Mais um conto publicado na plataforma Jmamuse!

Opa, gente! É com o maior prazer que eu venho contar pra vocês que mais um continho meu foi publicado em uma das minhas plataformas eróticas preferidas, a Jmamuse! Desta vez, em português! Corram lá para reler este que foi o primeiro conto publicado aqui no blog, e aproveitem para conferir o conteúdo que eles oferecem que voces nao vao se arrepender 😀

 

Reencontro de faculdade – Parte 2

PRIMEIRA PARTE AQUI

MENAGE
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Quando eu entrei no quarto dos dois, tinha o mesmo cheiro do quarto da Marie que ela costumava dividir com duas amigas, na Aclimação. Tenho uma memória olfativa muito aguçada, é terrível, e tem gente que tem cheiros muito característicos. O da Marie era meio doce, porque ela sempre usava óleo de amêndoas, mas também tinha alguma outra coisa que eu não conseguia identificar.

Eu matei a caipirinha com um último gole, sorrindo meio nervosa para os dois ali na minha frente. Tá certo, não vou nem fingir que não tinha pensado em ficar mais uma vez com o Lucas e a Marie, e quando soube que os dois estavam juntos com os dois ao mesmo tempo (apesar de que esse sentimento apareceu depois do choque e do ciúme inevitáveis), mas era diferente estar ali realmente naquela posição.

– Alguém vai falar alguma coisa? – Pedi, levemente aflita. – Assim eu fico nervosa.

– Pra ser sincero, quem tem que estar nervoso aqui sou eu. Vou ter que dar conta das duas. É muita areia pro meu caminhãozinho. Muita pressão. Ninguém pensa no sofrimento dos homens.

Eu desatei a rir.

– Realmente, é de dar dó.

– Mas é claro! – Ele ajeitou os óculos, andando em direção a nós duas. – Muita expectativa da sociedade, uma covardia até, eu estar indo pra cama com as duas mulheres mais gostosas que eu já peguei, ao mesmo tempo. Tsc.

Eu corei. O Lucas sempre tinha sido daquele jeito, tímido, tímido, tímido, até que em algum momento soltava aquelas coisas inesperadas. Eu olhei pra Marie, como quem diz, “você tirou a sorte grande hein”, e ela me encarou de volta, os olhos dizendo “eu sei”.

Eu mordi meus lábios, suspirando pra afastar o nervosismo de vez e a beijei de novo. Naquela hora me doeu um pouco que a gente tivesse se afastado, que eu nunca tinha dito pra ela que eu admirava muito a mulher que ela tinha se tornado, e que ela tinha sido muito importante pra mim. Mas logo esses pensamentos nostálgicos foram empurrados da minha mente.

– Gente, desculpa meu comentário babaca, mas assim, cês tão realizando meu sonho do segundo ano de faculdade.

A Marie rolou os olhos.

– Você podia fazer algo de mais útil com a boca em vez de ficar falando besteira.

– Um bom ponto. – O Lucas concordou, dando de ombros e se aproximando. Ele colocou uma mão no rosto da Marie com carinho, e os dois trocaram um sorriso cúmplice antes do beijo. Assim, que casal. Eles eram lindos e mais lindos ainda juntos e a minha noite já estaria de bom tamanho se eu fosse só sentar e assistir. Quando eles se soltaram, o Lucas virou pra mim, colocou a mão livre na base da minha nuca e me encarou por um segundo, os olhos castanhos amendoados enormes por trás dos óculos grossos. Um pouco intimidante, um pouco hipnotizante. Talvez na mesma proporção.

Ele provocou um pouco, chegando bem perto e esfregando os lábios nos meus. A boca dele era vermelhinha e carnuda, os lábios curvados para baixo, e sempre foi a característica que eu mais gostava dele. Segurei os dois lados do seu queixo e finquei os dentes no lábio inferior, porque porra, fazia muito tempo que eu estava morrendo de vontade de fazer aquilo. Eu me lembro da sensação de beijá-lo pela primeira vez, de sentir que meus joelhos tinham virado geleia. E mesmo depois de tanto tempo, incrível, parecia que eu estava sentindo a mesma coisa.

Quando ele se afastou, eu ri baixinho porque os óculos dele estavam levemente embaçados. Ele acariciou meu lábio inferior de leve com o dedão, puxando a Marie para perto com a outra mão.  Ela esfregou os lábios nos nossos antes de me beijar de novo, aí o Lucas puxou o meu cabelo e mordeu o meu pescoço, e nossa. De repente eu lembrei que fazia bastante tempo desde minha última transa, tipo, bem mais tempo do que eu gostaria de admitir. Alguma coisa fez clique dentro de mim.

O amasso ficou bem mais desesperado de repente, um monte de mãos trôpegas tentando encontrar caminhos por entre roupas e corpos suados, toda a tensão da noite toda, o álcool, a adrenalina, agindo de uma vez só. Segurei a cinturinha da Marie, enquanto ela enfiou as mãos dentro do meu vestido de algodão para apertar a minha bunda. Puxei a blusa dela para cima, revelando um sutiã verde marca-texto (veja só, então a Marie que eu conhecia ainda dava sinais de vida) escondendo os seios perfeitos. Realmente, gostosa ela sempre tinha sido, mas o tal pilates e a dieta paleo e não sei mais o que estavam fazendo efeito, o corpo dela estava forte e definido, eu fiquei boquiaberta e me perguntei por talvez um segundo se eu não poderia de repente abandonar minha rotina de uma garrafa de vinho e um pedação de queijo por dia.

O Lucas finalmente tirou os óculos, colocando eles em cima da cama de maneira desajeitada, antes de sentar na beirada da cama e puxar nós duas (a Marie pelo cós do short) para o colo dele. Eu e ela trocamos olhares. Mas confesso que talvez se estivesse no lugar dele ia querer fazer o mesmo. Até pior.

Ele inclinou o torso um pouco para trás, apoiando-se nas mãos, eu e Marie uma em cada perna. Eu cheguei pertinho, fingi que ia beijá-lo por um tempo só pra torturar, até que Marie acabou com a brincadeira, mordendo meu lábio com força. Demos um beijo triplo e eu lembrava vagamente, bem vagamente, que já tínhamos feito aquilo antes em alguma festa embalados por muito Velho Barreiro, mas aquilo era completamente diferente. Depois, eu e Marie descemos beijinhos em cada lado do pescoço do Lucas – o que custa apreciar o menino um pouquinho – trocando olhares safados.

Ao mesmo tempo, fomos subindo as mãos devagar pelas coxas do Lucas, apertando sobre o short. Ele jogou a cabeça pra trás, respirando forte, as bochechas corando por debaixo das sardas, os olhos fechados fazendo os cílios muito compridos e pretos contrastarem com a pele muito branca. Um gemido gutural escapou quando eu e Marie apertamos o pênis dele por cima do short, e nós trocamos mais um olhar cúmplice. Provocamos por ali por um tempinho, até que eu desabotoei a braguilha e nós duas enfiamos a mão dentro da cueca do Lucas.

Ele gemeu alto, o quadril dando um espasmo.

