com frequência, e outros que sempre via aqui e acolá, num bloquinho de carnaval que calhava de todo mundo colar, ou quando um post no Instagram levava a outro e a gente se juntava na Parada. Mas assim, todo mundo, como nos velhos tempos, ia ser a primeira vez.

E eu estava empolgada de verdade para saber o que cada um andava aprontando. Claro, sabia bastante por causa das redes sociais, mas não tinha tido a chance de realmente conversar com os colegas para saber – como andam os preparativos para o casamento, como está sendo o emprego dos sonhos, e aquela viagem pro Marrocos em 2014, conta dos detalhes.

Foi depois de muita polêmica no tal grupo de WhatsApp que decidimos pelo “banimento” dos respectivos de todos. O argumento era simples; primeiro que ia ser muito mais difícil encontrar um lugar grande o suficiente para praticamente o dobro de gente. Além disso, os @ todo mundo já via sempre, a ideia era passar um tempo com o pessoal da faculdade, como antes. Houve protestos. Muita gente queria que sua metade da laranja conhecesse o povo todo, o que resolvemos jurando que íamos marcar um bar na semana seguinte.

Depois de ter visto o fim de semana no sítio se concretizar, não me surpreenderia se realmente rolasse.

Mas enfim, que enorme digressão. O ponto é que eu estava feliz de passar três dias na companhia dos meus colegas de classe. E também estava solteríssima há anos, e não me importaria de fazer um revival com qualquer um dos meus ex contatinhos.

***

A primeira noite foi tranquila. Organizamos uns petiscos (Ludmilla levou várias opções veganas – “Eu e Thalita estamos 100% vegans há dois anos”), botamos logo umas dez garrafas de vinho pra jogo e lá fomos nós, colocar o papo em dia. O João Paulo tinha se mudado pra Sérvia, era sorte ele estar no Brasil. Tinha ido ficar com a namorada gringa, e estava trabalhando com animação. Tirou um pacote e tabaco e bolou um cigarrinho chique. A Fê tinha virado atriz. Tava fazendo um papel menor numa série da Netflix, e contou de vários projetos engatados. A Laura tinha pintado o cabelo de azul, e estava chefiando um departamento de quarenta pessoas. A Carol estava rodando o país com o seu filme, e tinha montado um coletivo feminista. O Diego tinha acabado de alugar um apartamento no centro com o namorado. Fizemos FaceTime com a Raíssa, em Madrid, que mostrou a barriguinha de oito meses.

Eu, bom, eu estava bem, dividida entre o Brasil e a Alemanha, tentando ganhar dinheiro escrevendo, um pouco menos adulta do que era de se esperar, mas ainda assim, bem. Depois da quarta taça eu estalei os lábios, o álcool já tirando meu filtro, pronta pra deixar escapar a pergunta que ficou na minha cabeça a noite toda, mas fui salva pelo gongo.

– Ah! – A Leila levantou, sempre com aquele ar de quem gerencia as coisas. – Precisa abrir o portão, o Lucas e a Marie chegaram. – E saiu arrastando as havaianas.

Houve um murmúrio geral na mesa, comentando sobre aquele novo casal, lembrando que eles não ficavam na época da faculdade, alguém indagou como tinha começado. Eu sabia a história por cima, às vezes encontrava com gente muito próxima deles, os seguia no Instagram, a gente sempre curtia os posts uns dos outros, mas a verdade é que não tinha estado com eles desde que o namoro começou.

Não vou mentir que sentia uma pontadinha de inveja sempre que via as fotos dos dois. Lindíssimas, a Marie sempre foi uma puta fotógrafa. E de verdade, os dois pareciam muito felizes. Conhecendo-os tão bem como os conhecia, me surpreendia que não tivesse acontecido antes.

Meu coração deu um mini pulinho quando eles chegaram na varanda, as mãos cheias de sacolas. A Marie estava de shortinho jeans, uma camisetinha que deixava à mostra seu braço recentemente fechado de tatuagens e a marquinha de biquíni (os dois tinham ido pra praia no fim de semana anterior, o Instagram me contou). Ela estava muito diferente; na época da faculdade ela usava dreads coloridos, se vestia de um jeito meio clubber, sempre com vestidinhos Neon e Melissas nos pés. Agora, os cabelos crespos estavam naturais, as pontinhas queimadas de sol, e usava cores sóbrias, jeans larguinhos, os cropped da moda, sempre deixando à mostra seu corpo cada vez mais escultural, graças ao pilates.

O Lucas também estava diferente. Usava uma bermuda curtinha, tinha os braços e pernas tatuados. Os cabelos muito lisos e pretos estavam num corte repicado e bagunçado, misturando à armação grossa dos seus óculos, as sardas se destacando na pele queimada de sol. Magrinho ele sempre foi, mas o tempo o fez encorpar, os ombros e braços mais musculosos do que eu lembrava.

– Gente, que calvário chegar aqui, socorro! – A Marie foi falando, sacudindo sua juba de cabelos bem cuidados. – Preciso de uma cerveja.

– Tamo no vinho, baby. –  O Diego logo se adiantou, alisando o bigodinho. – A Fernanda ensinou a gente a fazer sangria. Agora a gente é chique.

– Hmmm, muito bem. – Ela aprovou, servindo-se de um copo e passando ao redor da mesa para abraçar todos os presentes, com o Lucas em seu encalço. Quando chegou a minha vez, a gente trocou um olhar cúmplice.  – E aí?

– Eu aí?? – Eu devolvi com um sorriso largo, e a gente se abraçou. Não nos víamos há uns dois anos. Ela continuava linda. Na verdade, estava muito mais linda do que antes. Os anos a fizeram muito bem. Quando nos largamos, olhei para o Lucas, que baixou o olhar, mordendo os lábios e deixando as covinhas aparecerem num sorriso tímido. Foi uma lembrança gostosa; eu tinha esquecido que ele sempre fazia aquilo.

– Como cê tá? – Ele perguntou, me abraçando. – Como tá a Europa?

– Tá lá, gelada. – Eu ri. Podia sentir a tensão da galera nos observando interagir. Tá, tá, gente, já temos todos quase trinta, podemos agir de acordo, por favor?

Mais tarde, quando eu e Diego nos preparávamos para ir dormir no quarto que iríamos dividir pelos próximos três dias, ele me perguntou a queima-roupa:

– Esse revival aí, hein? Tá todo mundo de olho nesse triângulo.

– O quê? Imagina, eu não vejo nenhum dos dois há anos.

– Sei. Cê pensa que eu não vi o jeito que eles olharam pra você, né? Tá bom. – Ele disse em tom de quem encerra a conversa, afofando o travesseiro da sua cama de solteiro.

***

No dia seguinte, me diverti como não me divertia há anos. Passamos o dia na piscina, aplacando o solão de rachar. O Diego passou o tempo todo tirando fotos das pessoas e criando memes em cima, que iam ficando cada vez mais engraçados conforme a gente ia bebendo. Meu senso de humor tão estranho de repente estava em casa; era incrível sentir que embora cada um em um canto, muito das nossas personalidades tinha se formado em conjunto.

Tudo transcorreu sem maiores incidentes, a atmosfera amigável e tranquila. O Lucas e a Marie se comportaram muito bem, tirando algumas piadinhas aqui e ali, não pude notar nenhum flerte da parte deles. Parte de mim ficou decepcionada, não vou mentir, mas os dois estavam tão lindos juntos, tão em sintonia, que sei lá, dava até medo de estragar, então achei melhor assim.

Porém, no fim da noite, depois dos banhos revezados, do jantar e de muitos drinks, sobramos no sofá, eu e o Lucas. A Marie tinha ido sei lá onde; muita gente já tinha ido dormir, mas ainda sobrava uma rodinha de pessoas ouvindo música enquanto caía uma chuvinha fina. Eu tinha me concentrado num ponto entre as telhas há horas; viajando sobre como ia ser voltar para Berlim e lembrar daqueles momentos, essas coisas que eu acabo pensando sempre. Suspirei, o corpo todo molenga. Na outra ponta do sofá, o Lucas tirou os óculos e esfregou os olhos.

– Nossa, bateu. – Ele disse, rindo de lado.

– Né? Jesus.

Eu olhei bem pra ele, enquanto ele passava a mão pelos cabelos bagunçados, as covinhas das bochechas à mostra, e aquele tom de voz doce que sempre mexeu comigo. Naquela hora me perguntei por que raios eu tinha perdido tanto tempo com cafajestes, se é dos intelectuais tímidos charmosos sensíveis que eu gosto de verdade.

De repente a Marina voltou para a varanda, um copo de caipirinha na mão, um shortinho indecente de minúsculo. Ela fez menção de sentar no colo do Lucas, olhou pra mim, sorriu, e sentou no meu.

– Aaaai que saudade da minha ex! – O João Paulo gritou.

– Aí você tem que ver qual ex de quem né? – O Diego comentou, uma sobrancelha levantada. Eu passei uma das mãos pela cintura dela, a outra repousei na sua coxa. O cabelo dela estava com um cheirinho muito bom de shampoo (mas na verdade não devia ser, já que há anos ela era adepta do low poo).

O Lucas estava vermelho que nem pimentão, esse tonto. A Marie me deu um golinho do drink, só pra provocar mais.

– Vixe. – Eu disse, rindo. Sabia que ela adorava aquele tipo de joguinho, inclusive já tínhamos flertado muitas vezes depois de terminar e quase nunca o flerte terminava em algum lugar. A Marie era como eu; adorava a atenção.

O Lucas foi o primeiro casinho que eu tive na faculdade. Nos pegamos logo na primeira festa. Na época, ele tinha os braços despidos de tatuagens e os cabelos curtos. Daí sempre que tinha um rolê a gente acabava ficando. Por fim as coisas se tornaram menos esporádicas, e a gente começou a se pegar mais sério, nos beijar nos banquinhos da faculdade entre as aulas, passar os intervalos de almoço estirados nos gramados da praça do relógio, eu arrumando trouxinhas para ir dormir no apartamento dele em Pinheiros depois da aula.

Durou uns três, quatro meses, depois arrefeceu. Era o começo da universidade, muita novidade, muita coisa pra fazer, nós dois tínhamos que nos descobrir, não deu. Continuamos amigos, sempre nos demos bem e seguimos a vida.

