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10 Maneiras de Sabotar sua Vida Sexual

Sexo é uma parte fundamental na vida de todos nós, e uma vida sexual saudável pode garantir mais felicidade, longevidade e melhores relacionamentos. A verdade é; sexo é saúde. Mas infelizmente, também a tabu.
Por conta de imposições sociais, vergonha, e até falta de informação, a gente acaba tendo atitudes que, sem querer, contribuem para uma vida sexual menos satisfatória. Será que é o seu caso? Aqui está uma lista de 10 atitudes comuns, mas que podem atrapalhar muito sua relação com o seu corpo e seu prazer.
- Não ir ao médico
“O que tem a ver?” Tudo! Uma das principais queixas das mulheres em consultórios ginecológicos é a dor durante o sexo (ou falta de libido). Existem muitos fatores da saúde que podem atrapalhar seu desempenho sexual, lubrificação, libido, e tornar o sexo desconfortável. A checagem periódica da saúde é muito importante para uma vida sexual saudável, tanto para homens quanto para mulheres.Não conhecer o próprio corpo
2. Não conhecer o próprio corpo

Bom, essa é complicada, porque a verdade é que a informação que temos é muito insuficiente. A educação no Brasil deixa muito a desejar, mas é muito importante conhecer a nossa anatomia para entender como o nosso prazer funciona. Você sabia, por exemplo, que o clitóris tem ¾ da sua extensão dentro do corpo da mulher, e a maioria delas precisa de estímulo direto na parte visível para atingir o clímax? Informação é muito importante, e felizmente, na Internet dá para se educar sobre os nossos órgãos sexuais e os dos nossos parceiros.
3. Deixar a masturbação de lado
Existe um mito de que se uma pessoa está num relacionamento, ela não deveria querer ou poder se masturbar. De onde veio isso, eu não faço ideia, mas não tem pé nem cabeça! A verdade é que sexo e masturbação, embora complementares, são coisas diferentes, e a masturbação contribui muito para sua relação com seu próprio corpo, e para que você tenha maior noção de como funciona o seu prazer.
4. Achar que pornografia é sexo
Infelizmente, a pornografia está cada vez mais difundida e acessível, e criando expectativas bizarras para o sexo. A pior parte é que sexo e pornografia não têm nada a ver, e tentar reproduzir o que você vê no xvideos na cama é frustração na certa para todos os envolvidos. Existem muitas alternativas à pornografia tradicional para que você possa manter a conexão com a erotismo e a safadeza, de maneira mais saudável e realista. Inclusive, aqui no vlog eu fiz uma listinha de recomendações!
5. Ter medo de experimentar sex toys
Um grande mito em torno de vibradores, dildos e outros brinquedos é que eles servem para substituir os órgãos sexuais durante o sexo. Balela! Eles são instrumentos para incrementar a experiência, e podem deixar a sua vida sexual muito mais prazerosa!
6. Se comparar com outras pessoas
Sexo é uma coisa muito pessoal. O que dá certo pra fulano, pode não ser a sua praia. Não é porque está “todo mundo fazendo” uma determinada coisa, que você tem que fazer também se não estiver sentindo vontade. Escute primeiro suas fantasias, e o seu tesão, e não se deixe levar por modinhas.
7. Acreditar em frases prontas
“Mulher direita não dá de primeira,” “bumbum não se pede, se conquista,” “tem que engolir,” quem já não ouviu? A sabedoria popular é cheia de frases prontas em relação ao sexo, e além de muitas serem bem enraizadas na nossa cultura machista, homofóbica e transfóbica, elas podem ser muito prejudiciais para sua vida sexual. Faça sempre o que de dá prazer e não dê ouvidos a elas.
8. Não priorizar o próprio prazer

Sexo é interação, e dar prazer para o parceiro é muito importante. Mas, principalmente para mulheres, às vezes o próprio orgasmo vem em segundo lugar. Não tenha medo de se colocar como prioridade na hora do sexo e assumir para você mesma o seu direito de se divertir, aproveitar e gozar.
9. Não se comunicar com clareza
Ao mesmo tempo, ninguém tem bola de cristal, né? Comunicação é fundamental para uma vida sexual satisfatória, e é sempre muito importante se conhecer para poder dizer ao outro o que você quer e precisa na cama. Precisa de um empurrão? Então baixa aqui de graça esse questionário de perguntas sexuais para abrir a comunicação com o parceiro!
10. Levar tudo a sério de mais
Sexo é diversão, e ter medo de parecer ridículo pode deixar a gente bem travado. Lembre-se que para aproveitar de verdade, você não pode se levar a sério de mais. Trate o sexo como uma aventura prazerosa e as chances de fluir melhor são altas!