Ok, definitivamente eu estava há tempo demais sem sexo.

Ele abriu os olhos, nublados de tesão, encarando a Marie, que respondeu com um sorriso. Os dois se beijaram de novo, e ela sussurrou alguma coisa no ouvido dele que eu não consegui escutar.

– Assim não vale, poxa. – Reclamei. Ela não respondeu, só arqueou as sobrancelhas com aquela expressão de quem está prestes a aprontar. Me beijou mais uma vez, com aquele beijo mandão de sempre, e desceu para se ajoelhar na minha frente. Eu fiz menção de falar alguma coisa, tentando entender o que se passava. O Lucas tirou minha mão da sua cueca (não sem antes fazer um biquinho), e me segurou pelo quadril para que eu me ajeitasse no seu colo e ficasse totalmente de frente para a Marie. Depois, segurou meus dois braços atrás das minhas costas, de forma de que fiquei imobilizada. Com a mão livre, ele puxou meu cabelo na altura da nuca. – Por que eu to achando que vocês já tinham combinado isso antes? Eu to sentindo que caí numa armadilha.

A Marie riu de lado, sacudindo os cabelos de novo e separando minhas pernas na altura dos joelhos. Depois, ela subiu o meu vestido até quase chegar na minha virilha, sem nunca deixar de encarar. Os olhos da Marie eram meio sobrenaturalmente grandes, cor de mel quase verdes, e dava pra contar as manchinhas nas íris dela. A Marie sempre olhava pra pessoas como se fosse engolir; seja de raiva, de alegria, de tesão, dificilmente ela dispensava indiferença a algo ou alguém. Nisso a gente sempre foi muito parecida, talvez uma razão de tantos embates de ideias anos atrás.

Enfim.

Ela mordeu a lateral do meu joelho esquerdo, subindo beijos molhados pelas minhas coxas. A sensação era um misto de cócegas e arrepio, eu me contorci no colo do Lucas, que continuava a me segurar bem firme. Quando ela tirou minha calcinha, eu já tinha fechado os olhos.

A Marie é do tipo de pessoa que nunca faz nada pela metade. Tudo dela tem que ser o melhor, e com o oral não poderia ser diferente. Nunca tinha esquecido das nossas noites intermináveis, transas que duravam horas a fio, como ela se empenhava em me fazer gozar três, quatro vezes. A habilidade continuava a mesma. Ela me chupava de maneira focada e intensa, e eu sentia minha respiração sair do controle, meu corpo começando a suar.

Sentia o pau do Lucas sob o short, e me esfregava nele de leve enquanto a Marie me chupava. Ele continuava me segurando firme, o que me enlouquecia mais ainda, mas em determinado momento me soltou, descendo as alças do meu vestido e sutiã para apertar os meus peitos. Uma das minhas mãos livres desceu imediatamente para puxar os cabelos da Marie, e a outra se esgueirou novamente para dentro da cueca do Lucas. Eu estava me sentindo totalmente exposta, pulsando, parecia que todos os nervos do meu corpo estavam na ponta da língua da Marie, e ouvir o Lucas gemendo no meu ouvido enquanto eu fazia uma punheta desajeitada estava a ponto de me enlouquecer.

Puxei os cabelos da Marie com força para ela subir, porque era a minha vez. Estava esbaforida e vermelha, completamente desmontada. Me virei para beijar o Lucas antes de levantar e empurrar a Marie para a cama, tirando o que me restava do vestido com pressa. Me livrei do short dela de uma vez, desabotoei o sutiã chamativo e me deitei sobre ela. Estávamos as duas agora só de calcinha, e eu podia sentir o olhar do Lucas sobre a gente, mas naquele momento só uma coisa importava. Eu precisava chupar a Marie de novo, e JÁ.

Tanto tempo gasto naquela fantasia, tantas vezes eu tinha gozado sozinha pensando naquilo, em descer minha língua por cada cantinho dela só mais uma vez. Eu lembro de chamá-la de “boceta de mel” só para irritá-la na época em que a gente estava junta, mas a brincadeira tinha um fundo de verdade. Eu separei as suas coxas e comecei a chupá-la.

Devagar, tentando lembrar cada truquezinho que ela gostava. Ouvia os seus gemidos e a respiração entrecortada do Lucas, caprichando o máximo que eu podia no oral. Fiquei por ali um bom tempo.

Até ela gozar.

Ela segurou meu cabelo com força, arqueando o corpo para frente, se esfregando em mim, como fazia antes. Depois, desmontou na cama. Eu olhei para o Lucas, uma mão dentro do short, a camiseta no chão, os olhos arregalados, a boca inchada. Arqueei uma sobrancelha com aquele olhar de “fica esperto porque se eu realmente quiser eu roubo sua mulher”, antes de me livrar da minha calcinha e me deitar sobre o corpo suado da Marie. Sorri na boca dela antes de a gente se beijar mais uma vez, puxando os quadris para cima para que a gente pudesse colar velcro como se deve.

Me esfreguei nela, o corpo inteiro pulsando, e ela me abraçou, grudou inteira em mim. Cada investida dos nossos quadris um contra o outro me fazia ver estrelinhas, parecia que mundo inteiro tinha sido reduzido a nós duas, eu nem conseguia mais ligar o cérebro pra pensar em nada.

Mas aí, de repente, junto com todo o estímulo, senti uma língua deslizando na minha entrada. Gritei de leve, tentando entender o que estava acontecendo, quando percebi que o Lucas tinha se ajoelhado na cama e estava chupando nós duas enquanto a gente se esfregava.

Meu corpo quase desligou a chave geral quando a ideia se formou na minha cabeça. Parei o beijo, gemendo no ombro da Marie que não parava de arranhar as minhas costas. O Lucas apertava a minha bunda, meu clitóris beijando o dela enquanto ele ia beijando nas duas, e quando ele enfiou dois dedos dentro de mim não durei muito, não deu.

Soquei colchão com o punho fechado, gemendo alto contra a pele da Marie. Ela sorriu para mim, gemendo baixinho com uma careta. Provavelmente o Lucas não tinha parado.

– Acho que eu quero gozar de novo. – Ela sussurrou.

– Ah, é? – Eu respondi sem ar.

– Correção. Acho que eu quero que você me faça gozar de novo.

Eu ri de leve, deitando de costas na cama. A Marie se levantou, puxou o Lucas pelos cabelos para um beijo desastrado. Depois me deu um dos travesseiros. Eu mordi o lábio, tentando não rir porque o nível de endorfina estava meio ridículo naquele momento, ajeitando o travesseiro sob a minha nuca.  A Marie ajeitou os cabelos, respirou fundo e se ajoelhou em cima do meu rosto, as mãos segurando firme na cabeceira de madeira atrás de mim.

Eu segurei os quadris dela, fechando os olhos e passando a língua devagar por toda a extensão da sua vulva. Ela gemeu alto. Eu sabia que ela estava muito sensível, e também muito molhada; encharcada na verdade. Saber o motivo daquilo fez a minha cabeça rodar. Comecei a sugar o clitóris dela de levinho, antes de passear com a língua por ela inteira outra vez. Ia demorar um pouquinho para ela gozar de novo, então eu ia ter que fazer tudo com delicadeza. Ela gemeu quando o Lucas fez alguma coisa que eu não vi, e aí senti as mãos dele nas minhas coxas.