Com a Marie, foi mais sério.

Nos aproximamos no início do segundo ano. Começamos a fazer muitos rolês juntas; em toda festa a gente estava. A gente se dava muito bem; era tudo natural entre a gente. De amigas de copo, passamos para amigas da vida. Os domingos largadas nos sofás uma da outra, virando madrugadas juntas editando aquele trabalho. Um dia bebemos demais num happy hour. Fomos para minha casa. Uma coisa levou à outra e não paramos mais.

Ficamos por quase um ano; nunca oficializamos nada. Eu me apaixonei por ela. A falta de um título de namorada significava muito pouco. Estávamos sempre juntas, compartilhávamos tudo. Mas não foi muito fácil. Às vezes eu queria mais; e ela não queria. Às vezes era o contrário. Tinha muita coisa acontecendo. Ela foi fazer um intercâmbio de um mês. Quando voltou, num acordo silencioso, tínhamos terminado.

Foi estranho por um tempo, depois voltamos a conversar. Mas a amizade de antes, não conseguimos retomar mais. Eu sempre pensava nela com carinho, me perguntava se um dia íamos conseguir ser tão íntimas quanto antes. O engraçado é que, pra quem via de fora, não dava pra imaginar ela e o Lucas juntos no primeiro ano. Eles sempre se deram bem, faziam parte da mesma turma, até já tinham se dado uns pegas aleatórios numas festas, mas nada além disso.

Foi só depois da faculdade, que eles se reencontraram, se reapresentaram, se apaixonaram. E era louco ver como os dois evoluíram para se encaixarem direitinho um no outro; ele estava mais confiante, mais seguro, sem nunca perder aquele jeitinho manso. Ela estava mais madura, mais focada, mas continuava com a presença exuberante de sempre.

A tensão era palpável. Eu podia sentir que estava todo mundo olhando para nós duas; o Lucas, nossos amigos. Muita pressão pra mim, não tem manual pra saber como agir quando você tem que lidar não só com um, mas com dois ex no mesmo lugar.  Ainda mais quando eles estão juntos.

Nessa hora, por milagre, começou a tocar o funk hit do momento. Eu levantei correndo e a tensão se dissipou. Logo eu e a Marie começamos a ir até o chão, e a Laura se juntou a nós duas. Tudo muito divertido e inofensivo, mas eu podia sentir o olhar do Lucas queimando na minha pele enquanto eu dançava, podia sentir a Marie colocar as mãos na minha cintura por um pouquinho mais do que a coreografia pedia.

Eu decidi que ia precisar me entorpecer mais se queria passar por aquela situação e me manter sã. Gritei que era hora dos shots, virei duas tampinhas de vodka de uma vez. Depois, fui pro banheiro, checar a minha cara, tomar um ar, lavar o rosto, sei lá. Quando eu voltei, Marie, Laura e Diego estavam se acabando na Paradinha. Eu sacudi os cabelos, respirei fundo e me juntei a eles.

Quando a música acabou,começou uma mais lenta, de sarração, que eu não conhecia. A Marie se virou para mim, colocou as mãos na minha cintura e a gente começou a rebolar. Eu estava tentando rir como se nada estivesse acontecendo, mas aquilo era covardia, sinceramente. Ela estava muito próxima de mim, aqueles olhões cor de mel penetrando a minha alma. Eu virei para o Lucas, meio desesperada.

– Cê tá vendo isso, né?

– Tô, sim. – Ele disse com um sorriso de lado filho da puta, como quem diz, não só tô vendo como to gostando. Ai, meu deus. Eu fechei os olhos, só rezando para os dois não estarem brincando comigo, porque aquela ideia já tinha cruzado a minha mente antes, e não tinha como negar que eu estava ficando cada vez com mais vontade.

A Marie me virou de costas pra ela, agarrou minha cintura e a gente foi dançando devagar. Daí ela afastou as mechas do meu cabelo e deu um beijo na minha nuca. Ok, isso aí já é falta. Não dá pra brincar desse jeito e ela sabe. Deixei o arrepio percorrer o meu corpo e voltar, e me virei, disposta a tomar as rédeas da situação de volta pra mim. Ou eles iam até o final ou o chove-não-molha ia parar por ali.

Ela passou a língua pelos lábios em forma de coração, arqueando as sobrancelhas perfeitas, nossas testas coladas. Não tirava os olhos de mim e naquele olhar a gente trocou mil confidências, lembramos dos velhos tempos, contamos muita coisa. Eu estava há tanto tempo tão sozinha, tão acostumada à minha independência e solidão, e de repente me vi de novo naquele olhar, toda aquela cumplicidade que a gente teve um dia, como se a gente tivesse terminado ontem.

Quando ela me beijou, segurou as laterais do meu rosto com as mãos. Meu coração estava acelerado, minhas mãos dormentes, como há muito tempo eu não sentia. Podia ouvir as exclamações dos amigos enquanto ela me empurrava para a parede mais próxima, mas a minha mente se desligou do resto do mundo. Nos enfiamos numa bolha à medida que o amasso se intensificava, minhas mãos seguindo da nuca dela para sua cintura, num daqueles beijos que é bom de primeira, que não dá vontade de parar.

Mas paramos. Quando eu abri os olhos, fazendo força para voltar do abismo de sensações no qual eu estava totalmente absorta, o Lucas estava atrás da Marie, olhando diretamente pra mim.

CONTINUA

 

O conto da mocinha solteira

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Fonte

Entrei em casa derrubando tudo. Cacete, cacete, cacete, era pra eu estar fazendo silêncio! Consegui entrar no quarto sem maiores estragos, tirando a roupa toda na maior aflição, essa blusa pinica, essa calça aperta, e foda-se, não vou tirar a maquiagem porque não é todo dia que dá pra gente ser um bom adulto.

Quando eu deito na cama, o mundo inteiro gira. Ok, ok, tudo bem, eu só preciso respirar devagarzinho. Meus ouvidos ainda estão zumbindo, reverberando o techno que eu ouvi a noite inteira, lá fora a luz do dia chegando preguiçosa e tímida. Luxo é saber que posso dormir até tarde amanhã. Não era exatamente a vida que eu imaginei que teria a essa altura, mas também não está ruim, aceito o que vier, tá de bom tamanho.

Reviro na cama, o álcool deixando minha pele febril. Estou cheia de energia demais para conseguir apagar, o corpo pulsando ainda, todo elétrico. Bom seria se eu tivesse trazido alguém pra casa, mas eu ando 100% sem saco pra essas conversas idiotas, todas as últimas vezes terminei querendo expulsar o fulano da cama, e além disso é sempre uma decepção mesmo, melhor ficar com a minha mão, que não tem contraindicações nem torra minha paciência.

Falando nisso.

Um suspiro sai trêmulo, um dedo alcançando a barra da minha calcinha fio dental. Caralho, esse cheiro de cigarro só sai do meu cabelo ano que vem. Tá, concentra. Separo bem as pernas, deixando o indicador passear por cima da renda, o toque suficiente para me fazer contrair de levinho – devo estar perto de ovular ou coisa assim, porque esses dias até se o pano da calça roça de um jeito mais tchan na minha perna eu já fico morrendo de tesão.

Em um minuto enfio a mão por dentro da calcinha. Já estou um pouquinho molhada, e dá um choque quando toco o meu clitóris bem de leve. Passo os dedos da minha entrada para o restante da vulva, lambuzando tudo, antes de achar o ponto certinho com o dedo médio.

Coordeno os movimentos circulares com as voltas que a minha cabeça alcoolizada dá, devagar, fechando os olhos sentindo o mundo girar novamente. A zonzeira dessa vez não me causa enjoo, só deixa mais fácil de desconectar da realidade, e minha mente começa uma peregrinação pelos arquivos guardados nas gavetas de “fantasias”.

Aquela vez que um cara meteu a mão dentro da minha saia enquanto a gente se pegava contra a parede da boate, aquele gif de squirting que eu vi outro dia no Tumblr, aquela menina que eu vi outro dia no metrô,  quando eu gozei me esfregando na minha ex-namorada, quando o ex-crush disse que queria me ouvir gemendo pra ele, quando eu fiquei sarrando no colo do meu ex ex dentro da piscina na frente de todo mundo…

Opa, opa. Não, espera. Ex errado. Até abro os olhos, chacoalhando a cabeça; sai demônio.

Tá, vamos retomar o raciocínio. Fecho os olhos, lembrando da sensação exata da língua de um peguete que por milagre era bom de oral. De-lí-cia quando ela deslizava devagarzinho dentre os meus lábios, quando ele fazia um biquinho e começava a sugar o meu clitóris sem pressa, separando os dedos dentro de mim, pressionando bem nos lugares certos, ele nunca parava, até eu gozar. Daí geralmente me virava de quatro, me fazia arrebitar bem a bunda, e antes de começar a me comer, me acertava um tapa que quase sempre me deixava marca. Nossa, deu até vontade mandar um “oi sumido” agora.

Tinha também aquela menina com quem eu nunca transei, e como me arrependo. A gente ficava se beijando por horas, ela tinha boca em formato de coração, usava sutiãs com bojo daqueles que desabotoam na frente, e eu adorava colocar as duas mãos por dentro da blusa dela, desfazer o fecho, porque ela sempre gemia muito gostoso quando eu beliscava os mamilos dela, sempre ficava muito molhada quando eu a tocava, abrindo as pernas e deslizando na parede, puxando meus cabelos. Que frustração nunca ter sentido o gosto da boceta dela, nem ter colado ela na minha, aposto que devia ser macia que nem o resto do corpo inteiro…

Eu paro um pouquinho, fico de bruços na cama, levanto os quadris. Agora eu tô muito molhada de verdade, meus músculos pulsando em pequenos espasmos. Geralmente eu tento evitar, mas com a percepção melada de álcool e tesão desse jeito, fica difícil. Como um ímã, meus pensamentos são atraídos para você, aquela vez que você estava me comendo de quatro no chão do seu quarto no meio de um ménage e eu secretamente só conseguia pensar “caralho eu amo dar pra você, podemos fazer isso de novo, podemos fazer isso pra sempre“, ou na primeira vez que você gozou na minha boca, seus gemidos estrangulados e fora de controle, ou você algemado na minha cama, teimando em se mexer, choramingando baixinho depois de eu ter te acertado um tapa e mandado ficar quieto;

– Mas eu não consigo ficar quieto!

