
Às vezes os dias perfeitos não são aqueles em que a gente ganha uma promoção no trabalho, passa no vestibular, é pedido em casamento. Às vezes um dia perfeito é só aquele em que eu conseguir entrar em casa minutos antes do temporal de verão cair, tomar um banho para tirar o suor e o mormaço de um dia quente do corpo, e sair relaxada, com os cabelos molhados e a pele fresca, pra entrar no quarto cheirando à chuva e te encontrar na cama, concentrado num livro.
Eu me aconchego a você. Os últimos dias foram corridos, faz um tempinho que não temos uma noite para nós. O ar finalmente está mais fresquinho depois de um dos dias mais abafados do ano. Você está só de cueca, cheirando a sabonete, a pele ainda quente do banho que você tomou antes de mim. Eu te abraço pela cintura, afundando o rosto na sua nuca.
– E aí, o livro tá bom?
– Uhum, acho que amanhã eu termino. – Eu não resisto à extensão da sua pele na minha frente e cravo uma mordidinha no ombro, te arrancando um ronronado. Você larga o livro no criado-mudo, virando o corpo para me encarar. Minhas mãos ficam passeando pela extensão das suas costas, enquanto você segura meu rosto com as mãos e me beija.
Sua boca tem aquele gosto de algum doce de infância que eu não consigo nunca identificar qual é, e eu não resisto a morder de novo, porque é bom demais te morder. É engraçado que eu sempre achei o seu beijo febril, mas agora parece que a temperatura anormalmente alta se espalhou pelo seu corpo inteiro.
Era para ser só um beijinho, mas você segura meu rosto nas suas mãos daquele jeito que você sabe que eu adoro, e quando você enfia a mão debaixo da minha blusa de pijama eu me arrepio inteira. O toque das duas mãos na minha pele causa uma reação elétrica, um choque que deixa meu corpo inteiro vibrando, como se fosse um motor em baixa frequência.
O beijo se aprofunda e eu vou derretendo. É sempre assim, mesmo depois de tanto tempo. A sensação de estar com você é de um tiro de pó com umas dez doses de tequila e uma cartela de doce, tudo ao mesmo tempo, num coquetel pra ser injetado na veia.
Minhas mãos estão grudadas no seu torso e a gente ainda não parou de se beijar por um segundo. Mas quando você me puxa pela cintura e nos cola dos ombros às pontinhas dos pés, eu preciso quebrar o beijo para gemer baixinho e buscar ar – porque parece que eu estou sufocando.
Em pouco tempo meu pijama está no chão e eu dou um gemidinho de frio só de manha – afinal, está um calor do inferno. Você cobre o meu corpo com o seu e quando seus dedos alcançam a barra da minha calcinha, minhas unhas já estão cravadas nas suas costas. Você começa a me tocar com a perícia de quem conhece todos os meus cantinhos, mas sem querer chegar lugar nenhum – de um jeito preguiçoso só pra me deixar com vontade. Sua testa está colada na minha, e o jeito que você me olha me faz sorrir. Quando você sorri de volta eu sinto um formigamento estranho por dentro. Estar apaixonada assim é tão esquisito. É como se tivesse uma bola de borracha no meu peito e ela fosse ficando maior até querer explodir tudo pra sair.
Você leva os dedos à boca, fazendo cara de quem provou algo delicioso, antes de colocá-los nos meu lábios para me fazer chupar também. Eles se demoram no cotorno na minha boca antes de descerem mais uma vez, mas eu cansei dessa tortura mansinha. Agora é minha vez. Eu te jogo te volta na cama, separo suas pernas, descendo a cueca de uma vez e dando um mordidinha na sua tatuagem abaixo do umbigo.
Adoro quando você geme logo que eu começo a te chupar, puxando os cabelos na minha nuca de leve enquanto eu faço um boquete sem pressa, que a gente tem a noite toda para aproveitar. Eu vou mais fundo, o mais fundo que dá, bem devagar, aumentando o ritmo aos poucos. Quando você começa a se empolgar, eu paro, fazendo uma punheta bem lenta, enquanto me delicio nessa expressão safada que você guarda só pra esses momentos.
Suas pernas relaxam e se abrem enquanto voce impulsiona seu quadril de leve, quase sem perceber, a respiracao entrecortada. Eu te chupo mais um pouquinho antes de descer, torturando a parte sensivel do interior das suas coxas, descendo mais e mais, mordendo a curvinha da sua bunda de leve.
Você geme e eu aproveito para lamber a pele por ali, te fazendo tremer com o choque, explorando a área com a língua antes de ir ao que interessa; afasto mais suas pernas, indo direto a ponto para comecar um beijo grego lento e carregado de tesão.
Com certeza está na minha lista de MELHORES COISAS DA VIDA ouvir a sua primeira reação sempre que eu faco isso. Eu nunca me canso. Eu conheco todos os seus detalhes e curvinhas, a receita exata pra te fazer perder completamente o controle, e eu amo a nossa intimidade.