Um dos dedos dele me penetrou, curvando dentro de mim. Eu gemi abafado, surpresa com o choque de desejo que percorreu todo o meu corpo. Ele começou a fazer movimentos circulares com o dedão no meu clitóris, pressionando meu ponto G por dentro, e eu tive me concentrar bastante para não me atrapalhar toda no que estava fazendo. Ouvi um pacote de camisinha sendo aberto e ok, na verdade aquela era ideia era incrível e quando ele segurou meu quadril e deslizou pra dentro de mim de uma vez só eu tive que parar um pouco para não gritar.

Desse ponto pra frente durou muito pouco; estávamos os três sensíveis demais, depois de tempo demais. Lucas me comia com força, imprimindo movimento aos quadris a cada investida, enquanto a Marie tensionava o corpo na minha língua. Os dois estavam se beijando, eu podia ouvir, e eu desci um dedo para complementar o estímulo, sentindo minha vulva inteira contrair.

O Lucas foi o primeiro a gozar, com a série de estocadas fortes que puxaram o meu orgasmo. A Marie não demorou muito mais, gemendo alto e se esfregando em mim a cada onda. Caímos os três na cama, cada um para um lado. Os três exaustos, cobertos de saliva, gozo, suor.

– Bom, acho que todos o nossos colegas ouviram a gente transar. – A Marie desatou a rir.

– No caso de nós duas, não seria a primeira vez.

– Não mesmo. – O Lucas confirmou. Ele tirou a camisinha e eu estava lutando para manter os olhos abertos depois de toda aquela maratona sexual. Ele beijou a Marie, preguiçoso, os dois sorrindo um para o outro, os olhos brilhando de amor. E naquela hora eu senti uma fisgada por dentro, eu estava tão acostumada a estar só há tanto tempo, era tão rotineiro e natural, mas eu me perguntei como seria, ter alguém pra me beijar daquele jeito, me olhar daquele jeito.

A Marie veio me fazer uma conchinha, beijando meu ombro de leve e sorrindo para mim. O Lucas me ajeitou na curva do seu ombro, empurrando os cabelos lisos para longe da testa suada. Eu olhei para as pernas da Marie, as minha e as dele, um degrade de tons.  Era como se misturassem café com leite o resultado fosse a cor da minha pele, e uau, eu devia estar chapada ainda e nem percebi.

Pensei em estar de volta na Europa, vendo as fotos dos dois nas redes sociais, na estrada que nos levaria de volta a São Paulo na noite seguinte, nas pessoas que nos tornávamos, e a minha cabeça pesou. Um banho seria uma boa, mas minha mente apagou antes. Dormimos os três enrolados uns nos outros, a chuva fina ainda caindo lá fora.

Reencontro de faculdade – Parte 1

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Chegamos no tal sítio no início da noite. A Leila se perdeu no caminho, lógico, mas realmente o tal lugar era no meio do nada. E eu também nem dirijo, não teria chegado lá sem a carona dela, então.

Bom, é isso. Nem parece, mas realmente já estamos fazendo cinco anos de formados. A tal reunião começou a ser ensaiada meses antes, num grupo criado especialmente pra isso no WhatsApp. Sinceramente, não botei muita fé. Me pareceu aquelas coisas de “vamos marcar!”, que todo mundo se entusiasma mas nunca vai pra frente. Estava errada.

Das trinta pessoas da classe, parece que dezoito iriam, o que era bastante, considerando que muita gente tinha casado/tido filhos/mudado para o exterior (às vezes as três coisas juntas). Negociamos uma chácara em Bom Jesus do Meio do Nada, com todos os confortos; quarto pra (quase) todo mundo, piscina, varadão, até fogão a lenha.

Eu não podia estar mais animada. Se fosse minha turma de escola teria me horrorizado à perspectiva de ter que ficar frente à frente com meus algozes de adolescência de novo. Mas com o pessoal da faculdade, era diferente. Sempre me dei muito bem com eles – na verdade, me senti em casa pela primeira vez entre gente que tinha as mesmas paixões que eu e estava muito animada para rever todos. Tinha alguns amigos próximos da classe que encontrava com frequência, e outros que sempre via aqui e acolá, num bloquinho de carnaval que calhava de todo mundo colar, ou quando um post no Instagram levava a outro e a gente se juntava na Parada. Mas assim, todo mundo, como nos velhos tempos, ia ser a primeira vez.

E eu estava empolgada de verdade para saber o que cada um andava aprontando. Claro, sabia bastante por causa das redes sociais, mas não tinha tido a chance de realmente conversar com os colegas para saber – como andam os preparativos para o casamento, como está sendo o emprego dos sonhos, e aquela viagem pro Marrocos em 2014, conta dos detalhes.

Foi depois de muita polêmica no tal grupo de WhatsApp que decidimos pelo “banimento” dos respectivos de todos. O argumento era simples; primeiro que ia ser muito mais difícil encontrar um lugar grande o suficiente para praticamente o dobro de gente. Além disso, os @ todo mundo já via sempre, a ideia era passar um tempo com o pessoal da faculdade, como antes. Houve protestos. Muita gente queria que sua metade da laranja conhecesse o povo todo, o que resolvemos jurando que íamos marcar um bar na semana seguinte.

Depois de ter visto o fim de semana no sítio se concretizar, não me surpreenderia se realmente rolasse.

Mas enfim, que enorme digressão. O ponto é que eu estava feliz de passar três dias na companhia dos meus colegas de classe. E também estava solteríssima há anos, e não me importaria de fazer um revival com qualquer um dos meus ex contatinhos.

***

A primeira noite foi tranquila. Organizamos uns petiscos (Ludmilla levou várias opções veganas – “Eu e Thalita estamos 100% vegans há dois anos”), botamos logo umas dez garrafas de vinho pra jogo e lá fomos nós, colocar o papo em dia. O João Paulo tinha se mudado pra Sérvia, era sorte ele estar no Brasil. Tinha ido ficar com a namorada gringa, e estava trabalhando com animação. Tirou um pacote e tabaco e bolou um cigarrinho chique. A Fê tinha virado atriz. Tava fazendo um papel menor numa série da Netflix, e contou de vários projetos engatados. A Laura tinha pintado o cabelo de azul, e estava chefiando um departamento de quarenta pessoas. A Carol estava rodando o país com o seu filme, e tinha montado um coletivo feminista. O Diego tinha acabado de alugar um apartamento no centro com o namorado. Fizemos FaceTime com a Raíssa, em Madrid, que mostrou a barriguinha de oito meses.

Eu, bom, eu estava bem, dividida entre o Brasil e a Alemanha, tentando ganhar dinheiro escrevendo, um pouco menos adulta do que era de se esperar, mas ainda assim, bem. Depois da quarta taça eu estalei os lábios, o álcool já tirando meu filtro, pronta pra deixar escapar a pergunta que ficou na minha cabeça a noite toda, mas fui salva pelo gongo.