Minha mão esquerda chega para o reforço, brincando ali de levinho na minha entrada, as pontas dos dedos penetrando só um pouquinho. Uma onda de adrenalina parte do meu ventre e desce pelas minhas pernas. Eu tô perto. O suor pingando das suas costas quando você se enterrava tão fundo dentro de mim que parecia que ia se perder lá, todas as vezes que você me comeu exatamente assim, segurando meus quadris enquanto eu me debatia de bruços na cama, sentindo cada centímetro do seu pau entrando e saindo, me contraindo ao seu redor e perguntando sem coordenação se você estava sentindo, se conseguia sentir, que eu estava gozando pra você, estava gozando no seu pau…

Não deu pra segurar. O orgasmo me atravessou de cima a baixo como um raio, eu me esfreguei na cama e deixei escapar uma torrente de obscenidades chamando o seu nome, meu cérebro completamente dominado.

Trêmula, abri os olhos, e rompeu-se a bolha erótica. Minha boca estava realmente seca, eu tremi só de pensar na ressaca do dia seguinte. Com os músculos relaxados, deitei na cama, esperando que dessa vez eu conseguisse dormir a noite inteira. Antes de apagar só pensava que bom, ainda bem que pelo menos na fantasia a gente pode fazer tudo que quiser.

 

Sinestesia

O conto abaixo foi escrito para a primeira Tertúlia Erótica da SESLA que rolou ontem em Coimbra. O tema do evento era os cinco sentidos e eu fiquei super honrada com o convite! Teve leitura dramática do conto juntamente com o restante da programação e eu fiquei muito feliz de ter contribuído. Espero que gostem e não esqueçam de curtir a página da SESLA no Face para ficarem por dentro dos próximos eventos!

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Visão

A culpa é minha. Deve ser, afinal, eu que quis vir. Acontece que eu também tenho direito de me divertir. Só que fica meio difícil, quando ele não tira os olhos de mim. O jantar inteiro foi assim. Parece que é de propósito, parece que ele gosta de me ver assim, tremendo na cadeira por causa dele.

Se eu vou querer mais vinho? Sim, por favor, pode encher. Minha visão já tá ficando meio borrada e ainda assim eu consigo sentir os malditos olhos dele em cima de mim. Será que ninguém mais percebe? Será que eu estou ficando doida? Eu tô tentando concentrar no papo que tá rolando do outro lado da mesa e eu sinto o olhar dele me queimando. É quase como se ele conseguisse fulminar o fecho do meu sutiã, e do jeito que esse vestido é decotado a mesa inteira ia ver meus peitos.

Talvez seja coisa da minha cabeça. Afinal, ele está sentado na minha frente, para onde mais ele iria olhar? Eu respiro fundo pra criar coragem, correndo os olhos pela superfície da mesa. Tigela, pãezinhos, cinzeiro, vela, garfo, faca. Quando eu levanto o olhar, ele está me encarando de frente. O olhar dele é constrangedor. Ele sorri de canto de boca, um sorriso mínimo, quase imperceptível, antes de baixar os olhos pelo meu pescoço, pelo meu colo, pela curvinha do decote. É como se minha pele tivesse sido lambida por uma labareda, eu juro que dá para sentir o caminho que os olhos dele estão fazendo.

Eu viro o restante do vinho. Puta calor aqui, hein? Ajeito o vestido para o decote não ficar tão sem vergonha, e ainda assim ele não. para. de. olhar.

Paladar

Hora da sobremesa. Hora do xeque mate. É agora ou nunca. Eu sei que ela está me olhando quando eu me sirvo de um morango. Escolho um bem maduro, bem vermelho, bem suculento. A pontinha da minha língua passa pela pontinha da fruta. Ela arregala os olhos quando percebe o que eu estou fazendo. Vou passando a língua em círculos bem devagar, sem tirar os olhos dela. Ela está tão corada que até o seu colo está ruborizado, o prato de sobremesa cheio de frutas intocado. Eu passo a chupar a pontinha do morango Os outros continuam a conversa animada na mesa, sem notar o que a gente está fazendo.

Eu quero que ela saiba que é isso que eu quero fazer com ela. Não tiro nunca o morango da boca, só um pedacinho, até ele estar começando a derreter. Como eu queria que fosse o clitóris dela se enrijecendo contra a minha língua, eu tenho certeza que ia ser tão, tão mais gostoso, só de imaginar o gosto da boceta dela meu pau fica duro. Os nós dos dedos ela estão brancos de segurar a borda da mesa com força, e eu sei que ela pode sentir, porque eu posso sentir também, e quando eu fecho os olhos porque não aguento mais a textura do morango muda, se torna lisa e escorregadia e dá pra sentir, dá pra sentir o calor do corpo dela contra o meu rosto, ela se contorcendo na minha boca enquanto eu chupo devagar, devagar, bemmm devagar porque eu quero aproveitar cada gotinha, quero sentir o gosto de cada cantinho e dobrinha, pensar em tê-la pra mim deixa o meu pau latejando dentro da cueca.

Quando eu mordo o morango ele explode na minha boca, uma bagunça, e que delícia seria poder me lambuzar nela desse jeito, vou me embrenhando como eu queria me embrenhar nela, ir devorando e abrindo ela todinha pra mim, puta que pariu, eu quero fazer ela gemer, eu quero que ela sinta o tesão que eu sinto toda vez que ela está por perto, eu quero ela sentando na minha cara, gozando na minha língua e…

Eu abro os olhos. Ela está com cara de quem está sem respirar há muitos minutos. O sumo da fruta está escorrendo pelo meu queixo, tem gosto de gozo, e eu não sei como ninguém mais notou o que acabou de acontecer.

Tato

Eu pisco para ver se meu cérebro pega no tranco. Olho ao redor pra checar se ninguém percebeu, mas está todo mundo absorto num assunto qualquer. A renda da minha calcinha esta tão encharcada que grudou no vestido, e por um momento de pânico eu penso que posso ter manchado a cadeira. Me ajeito no assento. Puta que pariu, tô tão molhada que é até desconfortável. Eu estou um pouco trêmula, meu corpo sentindo pequenos choques como se quisesse a língua dele de volta em mim. Como isso é possível?

Bom, se é assim que vai ser, também sei brincar. Mais um pouco de vinho, e me sirvo de uma uva. Ele recosta na cadeira, com uma cara safada que me dá vontade de acertar um tapa, sabendo exatamente o efeito que ele tem sobre mim. Eu levo a fruta à boca, estourando contra o meu céu da boca, aproveitando para umedecer o indicador na saliva, antes de checar se todo mundo continua distraído e descer a mão pelo meu corpo, separando a fenda do vestido estupidamente curto. Ele fica boquiaberto quando percebe o que eu estou fazendo.

O quê, ele achou que só ele fosse capaz de surpreender?

Passo a pontinha dos meus dedos pelo alto da minha coxa; minha pele está fervendo. O toque de leve me fez arrepiar, todos os meus nervos tão eletrizados que a resposta é instantânea. Quando eu alcanço a barra da calcinha sinto a umidade através do tecido, passeando os dedos de leve por ali, me contraindo tanto que eu chego a me encolher na cadeira.

Ele continua de queixo caído, observando incrédulo enquanto eu toco uma em plena mesa de jantar. Eu tô tão excitada que chego a ficar tonta, quase não resistindo à provocação, quase puxando a calcinha pro lado e me tocando até em gozar na frente de todo mundo, gemendo bem alto, chamando o nome dele pra todo mundo saber quem é responsável por eu perder a compostura desse jeito.

Eu grudo as costas no encosto da cadeira, abrindo mais as pernas, olhando para ele por detrás da pálpebras semicerradas, respirando devagar enquanto vou aumentando a pressão dos meus dedos, fazendo movimentos circulares bem lentos. Logo eu enfio a mão dentro da calcinha, me tocando do jeito que eu já sei fazer, e mordendo meu lábio para não deixar nenhum gemido escapar.

Ele corre os olhos arregalados pelo meu corpo, o vestido afrouxando no meu decote, com uma expressão de desejo que beira o pânico. Depois derruba o guardanapo no chão, agachando debaixo da mesa para  pegar.

Eu separo as pernas.

Sei que minha calcinha é transparente.

Sei que ele consegue ver tudo.

A situação só aumenta o meu torpor e eu puxo a calcinha para o lado com um dos dedos me expondo completamente, antes de largar o elástico.

Ele emerge de novo na cadeira, pálido. Eu paro que eu estava fazendo. Parece que a bolha erótica estourou e de repente estamos muito conscientes do que está acontecendo.

Audição

Meus ouvidos estão zumbindo. Eu não consigo acreditar no que acabou de acontecer, no que eu acabei de ver. Só lembrar faz meu pau pressionar o zíper da calça. Minha vontade era de arrancar aquela calcinha, rasgar em duas,e começar a chupar ela debaixo da mesa mesmo.

Eu pisco algumas vezes, pra ver se o aturdimento vai embora. Meu pau tá tão duro que até dói. Eu vejo ela toda corada na minha frente, os lábios vermelhos, linda, ela é tão linda e eu não imaginei, dessa vez ela realmente me surpreendeu, e eu preciso fazer alguma coisa, não dá mais pra esperar um segundo.

Pensa rápido, pensa rápido.

– Puta, olha só o que eu fiz… Derrubei vinho na minha calça.

– Ih, tem que limpar logo senão mancha.

– Tem uns shorts do Marcelo lá dentro, daí você já coloca de molho.

– Eu sei onde está. – Ela diz, a voz trêmula no começo, mas se firmando depois. – Te mostro.

Eu levanto com as mãos escondendo a suposta mancha, que na verdade é a minha pica querendo explodir dentro da calça. A essa altura já liguei o foda-se se eles estão percebendo ou não. Ouço os passos dela atrás de mim, fechando a porta da quarto.

– Você enlouqueceu e tá me enlouquecendo junto. – A bronca obviamente perde um pouco do efeito com os acontecimento recentes.

– Só falta agora você continuar fingindo que não quer. – Tá na cara que nós dois estamos à flor da pele, uma mistura de tesão com raiva que está borbulhando há tempo demais.

– Querer é lógico que eu quero, só que não está certo.