Cinco dicas para conversar com o parceiro sobre suas fantasias sexuais
Como ter a conversa sobre aquele fetiche com o parceiro em 5 dicas simples.
Falar sobre o que queremos na cama pode ser muito mais fácil do que você imagina!

Uma das coisas que eu mais escuto nas minhas aventuras profissionais, é a famigerada pergunta, “como eu posso começar a conversar com o meu parceiro sobre minhas fantasias sexuais?” E embora seja mais comum ouvi-la de mulheres, não é incomum também que homens se sintam inseguros em trazer seus desejos para a relação.
Por que é difícil falar sobre fantasias sexuais num relacionamento?
Sexo ainda é um tabu na nossa sociedade, e essa dificuldade tem muito a ver com isso. Aprendemos desde cedo que é errado discutir nossos desejos abertamente. Em se tratando de mulheres, a repressão é ainda mais forte. Somos muito cerceadas na nossa sexualidade e isso acaba afetando negativamente nossas vidas – fazendo com que mulheres tenham menos orgasmos e menos satisfação no sexo.
Além disso, existe a ideia de que falar de uma fantasia sexual para o parceiro pode ser ofensivo. Existe o medo de ser julgado, e existe também o medo do parceiro sentir que a proposta é um ataque – como se ele ou ela não fosse “bom de cama o suficiente.”
Mas não precisa ser assim! Aqui estão cinco técnicas fáceis e praticas pra iniciar essa conversa com o ser amado – e compartilhar as maravilhas de vivenciar essas fantasias em conjunto!
1. Visitar um sex-shop juntos

É muito comum ouvir das minha leitoras que elas adorariam trazer um vibrador para a cama, mas não sabem como abrir isso para o parceiro. Infelizmente, a nossa cultura machista faz com que os homens se sintam ameaçados por brinquedinhos 😦 Mas a solução para isso é ter muito claro; um brinquedinho não é feito para substituir ninguém, e sim aumentar o prazer a dois!
Uma maneira legal de introduzir o assunto, é sugerir uma visita conjunta a um sex-shop (pode ser online também)! Faça o parceiro ou parceira se sentir incluído na escolha; assim o brinquedo passar a ser algo que vocês dois compartilham. Além disso, existe uma infinidade de toys feitos para brincadeiras a dois, como vibradores controlados por controle remoto, anéis pensamos que vibram, luvas eróticas, etc.
E vocês podem descobrir muita coisa juntos nesse passeio!
2. Aprender sobre a anatomia um do outro

Aprender a ter prazer tem muito a ver com conhecer nossa anatomia – e infelizmente, nossa educação sexual deixa muuuuito a desejar nesse ponto. Para ambos os sexos existe uma lacuna enorme de conhecimentos importantes sobre nossos corpos. E desvendar esses mistérios pode ser a chave para o parceiro entender melhor o que voce gosta na cama.
Especialmente em se tratando de nós mulheres, o conhecimento sobre o clitóris e seu funcionamento ainda é muito pouco difundido. Veja aqui o vídeo que eu fiz sobre o funcionamento básico do clitóris se voce quer saber mais!
Marcar um dia para “estudar” juntos e entender o que é gostoso com uma base científica é uma excelente maneira de comunicar seus desejos mais claramente.
Afinal, conhecimento é poder!
3. Fazer um questionário de perguntas sobre fantasias sexuais
Tirar um tempo e conversar sobre a vida sexual é um passo importante para um casal, especialmente em relacionamentos longos – onde o sexo acaba se tornando parte da rotina e corre o risco de entrar no piloto automático.
Um exercício muito legal é fazer um questionário de perguntas um para o outro que possa servir de guia numa conversa sobre suas fantasias se voce não sabe como começar o assunto. Eu fiz um bem completo, que você pode baixar gratuitamente clicando aqui!
Mas jogando no Google voce encontra vários outros exemplos de questionários e joguinhos para conhecer melhor os desejos do outro.
4. Mandar um conto erótico com o seu fetiche para o parceiro
Sei que claro minha opinião não é a mais imparcial, afinal eu escrevo contos eróticos. Mas eu acredito que eles são mesmo uma ferramenta muito poderosa para nos conhecermos melhor e também podem nos ajudar a comunicar nossas fantasias.
Se voce sempre quis experimentar ser amarrado, por exemplo, vale achar um conto que narre uma história com bondage. Depois, mande para o contatinho com aquela mensagem marota; “li e lembrei de você, que tal se a gente tentasse um dia?”