– Ah! – A Leila levantou, sempre com aquele ar de quem gerencia as coisas. – Precisa abrir o portão, o Lucas e a Marie chegaram. – E saiu arrastando as havaianas.

Houve um murmúrio geral na mesa, comentando sobre aquele novo casal, lembrando que eles não ficavam na época da faculdade, alguém indagou como tinha começado. Eu sabia a história por cima, às vezes encontrava com gente muito próxima deles, os seguia no Instagram, a gente sempre curtia os posts uns dos outros, mas a verdade é que não tinha estado com eles desde que o namoro começou.

Não vou mentir que sentia uma pontadinha de inveja sempre que via as fotos dos dois. Lindíssimas, a Marie sempre foi uma puta fotógrafa. E de verdade, os dois pareciam muito felizes. Conhecendo-os tão bem como os conhecia, me surpreendia que não tivesse acontecido antes.

Meu coração deu um mini pulinho quando eles chegaram na varanda, as mãos cheias de sacolas. A Marie estava de shortinho jeans, uma camisetinha que deixava à mostra seu braço recentemente fechado de tatuagens e a marquinha de biquíni (os dois tinham ido pra praia no fim de semana anterior, o Instagram me contou). Ela estava muito diferente; na época da faculdade ela usava dreads coloridos, se vestia de um jeito meio clubber, sempre com vestidinhos Neon e Melissas nos pés. Agora, os cabelos crespos estavam naturais, as pontinhas queimadas de sol, e usava cores sóbrias, jeans larguinhos, os cropped da moda, sempre deixando à mostra seu corpo cada vez mais escultural, graças ao pilates.

O Lucas também estava diferente. Usava uma bermuda curtinha, tinha os braços e pernas tatuados. Os cabelos muito lisos e pretos estavam num corte repicado e bagunçado, misturando à armação grossa dos seus óculos, as sardas se destacando na pele queimada de sol. Magrinho ele sempre foi, mas o tempo o fez encorpar, os ombros e braços mais musculosos do que eu lembrava.

– Gente, que calvário chegar aqui, socorro! – A Marie foi falando, sacudindo sua juba de cabelos bem cuidados. – Preciso de uma cerveja.

– Tamo no vinho, baby. –  O Diego logo se adiantou, alisando o bigodinho. – A Fernanda ensinou a gente a fazer sangria. Agora a gente é chique.

– Hmmm, muito bem. – Ela aprovou, servindo-se de um copo e passando ao redor da mesa para abraçar todos os presentes, com o Lucas em seu encalço. Quando chegou a minha vez, a gente trocou um olhar cúmplice.  – E aí?

– Eu aí?? – Eu devolvi com um sorriso largo, e a gente se abraçou. Não nos víamos há uns dois anos. Ela continuava linda. Na verdade, estava muito mais linda do que antes. Os anos a fizeram muito bem. Quando nos largamos, olhei para o Lucas, que baixou o olhar, mordendo os lábios e deixando as covinhas aparecerem num sorriso tímido. Foi uma lembrança gostosa; eu tinha esquecido que ele sempre fazia aquilo.

– Como cê tá? – Ele perguntou, me abraçando. – Como tá a Europa?

– Tá lá, gelada. – Eu ri. Podia sentir a tensão da galera nos observando interagir. Tá, tá, gente, já temos todos quase trinta, podemos agir de acordo, por favor?

Mais tarde, quando eu e Diego nos preparávamos para ir dormir no quarto que iríamos dividir pelos próximos três dias, ele me perguntou a queima-roupa:

– Esse revival aí, hein? Tá todo mundo de olho nesse triângulo.

– O quê? Imagina, eu não vejo nenhum dos dois há anos.

– Sei. Cê pensa que eu não vi o jeito que eles olharam pra você, né? Tá bom. – Ele disse em tom de quem encerra a conversa, afofando o travesseiro da sua cama de solteiro.

***

No dia seguinte, me diverti como não me divertia há anos. Passamos o dia na piscina, aplacando o solão de rachar. O Diego passou o tempo todo tirando fotos das pessoas e criando memes em cima, que iam ficando cada vez mais engraçados conforme a gente ia bebendo. Meu senso de humor tão estranho de repente estava em casa; era incrível sentir que embora cada um em um canto, muito das nossas personalidades tinha se formado em conjunto.

Tudo transcorreu sem maiores incidentes, a atmosfera amigável e tranquila. O Lucas e a Marie se comportaram muito bem, tirando algumas piadinhas aqui e ali, não pude notar nenhum flerte da parte deles. Parte de mim ficou decepcionada, não vou mentir, mas os dois estavam tão lindos juntos, tão em sintonia, que sei lá, dava até medo de estragar, então achei melhor assim.

Porém, no fim da noite, depois dos banhos revezados, do jantar e de muitos drinks, sobramos no sofá, eu e o Lucas. A Marie tinha ido sei lá onde; muita gente já tinha ido dormir, mas ainda sobrava uma rodinha de pessoas ouvindo música enquanto caía uma chuvinha fina. Eu tinha me concentrado num ponto entre as telhas há horas; viajando sobre como ia ser voltar para Berlim e lembrar daqueles momentos, essas coisas que eu acabo pensando sempre. Suspirei, o corpo todo molenga. Na outra ponta do sofá, o Lucas tirou os óculos e esfregou os olhos.

– Nossa, bateu. – Ele disse, rindo de lado.

– Né? Jesus.

Eu olhei bem pra ele, enquanto ele passava a mão pelos cabelos bagunçados, as covinhas das bochechas à mostra, e aquele tom de voz doce que sempre mexeu comigo. Naquela hora me perguntei por que raios eu tinha perdido tanto tempo com cafajestes, se é dos intelectuais tímidos charmosos sensíveis que eu gosto de verdade.

De repente a Marina voltou para a varanda, um copo de caipirinha na mão, um shortinho indecente de minúsculo. Ela fez menção de sentar no colo do Lucas, olhou pra mim, sorriu, e sentou no meu.

– Aaaai que saudade da minha ex! – O João Paulo gritou.

– Aí você tem que ver qual ex de quem né? – O Diego comentou, uma sobrancelha levantada. Eu passei uma das mãos pela cintura dela, a outra repousei na sua coxa. O cabelo dela estava com um cheirinho muito bom de shampoo (mas na verdade não devia ser, já que há anos ela era adepta do low poo).

O Lucas estava vermelho que nem pimentão, esse tonto. A Marie me deu um golinho do drink, só pra provocar mais.

– Vixe. – Eu disse, rindo. Sabia que ela adorava aquele tipo de joguinho, inclusive já tínhamos flertado muitas vezes depois de terminar e quase nunca o flerte terminava em algum lugar. A Marie era como eu; adorava a atenção.