– A gente já foi longe demais agora.

– Para…

– Não. Eu não vou parar. Eu tava a ponto de te colocar de quatro na mesa e te comer na frente de todo mundo. Você tava se tocando, toda molhada por minha causa e eu quero sentir. Eu quero provar. – Ela sacode a cabeça.

– Isso é loucura.

– A gente já parou de resistir faz tempo. – Ela suspira, derrotada. Eu tô com vontade de ver ela chorar só pra ter certeza, certeza, que ela sente a mesma coisa que eu, mas eu sei que sim, eu sinto que sim, eu vi. – Você sabe.- Ela enterra o rosto nas mãos e eu tiro elas de lá imediatamente, prendendo na porta atrás dela. Ela está tão perto, muito mais perto do que jamais esteve, e eu juro que ainda tenho o gosto do gozo dela na minha boca, misturado com o morango. – Deixa eu sentir. Eu quero sentir o quanto eu te deixei molhada com a minha língua agora há pouco.

– Para, a gente tem que voltar. – Ela se vira para ir embora mas eu prendo ela na porta de novo.

– Quando eu vi. – Eu começo, afundando o rosto no pescoço dela, e quase sem reconhecer minha própria voz, que está saindo num grunhido. – Eu queria rasgar a sua calcinha, queria rasgar o seu vestido, queria te fazer sentar na minha cara até você me implorar pra eu parar de te chupar porque você não aguenta mais. Eu quero tirar a sua calcinha agora, deixa, por favor… – Um gemido escapa, porque só de pensar, só de pensar eu tô quase a ponto de perder o juízo, meu pau já melou minha cueca inteira. Ela geme baixinho em resposta e eu colo nossos corpos, e aí a gente geme junto, minhas mãos descendo pelo vestido dela, apertando com força, os peitos, a cintura, o quadril, caralho, eu quero arrebentar esse pano todo AGORA.

Gemo de novo quando aperto a bunda dela por debaixo do vestido, e passo meus dedos pela calcinha. Parece que eu esqueci de respirar enquanto desço a calcinha até os joelhos, acho que eu tô prestes a desmaiar porque todo o meu sangue desceu pro meu pau.

Olfato

Já esqueci de tudo, acho que até do meu nome. Ele morde o lóbulo da minha orelha, ainda sussurrando indecências, mas o discurso está cada vez mais embolado e sem sentido. As mãos dele sobem me apertando por cima do vestido, antes de desamarrar o fecho e abri-lo. Ele desabotoa meu sutiã e em mais ou menos três segundos estou praticamente nua, minha calcinha prendendo minhas pernas na altura dos joelhos.

E a única coisa que eu consigo sentir é o cheiro dele, aquele cheiro que ele sempre fica impregnado em mim quando ele me cumprimenta, aquele cheiro daquele moletom que ele me emprestou uma vez e eu nunca devolvi, aquele cheiro que pra mim é cheiro de sexo, de desejo, de pecado. Eu estou tremendo da cabeça aos pés, de adrenalina e tesão, tudo misturado.

Ele morde o meu pescoço com força, se esfregando em mim, e eu puxo ele pra mais perto, se tivesse como acho que a gente se fundia. Ele me vira de volta pra ele, e eu estou completamente entorpecida.

– Me diz que você me quer também. Eu preciso ouvir.

Eu resgato o último fio de voz que tenho pra responder.

– Eu quero.

FIM

Noite de semana

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Fonte

Às vezes os dias perfeitos não são aqueles em que a gente ganha uma promoção no trabalho, passa no vestibular, é pedido em casamento. Às vezes um dia perfeito é só aquele em que eu conseguir entrar em casa minutos antes do temporal de verão cair, tomar um banho para tirar o suor e o mormaço de um dia quente do corpo, e sair relaxada, com os cabelos molhados e a pele fresca, pra entrar no quarto cheirando à chuva e te encontrar na cama, concentrado num livro.

Eu me aconchego a você. Os últimos dias foram corridos, faz um tempinho que não temos uma noite para nós. O ar finalmente está mais fresquinho depois de um dos dias mais abafados do ano. Você está só de cueca, cheirando a sabonete, a pele ainda quente do banho que você tomou antes de mim. Eu te abraço pela cintura, afundando o rosto na sua nuca.

– E aí, o livro tá bom?

– Uhum, acho que amanhã eu termino. – Eu não resisto à extensão da sua pele na minha frente e cravo uma mordidinha no ombro, te arrancando um ronronado. Você larga o livro no criado-mudo, virando o corpo para me encarar. Minhas mãos ficam passeando pela extensão das suas costas, enquanto você segura meu rosto com as mãos e me beija.

Sua boca tem aquele gosto de algum doce de infância que eu não consigo nunca identificar qual é, e eu não resisto a morder de novo, porque é bom demais te morder. É engraçado que eu sempre achei o seu beijo febril, mas agora parece que a temperatura anormalmente alta se espalhou pelo seu corpo inteiro.

Era para ser só um beijinho, mas você segura meu rosto nas suas mãos daquele jeito que você sabe que eu adoro, e quando você enfia a mão debaixo da minha blusa de pijama eu me arrepio inteira. O toque das duas mãos na minha pele causa uma reação elétrica, um choque que deixa meu corpo inteiro vibrando, como se fosse um motor em baixa frequência.

O beijo se aprofunda e eu vou derretendo. É sempre assim, mesmo depois de tanto tempo. A sensação de estar com você é de um tiro de pó com umas dez doses de tequila e uma cartela de doce, tudo ao mesmo tempo, num coquetel pra ser injetado na veia.

Minhas mãos estão grudadas no seu torso e a gente ainda não parou de se beijar por um segundo. Mas quando você me puxa pela cintura e nos cola dos ombros às pontinhas dos pés, eu preciso quebrar o beijo para gemer baixinho e buscar ar – porque parece que eu estou sufocando.

Em pouco tempo meu pijama está no chão e eu dou um gemidinho de frio só de manha – afinal, está um calor do inferno. Você cobre o meu corpo com o seu e quando seus dedos alcançam a barra da minha calcinha, minhas unhas já estão cravadas nas suas costas. Você começa a me tocar com a perícia de quem conhece todos os meus cantinhos, mas sem querer chegar lugar nenhum – de um jeito preguiçoso só pra me deixar com vontade. Sua testa está colada na minha, e o jeito que você me olha me faz sorrir. Quando você sorri de volta eu sinto um formigamento estranho por dentro. Estar apaixonada assim é tão esquisito. É como se tivesse uma bola de borracha no meu peito e ela fosse ficando maior até querer explodir tudo pra sair.

Você leva os dedos à boca, fazendo cara de quem provou algo delicioso, antes de colocá-los nos meu lábios para me fazer chupar também. Eles se demoram no cotorno na minha boca antes de descerem mais uma vez, mas eu cansei dessa tortura mansinha. Agora é minha vez. Eu te jogo te volta na cama, separo suas pernas, descendo a cueca de uma vez e dando um mordidinha na sua tatuagem abaixo do umbigo.

Adoro quando você geme logo que eu começo a te chupar, puxando os cabelos na minha nuca de leve enquanto eu faço um boquete sem pressa, que a gente tem a noite toda para aproveitar. Eu vou mais fundo, o mais fundo que dá, bem devagar, aumentando o ritmo aos poucos. Quando você começa a se empolgar, eu paro, fazendo uma punheta bem lenta, enquanto me delicio nessa expressão safada que você guarda só pra esses momentos.

Suas pernas relaxam e se abrem enquanto voce impulsiona seu quadril de leve, quase sem perceber, a respiracao entrecortada. Eu te chupo mais um pouquinho antes de descer, torturando a parte sensivel do interior das suas coxas, descendo mais e mais, mordendo a curvinha da sua bunda de leve.

Você geme e eu aproveito para lamber a pele por ali, te fazendo tremer com o choque, explorando a área com a língua antes de ir ao que interessa; afasto mais suas pernas, indo direto a ponto para comecar um beijo grego lento e carregado de tesão.

Com certeza está na minha lista de MELHORES COISAS DA VIDA ouvir a sua primeira reação sempre que eu faco isso. Eu nunca me canso. Eu conheco todos os seus detalhes e curvinhas, a receita exata pra te fazer perder completamente o controle, e eu amo a nossa intimidade.

Alguns minutos e você está se contorcendo contra os lençóis, murmurando coisas sem sentido enquanto puxa meu cabelo descoordenamente. A brincadeira já está mais que divertida – mas aí eu me lembro de uma coisa da qual a gente sempre falou – mas nunca realmente fizemos.

Minha língua te penetra devagarzinho – só a pontinha, so pra provocar. Arranho a superfície da sua coxa e agarro o seu pau com firmeza, masturbando devagarinho, continuando a invasão preguiçosa. Você relaxa na cama, os músculos se dissolvendo da tensão pra me dar mais acesso – É, acho que agora é uma boa hora.

Eu seguro o seu quadril com a mão livre, apertando pra te fazer virar de bruços. Mordo mais uma vez – só porque você tem uma bundinha bem linda e é difícil resistir. Depois, sopro de levinho, dando risada quando você se arrepia porque você é tão previsível, e parto para o ataque.

Sempre tão gostoso ver como você se desmancha na cama toda vez que eu faço isso. Você arfa e pede mais, esfregando o seu pau nos lençóis. Eu subo, beijando as covinhas das suas costas.

– Sabe o que eu estava pensando?

– Em voltar a fazer o que você estava fazendo? – Você responde, sem ar. Eu dou uma risadinha.

– Não. Em fazer aquilo que a gente sempre teve vontade. – Eu mordo o lábio, porque mal consigo conter a antecipação. – Eu te comer.

Você vira pra mim, o rosto afogueado, cabelos bagunçados. Eu levanto uma sobrancelha, como quem diz “e então”?

– Vamos. – E seus olhos brilham de animação também. Eu quase pulo da cama, alcançando a nossa gaveta de brinquedinhos e escolhendo um vibrador médio. Vamos começar modestamente.

– Tá. Me avisa se machucar que eu paro. – Você acena que sim, com cara de criança que vai estrear um brinquedo novo. Eu volto a ajoelhar na cama, plantando beijinhos na lateral da sua cintura, descendo devagar.