Assim fica mais fácil para o outro visualizar a fantasia e também soltar a imaginação. E para quem como eu ama astrologia, eu fiz uma série de continhos eróticos com todos os signos do zodíaco. Procure o signo do ser amado, mande, e veja qual será a reação!
5. Aprender a linguagem sexual de cada um
Cada um tem um jeito de demonstrar amor diferente, e isso também vale para tesão. Aprender a linguagem sexual de cada um pode ser chave para entender o que o parceiro deseja na cama e também como ele ou ela tenta te agradar.
É parecido com o teste das linguagens amorosas, e voce vai descobrir qual é o seu perfil. Na Internet existem muitas variações, mas o mais famoso é o “Erotic Blueprint Quiz,” que infelizmente só existe em Inglês. Mas vários outros portais oferecem opções, basta encontrar a que mais te agrada.
E aí, gostou das dicas? Então hora de colocá-las em prática. Acenda umas velas, coloque uma música, abra um vinho, e vá conversar com seu parceiro ou parceira sobre suas fantasias sexuais!
Ah! Não se esqueça que sexo bom é sexo seguro!

Vlog – Será que os jovens andam fazendo MENOS sexo?
Não bastasse a recessão de basicamente tudo, ao que parece minha geração também passa por uma RECESSÃO SEXUAL. Mas sérá que é isso mesmo? A gente anda fazendo menos sexo ou só anda fazendo sexo melhor que as gerações anteriores? Vem ver o vlog novo!
Comprando a pílula do dia seguinte na Alemanha
Para comprar a pílula do dia seguinte na Alemanha, é preciso passar por uma entrevista. Conto a minha experiência com tudo que você precisa saber.
Moro em Berlim há três anos, e a experiência de comprar a pílula do dia seguinte por aqui foi um tanto surpreendente e estressante, por isso resolvi compartilhar com vocês.
Como contei em alguns vlogs, tomei anticoncepcional por quase dez anos, e decidi parar logo que me mudei para a Alemanha. Estava sentindo que a pílula me fazia mal, e parei de tomá-la por uma decisão consciente. Foi uma das melhores decisões que eu já tomei, mas isso é assunto para outro post. Fato é, que por conta disso, nunca havia precisado tomar a pílula do dia seguinte enquanto morava no Brasil.
Mesmo assim, conhecia bem o procedimento, porque acompanhei amigas que precisaram do tal “plano B”. Então eu sempre tive na cabeça que era uma coisa muito simples; só chegar na farmácia, pedir, e comprar. A pílula do dia seguinte também é bem barata no Brasil. Morando aqui na Alemanha, eu tinha na minha cabeça que o processo seria igualmente – ou até mais simples. Mas tive uma grande surpresa quando precisei deste recurso de emergência.
Foi numa tarde de domingo, em silencioso desespero, que eu fui fazer a pesquisa. A camisinha tinha estourado na noite anterior e para piorar, eu estava justamente no meu dia fértil. Decidi que ia tomar a pílula do dia seguinte pela primeira vez, abri o Google para descobrir onde poderia comprar. E foi aí que eu vi que a coisa não é tão simples assim.
Na Alemanha, é preciso passar por uma entrevista para comprar a pílula do dia seguinte
Quer dizer, já melhorou muito. Até 2015, a pílula não era vendida sem receita. Hoje em dia é possível comprar diretamente nas farmácias. Porém, pra isso, é preciso passar por uma entrevista com o farmacêutico, que tem o direito legal de negar a venda caso julgue conveniente.
A entrevista é uma coisa automática. Claro que é um pouco constrangedor, mas no meu caso, como já tinha lido a respeito, estava preparada. O farmacêutico me perguntou o motivo da necessidade da pílula do dia seguinte, se eu estava ciente de como funcionava, se eu já tinha tomado alguma vez antes e quando, meus hábitos em geral e meus hábitos sexuais, além de algumas perguntas sobre o histórico de saúde da minha família.
Depois de responder tudo, ele me explicou o funcionamento da pílula, me perguntou se eu entendia que era um procedimento emergencial e não podia ser usado como anticoncepcional regularmente, orientou que eu poderia ter efeitos colaterais, e me alertou que caso eu vomitasse nas próximas três horas iria precisar tomar outra vez.
Na hora de pagar, mais uma surpresa: O preço. Um pouco mais de 30 euros, o que é bastante. Para se ter uma ideia, eu gasto em média 20 numa compra de supermercado semanal. No Brasil, a pílula do dia seguinte é subsidiada – e também deve ser oferecida gratuitamente pelo SUS. Por aqui, até absorventes são taxados como itens de luxo, então não é de se surpreender que o preço seja alto.