O Lucas foi o primeiro casinho que eu tive na faculdade. Nos pegamos logo na primeira festa. Na época, ele tinha os braços despidos de tatuagens e os cabelos curtos. Daí sempre que tinha um rolê a gente acabava ficando. Por fim as coisas se tornaram menos esporádicas, e a gente começou a se pegar mais sério, nos beijar nos banquinhos da faculdade entre as aulas, passar os intervalos de almoço estirados nos gramados da praça do relógio, eu arrumando trouxinhas para ir dormir no apartamento dele em Pinheiros depois da aula.

Durou uns três, quatro meses, depois arrefeceu. Era o começo da universidade, muita novidade, muita coisa pra fazer, nós dois tínhamos que nos descobrir, não deu. Continuamos amigos, sempre nos demos bem e seguimos a vida.

Com a Marie, foi mais sério.

Nos aproximamos no início do segundo ano. Começamos a fazer muitos rolês juntas; em toda festa a gente estava. A gente se dava muito bem; era tudo natural entre a gente. De amigas de copo, passamos para amigas da vida. Os domingos largadas nos sofás uma da outra, virando madrugadas juntas editando aquele trabalho. Um dia bebemos demais num happy hour. Fomos para minha casa. Uma coisa levou à outra e não paramos mais.

Ficamos por quase um ano; nunca oficializamos nada. Eu me apaixonei por ela. A falta de um título de namorada significava muito pouco. Estávamos sempre juntas, compartilhávamos tudo. Mas não foi muito fácil. Às vezes eu queria mais; e ela não queria. Às vezes era o contrário. Tinha muita coisa acontecendo. Ela foi fazer um intercâmbio de um mês. Quando voltou, num acordo silencioso, tínhamos terminado.

Foi estranho por um tempo, depois voltamos a conversar. Mas a amizade de antes, não conseguimos retomar mais. Eu sempre pensava nela com carinho, me perguntava se um dia íamos conseguir ser tão íntimas quanto antes. O engraçado é que, pra quem via de fora, não dava pra imaginar ela e o Lucas juntos no primeiro ano. Eles sempre se deram bem, faziam parte da mesma turma, até já tinham se dado uns pegas aleatórios numas festas, mas nada além disso.

Foi só depois da faculdade, que eles se reencontraram, se reapresentaram, se apaixonaram. E era louco ver como os dois evoluíram para se encaixarem direitinho um no outro; ele estava mais confiante, mais seguro, sem nunca perder aquele jeitinho manso. Ela estava mais madura, mais focada, mas continuava com a presença exuberante de sempre.

A tensão era palpável. Eu podia sentir que estava todo mundo olhando para nós duas; o Lucas, nossos amigos. Muita pressão pra mim, não tem manual pra saber como agir quando você tem que lidar não só com um, mas com dois ex no mesmo lugar.  Ainda mais quando eles estão juntos.

Nessa hora, por milagre, começou a tocar o funk hit do momento. Eu levantei correndo e a tensão se dissipou. Logo eu e a Marie começamos a ir até o chão, e a Laura se juntou a nós duas. Tudo muito divertido e inofensivo, mas eu podia sentir o olhar do Lucas queimando na minha pele enquanto eu dançava, podia sentir a Marie colocar as mãos na minha cintura por um pouquinho mais do que a coreografia pedia.

Eu decidi que ia precisar me entorpecer mais se queria passar por aquela situação e me manter sã. Gritei que era hora dos shots, virei duas tampinhas de vodka de uma vez. Depois, fui pro banheiro, checar a minha cara, tomar um ar, lavar o rosto, sei lá. Quando eu voltei, Marie, Laura e Diego estavam se acabando na Paradinha. Eu sacudi os cabelos, respirei fundo e me juntei a eles.

Quando a música acabou,começou uma mais lenta, de sarração, que eu não conhecia. A Marie se virou para mim, colocou as mãos na minha cintura e a gente começou a rebolar. Eu estava tentando rir como se nada estivesse acontecendo, mas aquilo era covardia, sinceramente. Ela estava muito próxima de mim, aqueles olhões cor de mel penetrando a minha alma. Eu virei para o Lucas, meio desesperada.

– Cê tá vendo isso, né?

– Tô, sim. – Ele disse com um sorriso de lado filho da puta, como quem diz, não só tô vendo como to gostando. Ai, meu deus. Eu fechei os olhos, só rezando para os dois não estarem brincando comigo, porque aquela ideia já tinha cruzado a minha mente antes, e não tinha como negar que eu estava ficando cada vez com mais vontade.

A Marie me virou de costas pra ela, agarrou minha cintura e a gente foi dançando devagar. Daí ela afastou as mechas do meu cabelo e deu um beijo na minha nuca. Ok, isso aí já é falta. Não dá pra brincar desse jeito e ela sabe. Deixei o arrepio percorrer o meu corpo e voltar, e me virei, disposta a tomar as rédeas da situação de volta pra mim. Ou eles iam até o final ou o chove-não-molha ia parar por ali.

Ela passou a língua pelos lábios em forma de coração, arqueando as sobrancelhas perfeitas, nossas testas coladas. Não tirava os olhos de mim e naquele olhar a gente trocou mil confidências, lembramos dos velhos tempos, contamos muita coisa. Eu estava há tanto tempo tão sozinha, tão acostumada à minha independência e solidão, e de repente me vi de novo naquele olhar, toda aquela cumplicidade que a gente teve um dia, como se a gente tivesse terminado ontem.

Quando ela me beijou, segurou as laterais do meu rosto com as mãos. Meu coração estava acelerado, minhas mãos dormentes, como há muito tempo eu não sentia. Podia ouvir as exclamações dos amigos enquanto ela me empurrava para a parede mais próxima, mas a minha mente se desligou do resto do mundo. Nos enfiamos numa bolha à medida que o amasso se intensificava, minhas mãos seguindo da nuca dela para sua cintura, num daqueles beijos que é bom de primeira, que não dá vontade de parar.

Mas paramos. Quando eu abri os olhos, fazendo força para voltar do abismo de sensações no qual eu estava totalmente absorta, o Lucas estava atrás da Marie, olhando diretamente pra mim.

CONTINUA

 

Presente de aniversário

nivvers

Atenção, o conteúdo a seguir é impróprio para menores de dezoito anos.

Contém cenas de sexo explícito M/H e H/H, e linguagem chula. Se você é menor de idade ou não se sente à vontade com essas temáticas, por favor, não prossiga a leitura.

– O que é isso? – Dora perguntou quando o garçom colocou dois copos de Bloody Mary à sua frente. Os enfeites e parafernálias em cima estavam saindo por todos os lados.

– Cortesia para a aniversariante. – Rodrigo explicou sorridente, do outro lado da mesa.

– Gente, pelo amor de Deus, nesse ritmo vou voltar pra casa de SAMU.

– Aproveita enquanto ainda tem SAMU então, linda, porque daqui a pouco o Temer vai acabar com ele também.

A mesa inteira gargalhou. Dora pegou um dos copos. Se os amigos estavam dispostos a embebedá-la, quem era ela para dizer não? A mesa estava cheia, os drinks estavam deliciosos e o seu cérebro estava naquele estágio inicial da bebedeira, quando tudo parece estar coberto por névoa. Se aquele não era o seu melhor aniversário, pensou Dora, feliz, com certeza estava na lista.