Retomo o que eu estava fazendo, lambendo a sua entrada devagar, penetrando de levinho. Quando eu vejo que você já se desconcentrou de novo, levo um dedo para ajudar no processo, pressionando até a resistência ceder.

A prática não é incomum – já estamos acostumados a fazer sempre, mas nunca fomos além disso e eu tenho receio de não fazer alguma coisa direito e te machucar. Eu curvo o dedo dentro de você, sorrindo quando vejo que te provoca um gemido. Bom, pelo menos isso eu não esqueci como fazer.

Depois de um tempo introduzo mais um dedo e continuo até sentir que seus músculos relaxaram o suficiente. Alguns segundos lutando para abrir a camisinha com dedos trêmulos, uma quantidade generosa de lubrificante, e forço a entrada com o vibrador de levinho no começo, testando a sua reação.

Você geme de novo – dessa vez estrangulado, e eu mordo meus lábios porque se essa não é a situação mais excitante em que já estive com certeza está no top 5. Eu ajeito a posição do vibrador e começo a ir mais fundo. Você afunda o rosto no travesseiro, e eu me pergunto por que raios a gente ainda não comprou o espelho gigante que a gente sempre fala em comprar porque eu daria tudo pra ter uma visão panorâmica de você de quatro na cama enquanto eu te como assim.

– Mais. – Você sussurra estrangulado, quase rasgando a fronha. A essa altura, você já está praticamente transando com o colchão, então eu te viro e desço a língua pelo seu torso pregado de suor. E já que é pra fazer direito, na hora em que eu tomo a sua glande na boca, ligo o vibrador.

A posição exige bastante da minha coordenação, mas pelo jeito, vale a pena. Você levanta os quadris, forçando o seu pau dentro da minha boca sem nem perceber, suas coxas dobrando com os espasmos. Você puxa meu cabelo forte, e me implora para eu não parar, e eu não paro, não paro até você gozar na minha boca e eu engolir tudinho porque puta que pariu, que delícia, eu tô abismada e sufocada de tesão.

Você me olha com os olhos arregalados, também sem conseguir acreditar, e eu quero te dar prazer assim muitas outras vezes, mas agora é minha vez. Eu arranco a calcinha e subo pelo seu corpo, prendo seus braços na cama e sento na sua cara.

Rapidinho você acorda do torpor, me chupando do jeito que você sabe muito bem como fazer, e em poucos minutos eu gozo, me esfregando na sua língua e chamando o seu nome.

– A gente… – Eu começo, ofegante, guardando o vibrador e arrumando a coberta que virou um fuá. – Precisa fazer isso outra vez.

– Concordo. – Você sussurra baixinho, ajeitando minha cabeça no seu peito e afastando as mechas molhadas da minha testa. – Vinte minutos e segunda rodada?

A gente ri junto e de novo essa sensação esquisita de ter uma coisa querendo sair de dentro do peito. Eu não sei se algum dia vou me acostumar com amar alguém tanto assim, mas eu não tenho dúvidas que quero continuar tentando.

Turbilhão

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Fonte: The3alex

Quem a gente pensa que engana? Todo mundo aqui rindo e bebendo como se tivesse nenhuma preocupação na cabeça. Eu aqui rindo e bebendo como se não tivesse um rombo do tamanho de um caminhão no meio do peito que nada, nada consegue preencher, como se eu não sentisse que não sou boa em nada o tempo todo, como se não estivesse entornando essa garrafa de vinho porque o álcool faz existir doer menos. Ridículo né, a gente fingir que não é ridículo, pelo menos eu sou ridícula assumida e eu sei que você gosta. Eu vejo você me olhar do outro lado da mesa, eu vejo você sorrir de lado tentando disfarçar quando eu te pego no flagra.

Você olha olha olha e não faz porra nenhuma, até quando a gente vai ficar nesse jogo de gato e rato, encheu o saco isso já, vamos ficar nesse teatrinho pra quem? Pra quê? Eu tô sabendo muito bem que as suas intenções comigo são as piores, saiba você que é mútuo. Você acha que eu tô esperando você me tratar como namoradinha? A essa altura da minha vida eu sei muito bem o meu lugar, me criei sozinha a vida inteira, você não vai ser o primeiro nem o último a vir e não ficar.

Eu sei que você gosta quando eu deixo todo mundo desconfortável com esse meu jeito de vagabunda, os meus comentários inapropriados, os meus shortinhos que param no meio da bunda que eu já nem tenho mais idade pra usar. Eu sinto seu olhar me queimando quando eu viro shot atrás de shot até estar trocando os pés, sentando na mesa com as pernas abertas pra tentar chamar sua atenção, fazendo piadas que ninguém ri, pedindo músicas que ninguém gosta.

Se ainda não está claro o suficiente, eu quero você também. Eu te quero quando você está dominando a atenção de todo mundo e punhetando o seu ego, eu te quero quando você fica passando cantadinha na geral feito Don Juan de terceiro colegial, eu te quero quando você vem me apertando toda, assim sem querer querendo só pra me deixar louquinha,  eu te quero quando você também já tá bem louco e fala coisas sem nexo e de repente eu descubro que não sou eu sozinha nessa coisa de faz-de-conta, você também tá se doendo todo por dentro, e quando a gente dói junto dói menos, dói menos até do que quando eu já tô no último grau do porre, então será que dá pra parar de palhaçada e ir logo pra putaria, será que já não deu pra entender, que eu quero você por dentro até o talo, até a minha garganta.

Eu quero que você me vire de quatro e imprima a sua mão na minha bunda, eu quero que você me coma bem forte pra descobrir que quando eu gozo eu grito bem alto, eu quero te contar no seu ouvido que o seu cheiro me deixa mo-lha-da, desde que a gente se conheceu é raro eu pensar em outra coisa, quero sentir sua pica dura por minha causa, quero me trancar num quarto com você e te dar até a gente não aguentar mais. Se você quer que eu seja sua fantasia tá tudo certo, pode vir, fica à vontade, já falei que tô acostumada.

Some sorrateiro no dia seguinte antes que eu acorde pra encontrar aquela menina legal que você quer apresentar para os seus pais, desde que à noite você seja meu. A noite toda, e que as horas se estendam e pareçam anos enquanto você me invade, me arranha, me morde, me machuca, me domina, me enfrenta, me aniquila, me neutraliza.

Como (não) resistir a uma tentação

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Fonte: Best-Bumblebee (Tumblr)

– Vou fazer mais um drink. – Eu sinalizei, levantando. – Alguém quer alguma coisa?

– Pega uma cerveja pra mim? – O Murilo me pediu, me entregando sua long neck vazia. – Você é a melhor. – Ele piscou e eu saí rindo, passando no espelho do corredor para checar se a maquiagem ainda estava ok. Por enquanto, tudo sob controle.

Estava tentando tirar o gelo da fôrma para finalizar minha caipivodka, quando ouvi a porta do apartamento se abrindo. Da cozinha, dava para ouvir ele colocando as chaves e o capacete na mesinha do corredor. O volume do pessoal na sala ficou bem alto de repente quando viram que ele chegou. Ouvi ele cumprimentando todo mundo, dizendo que estava animado para noite, que ia só tomar um banho rápido.

Respirei fundo, tomando umas duas goladas do meu drink antes de voltar para a sala. Ele estava justamente saindo e nos esbarramos no corredor.

– Oi. – Eu disse, talvez um pouquinho mais alto do que o normal que afinal aquele era o meu terceiro drink. Vi ele me escanear, meu rosto, meu corpo, a roupa que eu estava usando, e percebi a mudança em sua linguagem corporal. Ele tinha ficado tenso, como sempre. Fiz força para não rolar os olhos.

– Oi. – Ele respondeu meio sem jeito, me dando um beijo apressado e sumindo para os fundos do apartamento. Eu já estava bem cansada de ser tratada como se ele tivesse visto o próprio demônio em forma de gente toda vez que a gente se esbarrava em situações daquele tipo. Dei de ombros me convencendo que aquilo não iria estragar o meu humor.

Voltei para a sala, avisando logo que a próxima música era escolha minha. Murilo me agradeceu a cerveja, eu relaxei na poltrona, apreciando o meu drink. Noites como aquela tinham se tornado corriqueiras e eu não podia estar mais feliz. É sempre bom sentir que a gente faz parte de algo. Finalmente tinha encontrado a minha turma, e sempre estávamos inventando uma coisa para fazer. Às vezes era só uma tarde tranquila tomando cervejas no parque, às vezes era provando no restaurante hype do momento. Muitas vezes era saindo para aproveitar uma balada e voltar só no outro dia. Geralmente fazíamos um bom esquenta no apartamento dos meninos – o mais próximo do centro – e era sempre em noites assim que ele nunca ia.

Estava convencida que talvez daquela vez fosse ser diferente. Até que ele apareceu no vão da sala vestindo moletom, com o cabelo molhado e a toalha sobre o ombro. Na mesma hora todo mundo começou a protestar.

– Porra, cara, não é possível!

– Você disse que ia só tomar um banho!

– Foi mal gente, mas depois de entrar no banho, percebi que tô morto. Não vou dar conta. – Ele se desculpou, e olhou de relance para mim. Eu não consegui me segurar. Sacudi a cabeça em sinal de reprovação, enquanto, como sempre, todo mundo insistia para ele mudar de ideia – em vão.

Depois de ceder que ia pelo menos tomar algumas cervejas até a gente sair, ele sentou no outro canto da sala, como se eu estivesse com alguma doença contagiosa pelo ar. A conversa e as bebidas rolaram normalmente, até que lá pelas tantas a Aline avisou que era melhor a gente ir ou íamos perder a lista. Todo mundo se levantou, checando celulares, casacos, maços de cigarro, e fomos nos enfileirando para sair.

– Tem certeza que não vai?

– Fica pra próxima. – Ele se justificou, como sempre. – Prometo.

Eu fingi que estava procurando meu celular, esperei todo mundo sair.

– Já vou! – Eu gritei do corredor. Fui para os fundos do apartamento e o encurralei antes que ele conseguisse se esconder no quarto. – Ei! Podemos dar uma palavrinha?

Ele piscou algumas vezes, claramente desconfortável.

– Claro, o que você manda?

– É impressão minha ou você tá fugindo de mim? – Senti que ele congelou por um segundo antes de bufar.