Alguns minutos e você está se contorcendo contra os lençóis, murmurando coisas sem sentido enquanto puxa meu cabelo descoordenamente. A brincadeira já está mais que divertida – mas aí eu me lembro de uma coisa da qual a gente sempre falou – mas nunca realmente fizemos.
Minha língua te penetra devagarzinho – só a pontinha, so pra provocar. Arranho a superfície da sua coxa e agarro o seu pau com firmeza, masturbando devagarinho, continuando a invasão preguiçosa. Você relaxa na cama, os músculos se dissolvendo da tensão pra me dar mais acesso – É, acho que agora é uma boa hora.
Eu seguro o seu quadril com a mão livre, apertando pra te fazer virar de bruços. Mordo mais uma vez – só porque você tem uma bundinha bem linda e é difícil resistir. Depois, sopro de levinho, dando risada quando você se arrepia porque você é tão previsível, e parto para o ataque.
Sempre tão gostoso ver como você se desmancha na cama toda vez que eu faço isso. Você arfa e pede mais, esfregando o seu pau nos lençóis. Eu subo, beijando as covinhas das suas costas.
– Sabe o que eu estava pensando?
– Em voltar a fazer o que você estava fazendo? – Você responde, sem ar. Eu dou uma risadinha.
– Não. Em fazer aquilo que a gente sempre teve vontade. – Eu mordo o lábio, porque mal consigo conter a antecipação. – Eu te comer.
Você vira pra mim, o rosto afogueado, cabelos bagunçados. Eu levanto uma sobrancelha, como quem diz “e então”?
– Vamos. – E seus olhos brilham de animação também. Eu quase pulo da cama, alcançando a nossa gaveta de brinquedinhos e escolhendo um vibrador médio. Vamos começar modestamente.
– Tá. Me avisa se machucar que eu paro. – Você acena que sim, com cara de criança que vai estrear um brinquedo novo. Eu volto a ajoelhar na cama, plantando beijinhos na lateral da sua cintura, descendo devagar.
Retomo o que eu estava fazendo, lambendo a sua entrada devagar, penetrando de levinho. Quando eu vejo que você já se desconcentrou de novo, levo um dedo para ajudar no processo, pressionando até a resistência ceder.
A prática não é incomum – já estamos acostumados a fazer sempre, mas nunca fomos além disso e eu tenho receio de não fazer alguma coisa direito e te machucar. Eu curvo o dedo dentro de você, sorrindo quando vejo que te provoca um gemido. Bom, pelo menos isso eu não esqueci como fazer.
Depois de um tempo introduzo mais um dedo e continuo até sentir que seus músculos relaxaram o suficiente. Alguns segundos lutando para abrir a camisinha com dedos trêmulos, uma quantidade generosa de lubrificante, e forço a entrada com o vibrador de levinho no começo, testando a sua reação.
Você geme de novo – dessa vez estrangulado, e eu mordo meus lábios porque se essa não é a situação mais excitante em que já estive com certeza está no top 5. Eu ajeito a posição do vibrador e começo a ir mais fundo. Você afunda o rosto no travesseiro, e eu me pergunto por que raios a gente ainda não comprou o espelho gigante que a gente sempre fala em comprar porque eu daria tudo pra ter uma visão panorâmica de você de quatro na cama enquanto eu te como assim.
– Mais. – Você sussurra estrangulado, quase rasgando a fronha. A essa altura, você já está praticamente transando com o colchão, então eu te viro e desço a língua pelo seu torso pregado de suor. E já que é pra fazer direito, na hora em que eu tomo a sua glande na boca, ligo o vibrador.
A posição exige bastante da minha coordenação, mas pelo jeito, vale a pena. Você levanta os quadris, forçando o seu pau dentro da minha boca sem nem perceber, suas coxas dobrando com os espasmos. Você puxa meu cabelo forte, e me implora para eu não parar, e eu não paro, não paro até você gozar na minha boca e eu engolir tudinho porque puta que pariu, que delícia, eu tô abismada e sufocada de tesão.
Você me olha com os olhos arregalados, também sem conseguir acreditar, e eu quero te dar prazer assim muitas outras vezes, mas agora é minha vez. Eu arranco a calcinha e subo pelo seu corpo, prendo seus braços na cama e sento na sua cara.
Rapidinho você acorda do torpor, me chupando do jeito que você sabe muito bem como fazer, e em poucos minutos eu gozo, me esfregando na sua língua e chamando o seu nome.
– A gente… – Eu começo, ofegante, guardando o vibrador e arrumando a coberta que virou um fuá. – Precisa fazer isso outra vez.
– Concordo. – Você sussurra baixinho, ajeitando minha cabeça no seu peito e afastando as mechas molhadas da minha testa. – Vinte minutos e segunda rodada?
A gente ri junto e de novo essa sensação esquisita de ter uma coisa querendo sair de dentro do peito. Eu não sei se algum dia vou me acostumar com amar alguém tanto assim, mas eu não tenho dúvidas que quero continuar tentando.