Tomar a pílula foi uma experiência bem ruim, para ser sincera. Primeiro que eu não menstruei de cara como geralmente acontece – na verdade minha menstruação atrasou por dois meses, e eu fiquei totalmente paranoica que tinha engravidado mesmo as chances sendo pequenas. Depois que eu senti que ela deixou meu corpo super desregulado, e eu fiquei bem esquisita e indisposta por um tempão. É óbvio que a pílula do dia seguinte é um recurso que deve ser usado apenas em casos de emergência.
A pílula do dia seguinte é um recurso importante – mas como lidar com ele?
Essa história toda me deixou pensando muito. Afinal, o aborto é legalizado aqui na Alemanha, e na minha experiência pessoal, eu sinto muito mais igualdade de gênero no meu dia-a-dia do que no Brasil. Ainda assim, sinto que estamos mais avançados com a pílula do dia seguinte, mesmo a saúde reprodutiva da mulher sendo o maior tabu do mundo!
Dificultar o acesso é uma coisa boa? No fim das contas, a entrevista foi constrangedora porém indolor, e o farmacêutico me deu informações preciosas para eu poder administrar a pílula de maneira responsável e eficaz. MAS não podemos esquecer que eu estou em Berlim. A cidade mais liberal da Alemanha, de longe. O poder de negar a compra pode não significar muito aqui, uma das capitais do hedonismo do mundo, mas em cidades menores e redutos católicos, pode sim ser um problema.
Enfim, eu não tenho nenhuma conclusão sobre o assunto. Queria dividir minha experiência, para brasileirxs que precisem comprar a pílula do dia seguinte em terras germânicas saberem o que esperar. A melhor prevenção continua sendo sempre o uso do preservativo, mas que eu estou aliviada que a pílula do dia seguinte existe, ah, pode ter certeza que estou.
E no Brasil, com a criminalização do aborto, ela se torna mais importante ainda.
Vlog – Guia básico da pepeka
No vídeo dessa semana, udo de mais importante que você precisa saber sobre a anatomia da vagina, seu funcionamento e como cuidar dela direitinho.
Vlog – Testando calcinhas absorventes (Pantys)
Seguindo a minha saga de procurar métodos mais baratos e eco friendly pra lidar com a minha menstruação, dessa vez eu testei as calcinhas absorventes, um passo além dos absorventes de pano. Será que deu certo, finalmente?
Novembro Azul – A masculinidade tóxica também mata homens
O Novembro Azul começou como uma iniciativa semelhante ao Outubro Rosa, com a ideia de conscientizar os homens sobre o câncer de próstata. Como o dia internacional de combate a este tipo de câncer é 17 de Novembro, na Austrália iniciou-se uma campanha que se estendeu por todo o mês, e acabou se espalhando para outros países. Nos Estados Unidos e em outros lugares muitos homens deixam apenas o bigode na barba como maneira de aderir à campanha, mas no Brasil o que pegou mesmo foi a cor azul.
- Veja aqui o meu post especial sobre câncer de mama em mulheres jovens para o Outubro Rosa
- Leia aqui o relato da minha mãe sobre o tratamento de câncer feito pelo SUS pelo qual ela passou
Informação por informação, é claro que conscientização é sempre bem vinda, porém o Novembro Azul é um tema por vezes polêmico. A postura oficial do Ministério da Saúde é a recomendação que a campanha se estenda para o resto do ano, para que os homens continuem se examinando e consultando, não só em novembro.
Também como no caso do Outubro Rosa é preciso ter muito cuidado com muitas empresas querendo pegar carona na iniciativa para fazer publicidade. Com tanto auê é fácil se esquecer da causa inicial, e muitas vezes os produtos especiais do Outubro Rosa e do Novembro azul são vendidos com uma porcentagem irrisória para institutos de prevenção e pesquisa – quando muito.
Portanto é importante sempre nestas campanhas de conscientização lembrar do que realmente está em jogo – e não quais produtos na cor do mês você pode comprar.
Câncer de próstata é coisa séria
Digressões à parte, polêmica ou não, a campanha trata de algo muito sério. Perdendo apenas para o câncer de pele, o câncer de próstata é o mais comum entre homens no Brasil e também o mais fatal. Embora seu surgimento seja mais comum na terceira idade, as populações pardas e negras sofrem com sua incidência em homens mais jovens – casos em o que câncer também é mais agressivo.
Apesar disso, o número de homens que vai ao médico fazer o exame preventivo é alarmantemente baixo. O que é um dado absurdo se considerarmos a detecção precoce do câncer de próstata é a maior aliada às chances de cura.
O procedimento combina o exame de sangue PSA com o toque retal. A recomendação geral é que os homens façam a consulta anualmente a partir dos 50 anos, mas esta idade pode diminuir dependendo do paciente (casos de câncer de próstata na família, estilo de vida, entre outros fatores). Portanto, o urologista deve sempre ser consultado.