– O quê? Lógico que não. De onde você tirou isso?

– Toda vez que a gente sai pra balada é a mesma coisa. Você fica sabendo que eu vou e decide miar.

– É pura coincidência cara, não noia. Eu só ando bem cansado mesmo…

– É? Menos na semana que eu tava viajando, né? Hoje mesmo eu ouvi você falando pra todo mundo que ia e quando viu que eu tava aqui, magicamente mudou de ideia.

– Lógico que não, meu, não pira! Eu só percebi que tava mais cansado do que imaginava…

– Para de me fazer de burra, eu não sou burra. O que está acontecendo? Eu tô começando a achar que devia parar de vir nos rolês, para deixar você mais à vontade.

A gente se encarou por longos segundos, até que ele suspirou.

– Você tem razão.

– Cara, por quê?

– Acho que você sabe porque.

Foi a minha vez de suspirar. Bom, pelo menos ele não me odiava. As minhas suspeitas mais íntimas tinham se confirmado – aquela tensão sexual louca que eu sentia sempre que a gente estava no mesmo cômodo não era coisa da minha cabeça. Saber que ele também me queria me fez surgir um frio na barriga. Mas era pior saber que o desejo era mútuo e aquilo não podia acontecer nunca.

– Pensei que talvez fosse coisa da minha cabeça.

– Ana! Vem logo!

– Já vou! – Eu gritei. – Acho que a gente é adulto o suficiente pra não fazer nenhuma besteira se não quiser. Você sabe muito bem que eu respeito você…

– É claro que eu sei.

– Você e o seu relacionamento. Enfim, faz como você achar melhor, mas até quando você vai evitar os seus rolês com os seus amigos por minha causa? – Eu o encarei por alguns segundos. Inclusive fazia muito tempo que não o via tão de perto assim – era sempre de relance, sempre apressado. Tinha até esquecido que ele era mais gato de perto, mas engoli em seco firme no meu propósito de ser alguém que não veio ao mundo pra dificultar a vida de ninguém. Dei as costas e fui embora.

***

Na semana seguinte, eu estava aproveitando o solzinho bacana que estava fazendo, distraída e presa na música que tocava nos meus fones de ouvido. Combinávamos de fazer a bendita festa na piscina há meses, e finalmente tinha feito um fim de semana de sol. Me servi de mais um gole do meu drink, observando o líquido dar mil voltinhas no canudo de plástico – Onde a Aline tinha arranjado aquelas coisas mesmo? – Quando um “oi” perto do meu ouvido quase me fez derrubar a bebida toda.

– Caralho, que susto!

– Foi mal! – Ele se desculpou. O segundo susto foi quase maior do que o primeiro. Nem acreditava que daquela vez ele tinha ido. Eu sorri de canto.

– Oi. – Ele sorriu de volta, um sorriso cúmplice. Eu estava feliz que ele tinha me levado a sério, e ele sabia. Ele se sentou ao meu lado e abriu uma cerveja. Eu relaxei na minha cadeira de sol – finalmente os dias de estranheza tinham ficado para trás.

***

Pelo menos era o que eu achava. Mais para o fim da tarde o nível alcoólico de todos já tinha subido consideravelmente, assim como o volume da música. Tinha conseguido raptar a playlist, e estava botando todo mundo para ir até o chão com a minha clássica seleção *escracho anos 2000*, quando ele segurou meu cotovelo e me fez subir até ficar de pé novamente. Já tinha sofrido muita censura na vida, mas ser impedida de rebolar no meio do refrão de Atoladinha era infração gravíssima, e eu realmente tive que me segurar para não voar no pescoço dele.

– Que porra?? – Eu gritei, me desvencilhando dele.

– Já tá bom, não precisa dançar mais. – Ele disse dando de ombros, com um sorrisinho no canto da boca.

– Como é que é??? – Meu sangue talhou.

– Você tá muito sapeca. – Ele disse, como se fosse uma justificativa válida. Deu pra ver que ele também já estava pra lá de altinho, não tirava da cara aquela expressão de divertimento. Se eu soubesse que ele ia começar a me encher a paciência, jamais teria insistido para ele aparecer nos rolês. Fiquei fula e me segurei ao máximo para não rodar a bahiana

– Acho que isso aí é problema seu. – Respondi o mais ríspida possível para a mensagem de que eu não tinha gostado penetrar a névoa de álcool dele. Depois saí pisando duro, fui para o outro canto da sala e rebolei duas vezes mais.

***

Não nos falamos o resto da noite. Estava tomando um chá gelado bem necessário para abaixar o meu nível alcoólico, apreciando o restinho de luz do sol que ainda estava visível da varanda. O resto do pessoal estava dançando no terraço, mas eu realmente queria ver o pôr-do-sol, por isso tinha descido. A melhor vista do apartamento com certeza era dali.

Ele abriu a porta da varanda com dois cigarros perfeitamente bolados na mão. Estava com aquela expressão de quem sabia que tinha feito coisa errada, os dois olhos arregalados. Ele me ofereceu um dos cigarros.

– Fica como pedido de desculpas?

– Desculpas aceitas. – Eu concordei, acendendo o cigarro. Ele se sentou na cadeira vazia ao meu lado.

– Não quis fazer papel de babaca com você não.

– Relaxa. Tava todo mundo bêbado e eu tenho um problema pessoal com censura.

– É, mas eu não queria te censurar.

– Eu sei, só-

– O problema não era você dançar. O problema é que fica difícil resistir.

– Olha, eu…

– Talvez porque eu não quero. Resistir.

Abri a boca para dizer alguma coisa, mas fechei logo depois. Fiquei sem fala. Ele me encarou com tanto intento que parecia que estava me queimando com o olhar. Eu fiquei ali paralisada. Os segundos se arrastaram, e eu não sabia o que fazer. Dava pra afiar uma faca em toda aquela tensão.

Ele se aproximou devagar. Eu engoli em seco. Sabia que estávamos prestes a nos beijar, mas ainda assim, era difícil de acreditar que realmente ia acontecer. Ele não parou de me encarar um segundo, até estar bem perto, descendo o olhar para a minha boca. Então senti os dedos dele na minha nuca e finalmente nossos lábios se tocaram.

Eu já tinha imaginado aquilo algumas vezes, mas toda vez que a cena aparecia na minha cabeça, eu empurrava ela lá para o fundinho da minha mente. Mas aquilo era real. E era um beijo explosivo, daqueles que prenuncia problema, daqueles que deixa a gente zonza.

Senti as mãos dele descerem da minha nuca para os meus ombros, enquanto os lábios acompanhavam indo para o meu pescoço. Ele desceu as alcinhas do meu biquíni, me fazendo arrepiar, e deixou uma trilha de beijos pelos meus ombros nus. Senti que ele dava mordidinhas, as mãos continuaram descendo, pelas minhas costas, depois minha cintura, depois o meu quadril. Foi aí então que aconteceu um estalo.

Eu saí do meu estado de estupor e passei minhas mãos pela nuca dele, enquanto ele me puxou para a beirada da cadeira, se encaixando entre as minhas pernas. De repente nosso beijo se tornou sôfrego, a única coisa que eu conseguia pensar é “por que eu não fiz isso antes?”. Me pendurei no pescoço dele, enquanto a gente ia se beijando como se quisesse engolir um ao outro. As mãos dele desceram para as minhas coxas, apertando com força e subindo para debaixo da minha saia. Agora que a gente tinha finalmente começado, sabia que não ia dar pra parar.

Quando eu vi ele tinha me pegado no colo, com as pernas encaixadas na cintura dele, e a gente estava indo para dentro do apartamento. Com certeza o pessoal ia perceber o nosso sumiço, mas naquela altura foda-se. Eu sabia que a Aline ia ceder o quarto dela de bom grado, ela sempre foi quem mais torceu pra que algo acontecesse entre a gente, inclusive era quem insistia que a gente ia ficar mais cedo ou mais tarde enquanto eu balançava a cabeça e respondia que nunca ia rolar.

A gente entrou no quarto quase derrubando tudo – clichê de cena de filme,  eu sei. Ele me jogou em cima da coberta peludinha que eu adorava e eu comecei a dar risada sozinha. Naquele momento, aquela decisão egoísta, inconsequente e inflamada de álcool parecia a decisão mais óbvia do mundo. Eu estava com aquela moleza no corpo depois de tomar sol o dia inteiro, ainda mais à flor da pele do que o normal, e cada toque dele ardia de levinho, me causando arrepios.

Ele arrancou o sutiã do meu biquíni num gesto impaciente, prendendo meus braços na cama enquanto continuava a me torturar com mordidas e beijos violentos. Naquele passo, eu ia ficar toda marcada. Não vou mentir que adorei a ideia.

Quando ele chegou no osso do meu quadril, deixou mais uma mordida e diminuiu o passo, parando para admirar a tatuagem que eu tinha ali.

– Sempre ficava louco pra ver de perto. – Ele disse num sussurro rouco, contornando as linhas com a língua. Depois, deitou a cabeça ali no meu quadril e voltou a me encarar. Engoli em seco porque era difícil olhar daquele jeito pra ele sabendo o que a gente já tinha feito, o que estávamos prestes a fazer. Ele escaneou meu corpo mais uma vez, como se ele também tivesse gastado muito tempo imaginando se um dia aquilo ia acontecer, até que seu olhar voltou para a minha tatuagem, e depois desceu para a calcinha do meu biquíni. Vi ele suspirando abafado antes de separar um pouco as minhas pernas e arrastar a calcinha para o lado.

Eu gritei de leve, de susto e de prazer, quando ele começou a me chupar de maneira implacável, confirmando minhas suspeitas mais secretas de que também tinha um pendor natural pra sacanagem. Eu estremeci, tensionando o corpo e segurando o cabelo dele instintivamente.

– Como você é sensível. – Ele sussurrou num tom de voz tão sujo que puta que pariu. – Fica comigo, vai. – Ele continuou a me chupar mais um tempo naquela posição até que parou, ainda segurando a lateral da minha calcinha e eu o vi correndo o olhar por mim inteira de um jeito obsceno. A exposição gerou uma pontada clara de excitação, me fazendo contrair. Ele desceu a minha calcinha de uma vez, descendo para se ajoelhar no chão e meu puxando para a beirada da cama sem delicadeza alguma.