– Oficialmente, a Vivi e a Marina foram para o banheiro juntas. Parece que alguém vai ganhar a aposta. – Leo a arrancou de seus pensamentos, sentando-se ao seu lado e servindo-se de um dos copos sem a menor cerimônia.

– Leo, você não seria deselegante ao ponto de me cobrar uma aposta no dia do meu aniversário, né? – O namorado levantou uma sobrancelha. – Além disso, você encheu a Marina de tequila. Isso é trapacear.

– Vou pensar no seu caso, só porque hoje você está particularmente maravilhosa. – Dora sorriu. Leo passou o braço pela sua cintura, aproximando-se dela no banco. Colou sua testa na da namorada e sussurrou: “Está feliz?”

– Sim. Muito.

– Que bom. – Ele se inclinou para roubar um beijinho carinhoso e depois se endireitou no banco. – Estão te calibrando, hein? Acho ótimo, mas vai bebendo devagar. É bom você ficar acesa a noite toda.

Dora franziu a testa.

– Por quê? O que você está aprontando?

– Eu? Nada. Que coisa feia, você desconfiando de mim. – Disse Leo com um muxoxo, dando uma piscadela para Dora e virando-se para roubar mais um pouco do Bloody Mary. Dora então teve a certeza de que o namorado estava tramando algo.

***

– Gente, sobrou muito bolo, de verdade! Vocês não querem levar mais um pouco?

– Não, não, já levamos um monte miga, valeu! – Marina respondeu, com o batom todo borrado.

– O Uber chegou. – Avisou Vivi, sorridente. As duas sumiram dentro do carro e Dora suspirou, contente. Sentiu os braços de Leonardo a envolverem por trás e colou o corpo ao do namorado. Ele beijou sua nuca algumas vezes e sussurrou em seu ouvido:

– Vamos embora?

– Vamos. – Dora sussurrou de volta, sentindo os joelhos amolecerem. Ela nunca resistia quando ele falava em seu ouvido daquele jeito, ainda mais quando tinha um galão de álcool correndo em seu sangue.

– Mas então… Na verdade eu tenho uma surpresa pra você.

– Surpresa? Leo, do que você tá-

Dora virou-se para encarar o namorado, e viu Gustavo encostado na parede, fumando um cigarro. Ele olhou pra ela e deu um sorriso tímido. Ela engoliu em seco, suas bochechas queimando imediatamente. Uma parte do seu cérebro dizia que não podia ser, ela estava entendendo errado. A outra dizia que Gustavo ficava realmente MUITO bem naquelas calças justas.

– O Gu vai no nosso Uber. A gente tem um presente pra você.

***

Dora estava olhando para o copo d’água em suas mãos, enquanto Leo apresentava o Saci, seu vira-lata, para Gustavo. Ela não conseguia decidir se deveria beber água para ficar mais sóbria e conseguir aproveitar a noite direito, ou se precisava de uma dose de Absolut.

Gustavo perguntou onde era o banheiro e pediu licença. Leo colocou Saci no chão e olhou para Dora.

– Tudo bem?

– Tudo. Tô um pouco nervosa.

Leo torceu a boca e se aproximou do sofá, ajoelhando-se.

– Você sabe que se não quiser não precisamos fazer nada, né?

– Não é isso. Eu quero! Você sabe que eu quero. Eu só tô nervosa.

Leo olhou nos olhos de Dora por um tempo, como que esperando ver uma confirmação ali. Depois sorriu aquele sorriso doce e safado ao mesmo tempo que tinha conquistado Dora quando eles se conheceram.

– Não se preocupe. A gente vai te relaxar.

Ele tirou o copo das mãos de Dora, passou os braços pela sua cintura e a fez levantar. Trouxe o corpo pequeno da namorada para perto de si e afundou o rosto em sua nuca.

– Que cheirosa. – Ele comentou em voz baixa, fazendo Dora se arrepiar. – Você está linda hoje, minha gatinha.-  Neste momento, Dora ouviu a porta do banheiro se abrir. Leo levantou o rosto para Gustavo, atrás dela. – Vem cá. Ela não está linda hoje, Gu?

– Está. – Confirmou Gustavo, meio sem jeito. Leo estava dominando tanto a situação, o que era surpreendente. Há algumas semanas os dois conversaram sobre isso, e ele havia se mostrado reticente. Agora, estava agindo como se tivesse doutorado em ménage à trois.

– Ela é mais linda ainda sem roupa. – Dora corou imediatamente. Era muito excitante ver esta versão ultra confiante de Leo. Gustavo deu uma risada sem graça. Leo olhou para ele por cima do ombro de Dora. Ela se sentia paralisada, não tinha coragem de olhar para trás e encarar o amigo. Leo soltou a sua cintura, pegou as duas mãos de Gustavo e o trouxe para perto. – Assim dá pra imaginar.

Dora sentiu as mãos geladas de Gustava passeando por cima do vestido, da sua cintura para o seu quadril. Leo não estava mais olhando para ela, tinha os olhos verdes fixos em Gustavo. Ela podia imaginar que ele devia estar hipnotizado, porque com certeza, ninguém no mundo poderia resistir àquele olhar de lobo mau. Sentiu as mãos de Leo apertando as de Gustavo no seu quadril e depois subindo, pela sua barriga, bem devagar.  Dora prendeu a respiração quando os dois pares de mãos chegaram aos seus peitos, apertando com força por cima do sutiã. Gustava gemeu baixinho atrás dela, e de repente, como se tivesse sido a reação de um ímã, ele e Leo se beijaram.

Dora se virou um pouquinho, para poder ver. Os dois estavam se beijando com força. Deu um pouco de vontade de ter uma cadeira bem perto, porque os seus joelhos ficaram fracos. Ela viu Gustavo morder o lábio inferior de Leo e sua respiração ficar mais forte. Ele soltou as mãos de Gustavo para trazê-lo para perto atrás de Dora. Colou o corpo dele ao dela e ela pode sentir sua ereção debaixo daqueles jeans ridiculamente apertados. Dora se sentiu um pouco tonta. O nervosismo ainda a paralisava, e ela estava lutando contra ele, mas era muito difícil. Ela conhecia Gustavo há anos, eram colegas de trabalho, era difícil se soltar naquela situação, por mais que tivesse sido a sua fantasia pelos últimos meses.

Ela sabia que Leo conseguia sentir sua tensão, tanto que ele colocou uma mão em seu ombro, com carinho, para tranquilizá-la, enquanto beijava o pescoço de Gustavo. Ela podia sentir a barba do amigo roçando na lateral de seu pescoço, e era uma sensação tão diferente do rosto liso do namorado ao qual estava tão acostumada…

A boca de Leo de repente estava na frente da sua, e ele sorriu de levinho, passando os lábios nos dela, provocando com mordidinhas. Depois invadiu a sua boca com aquele beijo incendiário, elétrico, que nunca falhava em fazer a cabeça de Dora rodar. Gustavo arfou.