Bom, aí chegamos ao ponto principal. Para mim, o fato de muitos homens infelizmente não detectarem o câncer nos estágios iniciais está ligados a dois fatores; um, existe um “tabu” em torno do exame de toque. Dois, homens em geral não vão ao médico e costumam ser péssimos administradores da própria saúde.
Contei em detalhes no meu vlog sobre o HPV como é feito o exame papanicolau em nós mulheres – exame este que geralmente precisamos fazer anualmente desde o início da vida sexual. O procedimento é desagradável e invasivo – muito, muito mais invasivo do que um exame de toque.
Procedimentos médicos em geral são desconfortáveis. Ninguém gosta de levar agulhada, de se submeter a posições extenuantes, sentir dor ou incômodo. Contudo, se levarmos em consideração vários exames que precisamos fazer muitas vezes ao longo da vida, o exame de toque retal, por si só não parece tão ruim.
O problema é claro não é o procedimento em si, mas sim a carga psicológica que ele evoca. Num modelo em que a honra e masculinidade do homem se fortalecem à medida que ele se afasta de qualquer associação ao signo feminino, a ideia de ser penetrado – mesmo que para um exame, para muitos pode ser um horror.
É até engraçado pensar nisso, mas a verdade é que muitos homens preferem colocar a própria saúde em risco do que fazerem algo que para eles está associado a um comportamento feminino ou homossexual (pra gente ter ideia do quanto essa masculinidade tóxica tem os alicerces bem fincadinhos na misoginia e na homofobia – ter câncer é pior do que ser mulher ou um homem gay).
Soma-se a isso o fato de que os homens estatisticamente vão menos ao médico. Inclusive 60% dos que vão só chegam ao pronto-socorro quando estão com doenças em estágios avançados.
Este dado muitas vezes é inclusive citado como argumento anti-feminista. Só que homens vão menos ao médico por razões profundamente machistas. Eles associam consultórios com pessoas “vulneráveis” como mulheres, idosos, e crianças, e para muitos estar entre essas pessoas é um atentado contra a própria masculinidade.
Pior ainda, os homens estão acostumados a não agirem como se a sua própria saúde fosse sua responsabilidade, delegando às mulheres na sua vida esta obrigação. 70% do homens ADULTOS só vão ao médico acompanhados das mulheres. Falei no meu texto sobre a importância do uso da camisinha de como os homens não só muitas vezes insistem em ter uma vida sexual irresponsável pulando o uso do preservativo como também não têm o costume de fazerem exames regulares de infecções sexualmente transmissíveis.
Um exemplo bem concreto de toda esta realidade é o caso do ciclista Vinícius Zambrião, que não fez os exames preventivos e só foi descobrir um câncer de próstata após a namorada insistir que ele fosse ao médico para verificar uma alteração nos testículos. Chega a ser quase inconcebível que um homem adulto precise deste tipo de incentivo para cuidar da própria saúde.
A masculinidade tóxica cria homens que são crianças em corpos de adulto.
Homens que são incapazes de praticar o auto amor e auto cuidado por consequência também são incapazes de amar e cuidar de outras pessoas; são pais piores, companheiros piores, mais infelizes, e muitas vezes, doentes.
A responsabilização pela própria saúde tem de passar pela auto reflexão.
A masculinidade não torna os homens perigosos só para os outros, mas também para si mesmos. Neste Novembro Azul, vamos sim continuar lembrando nossos pais, avôs, irmãos, tios, que eles precisam ir ao médico, neste mês e em todos os outros. Mas também vamos falar sério de saúde do homem, para que haja uma mudança de atitude.
Quem sabe assim um dia vamos viver em uma sociedade em que cuidar da saúde não é uma coisa ruim porque é coisa de mulherzinha.
É coisa de adulto.
Vlog – Testei a camisinha feminina!
Enrolei um tempão para testar o preservativo feminino por desconfiar se ele ia funcionar bem. Como colocar, como tirar? Será que incomoda? A resposta é: Tudo é muito mais tranquilo do que você provavelmente imagina!
Quem tem medo de educação sexual?
Nunca vou esquecer a primeira aula de educação sexual que eu tive. Tinha dez anos de idade, estava na quarta série. Numa aula de ciências, em que o currículo programático nos mandava estudar sobre os sistemas do corpo humano, finalmente chegamos ao sistema reprodutor.