Mordi minha mão pra não gritar de novo, enquanto ele apertava meu quadril com força e me abria inteira com a língua, gemendo alto, como se aquela situação causasse tanto tesão nele quanto em mim, e era indecente. Eu podia sentir o meu autocontrole me escapando. Eu estava ficando encharcada, tremendo inteira, enquanto ele me devorava como se eu fosse uma fruta.

Eu desmanchei na cama e naquele cobertor fofinho, apreciando estar sendo deliciosamente reverenciada. Fazia tempo demais desde o último oral realmente bom que eu tinha recebido, e as habilidades dele com os lábios e os dedos não deixavam nenhum pouco a desejar. Ele curvou os dedos dentro de mim, sabendo o ponto exato que queria acertar, estimulando a haste do meu clitóris por dentro enquanto o sugava por fora e o efeito foi de alucinar. Quando eu gozei ele grunhiu com cada contração ao redor dos dedos dele. Eu estava ocupada demais pendendo minha cabeça para trás  e levantando meu quadril para acompanhar cada onda do orgasmo.

Precisei de um momento para voltar a respirar normalmente, esfregando os olhos para minha visão, clarear, quando ele começou a rir. Abri os olhos com raiva, achando que ele estava rindo da minha cara, quando vi que ele estava olhando em direção à porta do quarto.

– A porta estava aberta o tempo todo! – Ele comentou, levantando para fechar.

– Putz… Espero que ninguém tenha descido nesse meio tempo.- Eu comentei. Bom, pelo menos estávamos entre amigos. Ouvi ele trancar a porta, e andar em direção à cama. Eu olhei direto para a sunga dele e ele percebeu, me encarando de volta com um ar muito safado. Eu mal podia acreditar que tinha perdido aquilo tudo por tanto tempo.

Desci a sunga dele, ajoelhando na cama. Ele puxou o meu cabelo, me guiando para começar um boquete, e a gente não parou de se encarar um segundo. A conexão era eletrizante, só me deixava mais excitada, e eu estava adorando que ele não me tratava como uma boneca de porcelana, mas sim como uma mulher adulta, que estava ali para aproveitar tanto quanto ele.

Relaxei a garganta, respirei pelo nariz e fui o mais fundo que consegui, sentindo ele apertar a minha nuca. O trouxe mais pra perto pelos quadris e comecei a movimentar a cabeça, bem devagar no começo, depois aumentando a intensidade dos movimentos. Meus reflexos estavam ainda mais descoordenados do que de costume, e acabou sendo um boquete bagunçado, sem refinamento algum, mas a julgar pelos espasmos involuntários do quadril dele e pelos seus gemidos guturais, ele não tinha muito do que reclamar. Continuei por um bom tempo, até que ele puxou meu cabelo com força.

– Para. Não é assim que eu quero gozar. – Olhei para cima e ele estava corado, com os lábios inchados, ofegante, os olhos turvos. Era muito sexy, e eu não resisti a continuar a tortura.

– Tem certeza? – Perguntei, passando a língua pela glande dele, esfregando os lábios ali sem parar de encará-lo. Ele mordeu os lábios.

– Você não presta, puta que pariu.

Ele me jogou na cama, separando minhas pernas com força e depois molhou dois dedos na boca bem generosamente e levou até a minha entrada. Eu já estava mais do que molhada o suficiente, aquilo era só firula, mas não dava pra mentir que estava amando ver que a mente dele era tão suja quanto a minha, e algum lugar no fundinho de mim alguma coisa gritava que aquilo ia ser problema, mas com certeza eu podia lidar com aquilo no dia seguinte.

– Nossa. – Ele arfou. – Parece seda por dentro.

Caralho. Ele queria me deixar maluca? Tirei os dedos dele de dentro de mim, puxando os seus ombros para que ele me comesse logo de uma vez. Uma camisinha se materializou nas mãos dele, e aí finalmente, FINALMENTE, ele estava dentro de mim. O tempo se estendeu e distorceu; parecia que os segundos duravam horas, todo o meu foco na sensação primitiva e deliciosa que era sentir ele me comer daquele jeito. Vi ele segurando a cabeceira da cama para se apoiar e meter bem forte. Sinceramente, tudo se misturava. Acho que o sexo deve ter durado pouco, talvez – afinal eram meses de tensão sexual acumulada. Mas minha percepção estava seriamente comprometida.

Fui derretendo no pau dele, as unhas fincadas na pele das costas. Ele gemia açorado no meu ouvido, e eu sabia que ele estava prestes a gozar. Eu queria que durasse muito mais, a noite inteira, mas só de saber que aquilo estava acontecendo, que era realmente ele ali, em cima de mim, ao meu redor, por dentro, a minha cabeça girava.

Quando eu gozei de novo, ele gozou junto. Gememos um na boca do outro com cada espasmo. Não conseguíamos parar de nos encarar, incrédulos. Era um misto de “assim que todo sexo deveria ser” com “que porra a gente vai fazer agora que sabe que é bom assim”. Ele não disse nada, nem eu. Apenas tirou a camisinha, deitou ao meu lado para que a gente pudesse tirar um merecido cochilo.

O mundo real podia esperar até a gente acordar.

Naquele ano novo

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Fonte: Pinterest

Tinha acabado de fazer 18 anos quando conheci a T. Estava passando as férias em uma cidadezinha do interior de Minas chamada Lagoa da Prata, que eu sempre ia para visitar meu amigo Gabriel. Só que aquelas férias eram diferentes: Tinha acabado de me formar no ensino médio e era maior de idade, o que significava que eu ia garantir legalmente o suprimento de álcool de todo rolê.

Num dia sem fazer nada ao redor da lagoa, ela chegou. Pôs a minha adultisse no chão. A T. usava uma jaqueta de couro, óculos escuros, tinha um corte de cabelo descolado. Ela tinha 18 anos há pouco tempo também, mas já tinha saído da casa dos pais há anos, para cursar o ensino médio em outra cidade. Ela contou que tinha acabado de terminar um relacionamento, que era complicado, porque ela morou por um ano com a menina. Acendeu um cigarro, ajeitou a jaqueta e ficou contemplando a lagoa.

Naquela época, eu era uma pamonha. Nunca fui tímida, mas eu era insegura demais para ficar a vontade na presença dos outros. Não sabia como agir, não sabia me colocar, tinha medo e vergonha de soar errada. Tinha vergonha de ser tão magrela, usava as bermudas que roubava do meu pai, meu cabelo estava eternamente preso num rabo de cavalo sem graça. Ainda ia demorar muito tempo para eu conseguir me sentir confortável para ser a pessoa que eu era.

Fiquei interessada na T. logo de cara, mas imaginei que ela nunca ia me querer de volta. Imagina, a menina era toda experiente, até morado com outra garota tinha, e eu no máximo tinha dado uns amassos em banheiros públicos depois de muito álcool. Além disso, ela tinha acabado de terminar o namoro, estava chateada. Afastei a ideia da minha cabeça e passamos dias ótimos, fazendo piadas enquanto andavamos de uma ponta a outra da cidade, pensando em como ia ser o futuro quando a vida parecia uma página em branco.

Quando chegou o reveillón, falamos para a mãe do meu amigo que íamos passar a virada na única boate da cidade. Mentira deslavada porque nos achávamos cool demais para nos misturar com o resto do pessoal que não usava all star e não ouvia The Clash. Em vez disso, nos juntamos eu, meu amigo, a T. e outro amigo nosso e alugamos (usando a minha  carteira de identidade, com muito orgulho) um quarto num hotel podreirinha da cidade. O hotel era bem antigo, o quarto parecia de uma casa velha mal assombrada. Mas para nós nada podia ser mais uma celebração da nossa liberadade do que nos trancarmos naquele quarto com um monte de álcool e cheetos e assistirmos show da virada.

Já passava das uma, estávamos todos bêbados rindo do esforço da repórter da Globo para continuar preenchendo a transmissão dos fogos de Copacabana quando ela obviamente não tinha mais nada pra falar. Eu estava deitada em uma das camas do quarto, a T. do meu lado, quando por algum motivo, em algum momento, ela começou a fazer carinho na minha perna, a mão subindo debaixo da minha bermuda.

Gelei. Não sei se os meninos perceberam. Tentei agir normalmente, continuar a conversa, mas a minha voz foi morrendo, até que eu fiquei calada. Com 18 anos, apesar de já ter tido um namoro longo, minha experiência em se tratando das putarias era quase zero, tanto com meninos quanto meninas. Minha vida amorosa tinha sido muito confusa e platônica até então, meus encontros eram sempre rápidos, em situações estranhas, quase sempre com gente tão inexperiente quando eu.

A T. não era inexperiente.

Era uma coisa tão simples, uma carinho na parte detrás da minha coxa. Eu já tinha ido muito mais longe do que aquilo. Mas mesmo assim, parecia que os nervos da minha perna estavam diretamene conectados com o meu cérebro. Eu fui ficando encolhida, minha respiração foi ficando mais rasa. Eu tentava disfarçar, com medo que os meninos entendessem a situação, mas sentia que eu ia ficando cada vez mais excitada. Tenho a lembrança nítida da sensação da mão dela acariciando minha perna e sentindo minha calcinha ficando molhada, pulsando de tesão. Acho que foi uma das vezes em que eu fiquei mais excitada na vida.

Aquilo durou muito tempo. Não sei se ela não sabia se eu estava interessada, ou só queria me torturar mesmo, mas o fato que é que para mim pareceram horas. Eu sentia que a qualquer momento ia vazar e molhar o lençol. A excitação foi lentamente derrubando a minha vergonha e depois de muito hesitar, eu alcancei a perna dela, coberta por calças jeans, devagarzinho para retribuir o carinho. Não sabia o que fazer, mas não queria que aquilo acabasse. Tentava soltar o ar devagar pela boca para não arfar.

Foi então que ela falou bem baixinho para mim, “eu voto a gente ir para o banheiro”, com a maior gentileza do mundo. Parecia que ela podia captar o meu nervosismo, e queria me deixar a vontade. Eu acho que só fiz que sim com a cabeça com aquele entusiasmo característico dos adolescentes.