– Sempre achei lindo. Vocês se beijando.

Dora responderia que sim, mas é claro, porque quando ela e Leo iam ao motel eles passavam longos minutos se beijando em frente ao espelho. Era muito excitante beijá-lo, ele tinha o beijo mais carregado de paixão que ela já havia experimentado na vida, então é claro, é óbvio, que era lindo de ser ver.

Mas ela não respondeu, porque estava ocupada puxando de leve os cabelos da nuca de Leo, trazendo-o mais para perto, como se quisesse engoli-lo, porque, bom, de certa forma, ela queria mesmo. Ela sentiu Gustavo descendo uma das alças do seu vestido e beijando a tatuagem que ela tinha ali. A sua barba e os beijos a fizeram arrepiar, porque a tensão estava passando e a sensação de bebedeira voltando, e de repente ela estava muito molinha. A outra mão de Gustavo desceu para o seu quadril, apertando o corpo dela contra o dele, enquanto ele próprio investiu o seu quadril contra dela. O movimento a despertou um pouco do torpor, e o seu corpo voltou a tensionar.

– Se solta. – Leo sussurrou bem baixinho em seu ouvido. – Eu quero que você se solte. Eu quero que você aproveite. Eu tô aqui com você.

E, como em outras ocasiões, Dora se perguntou se o namorado era secretamente um feiticeiro, porque às vezes suas palavras eram mágicas. Ela suspirou e escondeu o rosto no pescoço do namorado, sentindo aquele cheiro que ela adorava. Leo tinha razão. Ela estava na companhia de dois homens que adorava e confiava, e que estavam dispostos a tudo para diverti-la.

Melhor presente de aniversário.

Ela inclinou o corpo para trás, e segurou a mão de Gustavo mais forte, fazendo com que ele a apertasse com mais afinco. Leo sorriu.

– Pode apertar com força. Ela curte.

Dora riu, um pouco envergonhada.

– Ele tá louco pra te apertar, Dora. Ele me contou. – Leo disse, e Dora soltou uma exclamação de leve. Não sabia se estava deliciada ou indignada com a informação de que os dois estavam conversando sobre isso antes. Gustavo riu também. – Tá com vergonha? Eu ajudo.

Ele pegou a mão de Gustavo que ainda estava no ombro de Dora e a levou até a bunda da namorada, fazendo o amigo apertá-la com força. Dora já estava achando bem difícil ser discreta àquela altura, e gemeu alto. Mas Leo não parou por aí. Ele guiou a mão de Gustavo para subir o vestido justo de Dora. As mãos foram parar debaixo dele, e depois de mais um apertão na bunda, Leo levou a mão de Gustavo para dentro da coxa de Dora.

– Eu aposto que ela está encharcada. – Disse Leo, fazendo Dora e Gustavo gemerem juntos. – Ela sempre fica molhada muito rápido. – Leo levou a mão de Gustavo até a calcinha de Dora, passando os dedos por ali bem de leve. Dora gemeu estrangulado. Se fosse possível alguém desmaiar de excitação, aquele certamente era o momento. Gustavo beijou o seu pescoço com força, investindo o quadril contra o dela. Dora lançou ao namorado um olhar de súplica, sendo que ela nem sabia direito o que estava pedindo. Só sabia que aquilo deveria ser enquadrado como tortura em algum país e ela precisava que acabasse. Leo sorriu, ferino, e murmurou um “gostosa”, sem som. – Não falei?

– Não é  melhor… – Começou Gustavo, num tom rouco que Dora não conhecia e era MUITO sexy. – A gente ir pro quarto?

– Uhum. – Dora respondeu, sem fôlego. – Boa ideia.

Leo sorriu.

– Com uma condição. Deixa eu tirar este seu vestido. Você tá com roupa demais.

Dora sorriu de volta, sentindo a sua autoconfiança voltar com força total.

– Por que não tiram vocês?

– Com todo prazer. – Leo guiou as mãos de Gustavo mais uma vez para a barra do vestido, e em poucos segundos, ele estava no chão da sala, e Dora estava de calcinha fio dental, sutiã tomara que caia e botas over-the-knees na frente do seu colega de trabalho.

– Você é linda. – Gustavo sussurrou timidamente, envolvendo sua cintura com as duas mãos. Dora sorriu, suspirou fundo para criar coragem, virou-se e beijou o amigo.

Ela havia pensado naquilo mais vezes do que gostaria de admitir. Eles já tinham se beijado antes, claro, numa festa há anos, bêbados, num jogo de verdade ou consequência. Não contava. Aquele sim, era um beijo de verdade. Não era o mesmo que beijar Leo – ela era apaixonada, alucinada pelo namorado. Mas era um beijo insinuante, profundo e muito gostoso. Apesar de muitos anos de amizade, Dora nunca deixou de achar Gustavo muito atraente, com aquelas calças justas, jaquetas de couro e tatuagens.

O amigo apertou sua cintura, e ela sentiu Leo se aproximando, beijando sua nuca e pescoço, subindo para sua orelha e dando mordidinhas de leve. O beijo se estendeu por um tempo, até que Leo puxou o seu cabelo de levinho.

– Também quero brincar.

E novamente, Leo e Gustavo se beijaram. Desta vez Dora pôde apreciar a cena em todo o seu esplendor. Leo era um pouquinho mais alto que o amigo, e colocou as duas mãos em sua nuca, como geralmente fazia com Dora. Era lindo, e extremamente excitante, ver os dois se beijando e por um segundo ela teve certeza de que aquele era o apogeu da sua vida.

As mãos de Leo desceram para a bunda de Dora, apertando com força mais uma vez, e desceu os dedos para a sua calcinha.

– Cacete. Ela tá muito molhada, Gu. Vamos levar ela para o quarto.

***

Dora tinha certeza que aquilo era o mais próximo que chegaria a sentir como uma deusa grega na vida. Deitada em uma cama macia, com dois homens maravilhosos a dedicando toda sua atenção. Bom, nem toda. Eles também estavam bem interessados em curtir um ao outro – e Dora não tinha nenhuma objeção.

– Vocês… que estão… vestidos demais agora.

Leo sorriu, parando de beijar de Gustavo.

– Como sempre, minha gatinha, você tem razão. – Ele tirou a jaqueta de Gustavo e sua camiseta, e Dora gastou alguns minutos admirando a extensão da tatuagem colorida que cobria toda a lateral e metade das costas do amigo. Aquela tatuagem sempre tinha sido um ponto de curiosidade para Dora, e talvez fosse o álcool, mas ela não resistiu. Sentou-se na cama e passou a beijar a pele colorida. – Ela ficava falando desta tatuagem o tempo todo. Quase chegou a dar ciúmes. – Leo comentou, voltando a beijar Gustavo. Dora estava aproveitando o gosto da pele do amigo, aproveitando os cheiros, as texturas. Depois de estar em um relacionamento por alguns anos, oportunidades de explorar novos corpos eram escassas, e ela não queria deixar passar nada.