Estávamos todos na sala muito empolgados e curiosos, muito mais do que jamais estivemos para conhecer nossos órgãos. Aturando muitas piadinhas e risadinhas, a professora nos conduziu pela matéria. Aprendemos quais eram e onde ficavam nossos órgãos reprodutores. Aprendemos como funciona a menstruação. Aprendemos como ocorre a fecundação de um óvulo.
Ao longo da minha adolescência, nos anos seguintes, aprofundamos os temas. Falamos de sexo seguro, de preservativos. Aprendemos sobre os sintomas de ISTs. Falamos de ciclo reprodutivo e métodos anticoncepcionais. Falamos sobre ginecologia, urologia e acompanhamento médico para a saúde sexual.
Minha educação sexual na escola me ofereceu o básico do básico, e muitas vezes deixou a desejar. Não foi no banco da escola que aprendemos sobre orientação sexual, sobre identidade de gênero e transsexualidade. Quem sabe isso teria evitado que um dos meus melhores amigos, gay, sofresse uma tentativa de espancamento de colegas no segundo ano do ensino médio? Mal e mal falamos de masturbação, e jamais ouvi dizer que era normal que mulheres também fizessem. Talvez isso teria evitado a culpa terrível que eu senti quando comecei a me masturbar. Nunca tocamos no assunto de consentimento. Quem sabe isso poderia ter evitado muitos estupros e assédios sofridos pelas minhas amigas e colegas ao longo dos anos?
Quando a gente queria uma informação mais picante recorria à Internet, às revistas como a Capricho, ou às amigas mais experientes. As informações sobre orgasmo, sobre sexo oral, sobre fantasias sexuais, tudo isso era tabu. Mas o básico do básico, para conhecer o meu corpo, eu aprendi na escola.
Ensinar educação sexual é ensinar sobre saúde
Muito triste ter que dizer uma coisa tão óbvia, mas conhecer como nosso corpo funciona é uma questão de saúde. Como cuidar bem de nós mesmos, ou saber quando há algo de errado, é essencial para que possamos viver vidas mais saudáveis. Por isso também temos aulas sobre como funcionam todos os sistemas do nosso corpo. Precisamos conhecer o funcionamento do sistema digestivo, do nosso aparelho respiratório, do nossos sistema nervoso.
Por que seria diferente com o sistema reprodutor?
A educação sexual oferece informações essenciais para que os jovens possam navegar a sua sexualidade com consciência sobre infecções sexualmente transmissíveis, métodos anticoncepcionais, e sua saúde em geral.
Estamos em 2018. Não é possível que vamos achar que jovens não fazem sexo, ou que se negarmos este tipo de informação, adolescentes vão entrar em abstinência sexual. A descoberta da sexualidade é uma parte natural da vida, e o sexo só é perigoso quando é feito sem informação. Conversar com seus filhos é fundamental para que as escolhas quanto ao sexo sejam conscientes e não traumáticas.
Eu fui perder minha virgindade depois dos vinte anos, enquanto outros colegas o fizeram aos quinze. Recebemos a mesma educação sexual, e isso não influenciou na nossa inicialização.
O desmonte não vem de agora
A educação sexual, bem como o progresso educacional, vem sofrendo ataques sistemáticos há alguns anos, provenientes da ingerência religiosa que quer promover a ignorância a todo custo em nosso país. Porém estamos agora diante do ataque mais flagrante à educação sexual de qualidade no Brasil.
O projeto intitulado Escola Sem Partido, que vem ganhando força com o levante conservador/religioso que vivemos no Brasil atualmente, propõe eliminar a educação sexual do currículo de ciências biológicas dos ensinos fundamental e médio. A justificativa se baseia numa paranoia que estes ensinamentos serviriam para “moldar o juízo moral” dos jovens.
Eu de verdade queria muito saber quem em sã consciência acredita que o interesse dos adolescentes por sexo vem da escola e não o contrário. Não é de agora que os jovens procuram saber todo o tipo de informação sobre o tema assim que começam a sentir as primeiras pontadas da puberdade. Sexo é uma parte natural da condição humana, e uma parte importante do nosso amadurecimento.
Existe abundância de informação de todo tipo sobre o sexo na Internet. Não sei como dizer isso sem ser direta: É ingenuidade acreditar que adolescentes não vão se informar sobre sexo se a escola não oferecer mais educação sexual. Estaremos apenas negando a parte mais técnica e chata da informação – justamente a mais importante para a nossa saúde.
Este é o pior momento para fazer isso
Aprender sobre educação sexual na escola é aprender sobre o funcionamento do nosso corpo e nossa saúde, mas é também levantar pontos importantes sobre o sexo que podem deixar nossa sociedade mais justa e segura. Este é o pior momento para negar aos jovens informações tão preciosas, por vários motivos.