Fomos. Eu olhei para o chão, com vergonha de encarar meus amigos, que claro, já tinham notado o clima muito antes de mim até e estavam torcendo por nós duas. Entramos no banheiro que também tinha aquele ar de casa velha. A luz não funcionava, mas eu por dentro achei melhor assim. Lembro que entrava um fiozinho de iluminação pela janela, provavelmente de um poste na rua. A gente se encostou na porta e começamos a nos beijar.

Sinceramente, eu perdi a noção do tempo. Passamos horas naquele banheiro. Ela me passava a sensação de estar 100% segura do que fazia, e eu, do alto da minha inexperiência, abandonei o controle do meu próprio corpo e simplesmente me deixei levar. Quando eu vi, estava de calcinha e sutiã na frente dela. Eu nunca tinha ido tão longe com ninguém. De repente fiquei muito consciente de que pela primeira vez estava numa situação em que poderia ir até o fim e de fato transar com alguém. A perspectiva me assustava um pouco, não sabia se estava pronta. Mas ela não forçou a barra. Pelo contrário.

Desceu a mão pelo meu corpo, com perícia de quem sabe o que está fazendo. Desceu para dentro da minha calcinha, foi passando os dedos por toda a minha boceta bem devagar, até que eu relaxei. Aí ela começou a tocar o meu clióris no ponto exato, do jeito certo. Eu gemi alto. Nunca ninguém tinha feito aquilo comigo antes. Eu não conseguia mais raciocinar. Todas as minhas inseguranças viraram fumaça. Eu abri as pernas o máximo que dava, me apoiando na porta atrás dela. Eu sentia que não seria capaz de lidar com todo o tesão que eu estava sentindo, parecia que eu ia desmaiar, ou explodir, ou gritar.

Depois entramos na banheira vazia (que não funcionava) e lá ficamos até o amanhecer. Não fizemos muito mais do na porta – bem que eu tentei retribuir as carícias, mas não fui tão bem sucedida na missão. Ficamos nos beijando, as mãos em todos os lugares, até que a gente percebeu que estava amanhecendo.

Depois disso, vi a T. algumas outras vez, em episódios aleatórios. Nunca mais ficamos. Mas aquele reveillón abriu um mundo de possibilidades para mim, e eu sinto que eu não fui mais a mesma pessoa.

Astrologia sexy: 12 contos eróticos com os 12 signos do zodíaco

Literatura erótica – 12 contos eróticos com os 12 contos do zodíaco, escritos por uma mulher.

 

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Fonte

Pois é, infelizmente a série de 12 contos eróticos com os 12 signos do zodíaco chegou ao fim. Vou confessar que foi muito divertido para mim escrever os contos com cada um dos signos, tentando descrever o jeitinho de cada um no sexo sem cair nos clichês de sempre.

Foi uma aventura e tanto, produzir tantos contos diferentes em tão pouco tempo. Tive muita dificuldade pra conseguir escrever o conto de sagitário; não imaginava que ia ser tão difícil falar sobre meu próprio signo. Mas agora a série está aí, está pronta, e eu espero que vocês se divirtam tanto lendo quanto eu me diverti escrevendo.

Todos os links estão aqui embaixo. Usem, abusem, mandem prozamigo, pros crush, pra todo mundo.

Ah, não se preocupem. O conteúdo do blog não para, tem bastanteee continho ainda por vir 😉

Aries – 21 de março a 19 de abril

Touro  – 20 de abril a 20 de maio

Gêmeos – 21 de maio a 20 de junho

Câncer – 21 de junho a 22 de julho

Leão – 23 de julho a 22 de agosto

Virgem – 23 de agosto a 22 de setembro

Libra – 23 de setembro a 22 de outubro

Escorpião – 23 de outubro a 21 de novembro

Sagitário – 22 de novembro a 21 de dezembro

Capricórnio – 22 de dezembro a 19 de janeiro

Aquário – 20 de janeiro a 18 de fevereiro

Peixes – 19 de fevereiro a 20 de março

 

12 Erotic Stories with the 12 Erotic Signs (1)
Continuar lendo “Astrologia sexy: 12 contos eróticos com os 12 signos do zodíaco”

Sagitário

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Dobrei o corpo de tanto rir, apertando a minha barriga e tentando recuperar o ar. Suspirei várias vezes tentando fazer o oxigênio voltar a circular, limpando as lagriminhas que tinham saído dos cantinhos dos meus olhos. Estávamos há mais de uma hora vendo um vídeo sem sentido atrás do outro no YouTube, apoiando os pés na mesinha de centro bagunçada com a garrafa de vodka que já tínhamos terminado, os sucos para misturar, o pote de sorvete vazio e o bong de vidro. Ele jurou para mim que tinha um vídeo melhor ainda para mostrar, enquanto eu acendia o bong e mandava mais um trago para dentro, a brisa me fazendo sentir que estava flutuando a uns dois centímetros do sofá.

Será que era só a brisa?

Segurei a fumaça na boca e fui soltando devagar. Senti as minhas extremidades formigando de um jeito gostoso, e me servi de mais um copo de vodka com suco. Já tínhamos passado da metade da segunda garrafa. Sacudi a cabeça, rindo de lado. Teria eu encontrado um companheiro de copo a altura?

Ele me mostrou mais um vídeo completamente idiota e hilário e mais uma vez começamos a gargalhar no sofá. Só que dessa vez ele jogou os braços pra trás, acertando meu copo quase cheio no caminho.

E me dando um banho de vodka.

– Ai, caralho, porra! Desculpa, desculpa! – Ele pegou o copo no chão, todo desastrado, sem saber por onde começar a me secar. A frente do meu vestido ficou ensopada e gelou rapidamente, me fazendo arrepiar de um jeito bom. Ele ficou vermelho como um tomate, mortificado.

– Cara, relaxa, não tem problema…

– Desculpa mesmo…

Relaxa. – Eu queria rir, porque aquela devia ser a primeira vez na vida que não era eu que estava derrubando coisas. Geralmente era eu que estava me desculpando por ter virado bebida em alguém, sendo levantada no chão depois de um tombo, quebrando uma coisa nova logo depois de comprar. Olhei para ele, ele ainda estava sofrendo de vergonha. – Eu disse que não tem problema. Eu tava precisando de uma desculpa pra tirar esse vestido mesmo. – Me livrei da minha jaqueta, e observei com divertimento quando a expressão dele mudou rapidamente de constrangimento para atenção. – Aposto que você fez de propósito.

Eu tirei o vestido ensopado devagar, jogando no chão quando eu terminei. Mordi o lábio porque a ideia de estar só de calcinha e coberta de vodka na frente dele me deixava nervosa de um jeito bom. Como se tivessem ligado um motorzinho eu algum lugar embaixo da minha barriga.

Ele virou o restinho de bebida que tinha no copo. Eu engatinhei até ele, curtindo a ideia de estar praticamente nua enquanto ele ainda estava totalmente vestido. Cheguei bem pertinho da boca dele, e a gente sorriu junto. Era difícil bancar o sério naquele jogo de sedução, quando a gente tinha passado horas gargalhando junto. Quando a gente tinha passado horas falando sobre tudo e qualquer coisa sem nenhum requinte de sofisticação. A minha crueza e o meu entusiasmo tinham encontrado espelho nele e o tesão que eu estava sentindo era só mais uma maneira de a gente se divertir junto.

Quando a gente se beijou, foi rápido, foi desastrado, mas foi com aquela sede de quem nunca teve medo de nenhum de ir com tudo naquilo que dá vontade. Foi uma mistura de mãos e dedos e línguas e logo a gente não sabia onde um começava e o outro terminava. Sentia que estava ficando descabelada, me esfregando no corpo vestido dele com meu torso pregando de vodka e a sensação era de melar a calcinha.

Ele segurou os meus ombros, descendo a boca pelo meu pescoço, mordiscando e descendo a trilha que a bebida deixou no meu corpo.

– Acho que essa é minha nova combinação preferida. – Ele ofegou. – Álcool e você ao mesmo tempo. – Eu ri, balançando a cabeça. Estava muito mais que altinha há tempos já, e parecia que ele tinha tirado as palavras da minha boca. Ele me puxou com força, me fazendo ajoelhar em seu colo enquanto ele lambia toda minha barriga e a lateral do meu corpo.

Puxei o cabelo dele e ele gemeu baixinho. Eu mordi o lábio e levantei a sobrancelha, anotando a informação mentalmente para depois. Puxei de novo com mais força e a gente beijou mais uma vez. A mão dele invadiu a minha calcinha daquele mesmo jeito desajeitado, os dedos dele abrindo caminho e me tocando de maneira vigorosa. Desci da posição em que estava, ficando de quatro sobre ele, para garantir melhor acesso, enquanto arrancava a camiseta dele sem delicadeza nenhuma.

Ele olhava para cima, observando as reações no meu rosto enquanto me tocava, franzindo o cenho e mordendo os lábios, como se quisesse memorizar como me fazer gemer mais alto.

Não demorou e eu estava tremendo, praticamente rebolando contra a mão dele e quando ele sussurrou que queria me ver gozar eu obedeci na hora, como se fosse uma reação espontânea do meu corpo, sobre a qual minha mente não tinha nenhum poder.

Pisquei e sacudi a cabeça para clarear a visão – a sala estava enfumaçada e tudo parecia meio surreal. Ele se levantou do sofá e eu pesquei a ideia, deslizando meus joelhos para o chão e apoiando a meu torso no assento. Ele segurou minha cintura com as duas mãos e me comeu ali, o cheiro do suco de fruta e da maconha impregnando o ar e se misturando com o do nosso sexo. Pensei em muitas coisas; em como parecia que as mãos dele queimavam minha pele, em como ele parecia estar pegando fogo dentro de mim e como eu talvez estivesse gritando alto demais.

Aí ele pediu para eu gritar mais alto ainda.

Foi catártico. Nas mãos dele eu desmanchei, senti que não precisava esconder nem reprimir nada. Toda a minha existência pagã, torpe, libertina fazia sentido quando a gente estava ali, bêbados e suados, entregues um ao outro.

Desmontei no sofá quando acabou, tentando desembaralhar o meu cérebro. Quando ele pareceu voltar para o lugar, me veio a lembrança do vídeo que estávamos vendo antes. E assim recomecei a gargalhar de novo e ele sem nem saber do que eu estava rindo, começou a rir também.

Dizem que o mundo é dos loucos.

Naquela hora, ele foi.