Estamos vivendo epidemias de DSTs, principalmente entre os casais heterossexuais
O Brasil está passando por um aumento perigoso nos casos de diversas infecções sexualmente transmissíveis, que podem ser prevenidas com o uso de preservativo. Ano passado, o país sofreu uma epidemia de sífilis, doença que há muitos anos estava praticamente erradicada. Ademais, o HIV vem se espalhando entre os jovens de uma maneira silenciosa. Os casos dobraram em menos de dez anos, e entre os grupos de risco, estão as mulheres heterossexuais em relacionamentos estáveis (vítimas muitas vezes da infidelidades de seus parceiros “cidadãos de bem” e “defensores da família”).
Falar sobre o uso de preservativos, sobre como as DSTs são transmitidas, quais suas causas e consequências, e como preveni-las, é parte fundamental do currículo de educação sexual e uma informação essencial para qualquer jovem antes que a vida sexual se inicie. Estamos vivendo um momento crítico em relação a infecções que podem ser fatais, e negar este tipo de informação com toda certeza agrava – e muito – o quadro.
- Veja aqui o meu texto sobre a importância do uso da camisinha
- Assista ao vlog sobre prevenção e outras informações a respeito do HPV
Estamos matando nossos LGBTs
Quer uma estatística deprimente? O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo – um a cada 19 horas. São cidadãos, jovens, velhos, que trabalham, sonham, dão duro todos os dias. Sou eu. São os meus amigos. São os LGBTs na periferia que sofrem ainda mais discriminação e violência.
Sim, precisamos abordar orientação sexual nas escolas, porque é uma questão de humanidade. O Brasil tem um problema crônico e gravíssimo de homofobia, cujas raízes estão calcadas na ignorância a respeito do tema. Não venha me falar de religião. Todas as religiões, inclusive a cristã, pregam tolerância e amor ao próximo. LGBTs existem, são vulneráveis e estão sendo vítimas de violência, todos os dias. A sua religião aprova isso? Aposto que não.
Não existe curso para aprender a ser gay, minha gente. Quem dera os treze anos do governo do PT tivessem tanto a pauta LGBT em mente quanto a direita conservadora gosta de alardear. Se estamos a mercê de uma agenda gay, porque ainda somos o país mais perigoso NO MUNDO para um homossexual viver? Só podemos parar esta violência educando sobre orientação sexual, e estimulando uma sociedade igualitária e tolerante (não estamos mais na idade das trevas, estamos em 2018, vamos começar a agir de acordo, por favor).
Educação sexual é uma ferramenta de proteção para mulheres e crianças
Além das informações básicas sobre DSTs, e doenças como câncer de mama e de colo de útero, a educação sexual é fundamental para as mulheres. Nada menos que cinco mulheres morrem por dia no nosso país por questões relacionadas à gravidez. Em 2014, os abortos clandestinos levaram 200.000 brasileiras aos hospitais por complicações decorridas do procedimento.
Não vou discutir descriminalizar aborto aqui, isso pode ser assunto para outro post. Minha questão é, se somos totalmente contra a interrupção da gravidez não desejada, precisamos oferecer às mulheres a informação e as ferramentas adequadas para que ela possa prevenir que isso aconteça – isso inclui acesso à meios contraceptivos. Anticoncepcionais, preservativos, pílula do dia seguinte.
Mais do que garantir o acesso das mulheres a estes recursos, é fundamental que elas saibam usá-los corretamente. Somente uma educação sexual de qualidade pode garantir que as brasileiras tenham as informações corretas para viver sua sexualidade de maneira plena e segura.
Ou vocês vão me dizer que acreditam que a partir de agora todo mundo só vai transar pra se reproduzir?
Sem contar o número alarmante de abusos e estupros de crianças e adolescentes no Brasil, cuja maioria ainda acontece dentro de casa. Crianças, em sua maioria mulheres, são vítimas dos abusos de pais e padrastos, como no horrorizante caso recente do homem que estuprou a filha sistematicamente por dois anos, como compensação pelos gastos que tinha com ela com coisas como roupa e alimentação. Aprender o que é sexo na escola e saber diferenciar o que pode ser feito do que é abuso pode ser o que salva uma criança de uma situação dessas.
De maneira geral, não podemos confiar apenas que os pais passem informações sobre educação sexual para os filhos, simplesmente porque por mais bem intencionados ou informados que sejam, educação sexual é principalmente conhecimento científico.
Informar detalhadamente sobre o funcionamento do corpo, sobre infecções sexualmente transmissíveis e métodos anticoncepcionais deve ser dever de quem tem o conhecimento especializado na área. Não esperamos que os pais ensinem aos seus filhos sobre números complexos, sobre como resolver uma equação de saponificação, ou o funcionamento do sistema nervoso. Este conhecimento pode ser complementado em casa, mas é primeiramente dever da escola.
Estamos na contramão do mundo
Dar passos para trás em relação a educação sexual nas escolas é fazer justamente o contrário do que o resto das nações está fazendo, principalmente as mais desenvolvidas. Na Alemanha, onde eu moro, a educação sexual é obrigatória nas escolas, e não engloba apenas os aspectos biológicos do funcionamento do corpo humano, mas também questões de identidade de gênero, sexualidade e relacionamentos.
Numa decisão histórica, a Escócia, país onde vivi por um breve período, acaba de aprovar uma lei que torna obrigatório o ensino sobre a população LGBT+ nas escolas. O novo currículo contará com aulas sobre homofobia e a história dos movimentos sociais LGBT, protegendo e acolhendo alunos da comunidade desde cedo.
A própria UNESCO recomenda a educação sexual como parte do currículo escolar como maneira de garantir que os jovens tenham uma vida sexual segura e responsável, já que as pesquisas apontam que mais informações garantem uma relação mais sadia com o sexo, e não o contrário.
Negar informação é uma forma de oprimir
Do ponto de vista ético, temos o dever enquanto sociedade de dar aos nosso jovens as ferramentas necessárias para que eles entrem na vida adulta capazes de cuidarem de si mesmos. Olhando para as estatísticas atuais, fica claro que omitir informações preciosas neste caso é uma forma de violência, já que estamos negando aos nossos conhecimento que interfere em saúde física e psicológica.
Falando em especial do caso das mulheres, para mim está muito claro que a nossa sexualidade é uma das ferramentas mais utilizadas para a prática da opressão. A liberdade e autonomia femininas começam a ser restringidas em relação nosso corpo desde que somos crianças – somos vigiadas e cerceadas em relação a nossa aparência, como nos vestimos e comportamos e se espalha por todos os aspectos de nossas vidas – nossa sexualidade é associada ao nosso caráter e pode impactar nossas escolhas profissionais, de relacionamento e na maternidade.
Para mim garantir mais liberdade para as mulheres passa necessariamente pela libertação sexual. Devolver para as mulheres sua autonomia sexual é um ato de empoderamento real, porque para além de podermos fazer o que quisermos, retiramos da mão do opressor uma das suas principais armas para nos controlar.
Basicamente, para exemplificar, numa sociedade em que o caráter de uma mulher não está associado ao que ela veste, uma saia curta não pode ser uma justificativa aceitável para um estupro. Numa sociedade em que a maternidade não é vista como punição à mulher pelo ato sexual, os pais precisam assumir seus deveres paternos com responsabilidade e diligência.
A quem serve este salto para trás?
Bom, se a educação sexual é uma fonte de saúde física e mental, a quem interessaria retirar este direito dos nossos jovens? Pessoalmente eu concordo com a ideia de que o que testemunhamos no Brasil hoje é um levante da masculinidade tóxica. Homens que cresceram acreditando que merecem glória e afeto por terem nascido homens e sentem ameaçados e cerceados com a possibilidade de mais igualdade, e querem reafirmar sua relevância dentro da sociedade resgatando valores antigos de uma época em que eles se sentiam mais respeitados e valorizados – mesmo que às custas da opressão de outrem.
No fim, os homens sempre gozaram de mais liberdade sexual e como consequência tiveram mais acesso à informação sobre o tema. Para um homem falar sobre sexo, masturbação, fantasias sexuais, é um sinal de virilidade. Meninos são encorajados a iniciarem a sua vida sexual cedo, e o sexo é considerado coisa de homem, algo que os meninos devem ouvir e falar sobre como uma parte do processo de amadurecimento.
Portanto fica claro que o retrocesso serve apenas para uma parte da população. Não estamos negando conhecimento a todos – estamos negando conhecimento principalmente a mulheres, crianças, e LGBTs. Com isso, quem continua ditando as regras da sexualidade no Brasil são os homens – e o sexo continua a servir como algo que existe apenas para satisfazê-los.
A parte mais cruel disso tudo é que estamos negando proteção básica e saúde a quem mais precisa. São justamente as mulheres, os homossexuais e transsexuais e as crianças os grupos mais vulneráveis e mais propensos a sofrer com abusos, doenças sexualmente transmissíveis e gestações indesejadas.
Para mim, usar religião para justificar um retrocesso dessas proporções, num país cuja população já sofre com as consequências de educação sexual inadequada, é imoral. Educação sexual só assusta quem tem a ganhar mantendo nossos jovens no escuro e em risco. E quem não depende somente da escola para se informar e se proteger.