Subiu as mãos pelo peito de Gustavo, mordeu o seu queixo, e invadiu o beijo dos dois. Beijos triplos eram sempre um pouco desajeitados, mas eles estavam se divertindo. Dora estava cada vez mais inebriada com a ideia de que aquilo estava realmente acontecendo. E melhor: Leo parecia estar se divertindo tanto quanto ela.

– E essas calças aí? Minha gente, eu estou numa lingerie minúscula aqui, que tal vocês começarem a entrar para o grupo da pouca roupa?

Leo riu com gosto e levou as mãos ao cinto de Gustavo. Dora sentou-se de volta na cama, porque ela queria admirar aquela cena em todos os gloriosos detalhes. Ver os dois se dispindo, o contraste da pele bronzeada e tatuada de Gustavo com a extensão alva do corpo de Leo, era, definitivamente, um deleite.

Não demorou muito e os dois estavam só de cueca, ajoelhados na beirada da cama, em mais um amasso entusiasmado. As mãos de Gustavo bagunçavam os cachinhos de Leo, os peitos colados, as pelves se tocando.

Dora fechou os olhos por um momento e sentiu o mundo girar. Ainda estava muito bêbada e ela sempre ficava mais corajosa quando bebia. Deixou sua mão descer lentamente para a borda da calcinha fio dental, e abriu os olhos. Era como se ela estivesse assistindo um pornô particular. Só que muito, muito melhor.

As mãos de Leo desceram pelo peito esculpido de Gustavo e foram parar na sua cueca boxer. Dora viu o namorado apertando o pênis do amigo de leve por cima do tecido, e seus dedos foram parar de vez dentro da calcinha. Leo tinha toda razão; ela estava muito molhada, totalmente encharcada, e não dava pra aguentar nem mais um segundo sem se tocar, olhando para aquela cena que parecia ter saído de uma das suas seções preferidas do seu arquivo de fantasias.

Gustavo gemeu alto – Dora estava adorando perceber que ele não fazia o tipo discreto na cama – e Leo mordeu o seu lábio com força intensificando o toque. Depois, desceu a boca para o pescoço do amigo, mordendo, marcando. Gustavo desceu as mãos para a bunda de Leo e apertou com força – Dora não podia culpá-lo, Leo realmente tinha uma bundinha de estátua grega – e nesta hora, ela soltou um gemido.

Leo abriu os olhos, e parecia que suas íris pegaram fogo quando percorreram o corpo de Dora e foram parar em sua mão direita, dentro da calcinha de renda. Ele ofegou.

– Resolveu começar sem a gente, meu amor? Olha só, Gu, acho que deixamos ela de lado.

– Não, eu estou adorando assistir. – Dora sussurrou, porque era verdade.

– Acontece que é o seu aniversário. – Leo explicou, soltando o corpo de Gustavo, e deitando-se sobre a namorada. Ele tirou a mão de Dora de dentro da calcinha, que reclamou com um gemidinho. – E somos nós que vamos te fazer gozar. – Ele prendeu as duas mãos de Dora na cama e a devorou com um beijo tão intenso que ela achou que tinha se esquecido de como respirar. Depois, quebrou o beijo, e o com os lábios ainda colados nos da namorada, chamou Gustavo. – Vem cá, Gu. Vamos dar pra ela tudo que ela merece.

Dora sentiu Gustavo deitar-se ao seu lado e beijar sua bochecha. Eles deram mais um beijo triplo – mais breve, desta vez – e Leo desabotoou o fecho frontal do sutiã de Dora. Gustavo olhou para o corpo da amiga e mordeu o lábio. Leo cobriu um dos seus seios com uma mão, brincando com o piercing que ela tinha no mamilo e a fazendo contorcer de leve na cama. Mordeu o lóbulo de sua orelha, sussurrando ali num tom de voz que só poderia ser descrito como indecente. – Delícia. Gostosa… Eu quero muito te fazer gozar. Mas geme bem alto pra mim, pode ser?

Dora assentiu com a cabeça, sentindo que seu cérebro estava absolutamente paralisado.

As bocas de Gustavo e Leo desceram pelo seu pescoço e colo, deixando uma trilha de beijos molhados e incandescentes, e ela sabia que sua respiração estava ficando cada vez mais ruidosa. Eles chegaram aos seus mamilos e o estímulo era delirante. Leo passava a língua pelo seu piercing, do jeito que ela adorava, e suas pernas se separaram instintivamente. Gustavo esfregou o corpo no da amiga, enquanto sugava seu mamilo com entusiasmo. Depois, parou por um segundo, soprando de leve a pele molhada e Dora gemeu alto, puxando os cabelos de Leo. Ele e Gustavo se beijaram mais uma vez, e continuaram a tortura pelo corpo de Dora; beijando, lambendo, mordendo, apertando cada centímetro de pele até o seu quadril.

Àquela altura Dora já estava praticamente sem ar, movimentando os quadris involuntariamente contra a cama. Leo mordeu o osso de sua bacia com força, a fazendo tremer, e beijou a parte frontal de sua calcinha, bem de leve, respirando ar quente por ali.

Os olhos de Dora reviraram.

Ele deu uma lambida por cima da calcinha e voltou a beijar o quadril da namorada.

– Ela gosta quando eu vou bem devagarzinho, Gu. Ela é toda sensível. É uma delícia.

Dora sentiu sua calcinha sendo finalmente removida e já não sabia dizer se foi Gustavo, ou Leo, ou os dois. Só sabia que estava deliciosamente exposta, não queria estar em nenhum outro lugar no mundo, e que precisava ser tocada imediatamente.

Leo deu um gemido baixo de satisfação, separando mais as pernas de Dora. Depois, ele sentiu que ele separou os seus lábios, e disse, com a boca bem próxima a eles:

– Olha só que delícia.

Dora pensou por um milésimo de segundo que aquilo não era hora de ser analisada como um projeto numa feira de ciências, mas aí Leo passou o dedo bem de leve por toda a extensão de sua vulva.

– Puta que pariu.

O palavrão saiu estrangulado, e foi acompanhado de um gemido alto quando Leo começou a estimular seu clitóris em movimentos circulares e gentis – exatamente do jeito que Dora gostava.

Ele se demorou por ali. Não que Dora precisasse do estímulo extra – as preliminares e a tensão a tinham deixado em ponto de bala – mas Leo sabia exatamente como tocá-la, e ela adorava que ele nunca tinha pressa e estava sempre disposto a aprender o que dava mais prazer à namorada. Depois de um tempo, ele introduziu o dedo em Dora, apenas provocando, fazendo com que ela soltasse uma exclamação e levasse as mãos aos cachos do namorado.

– Olha só, Gu.

Dora fez esforço para olhar para baixo, bem a tempo de ver Leo colocar a mão de Gustavo aberta sobre a sua boceta. Dora gemeu bem alto desta vez, e continuou arfando quando viu o amigo separando os seus lábios e se inclinando lentamente.

– Vai devagarzinho. Com cuidado. – Alertou Leo, e Gustavo obedeceu com maestria. Os lábios cheios do amigo a tocaram de levinho e ele beijou com clitóris de Dora com muita delicadeza. Depois, sugou de leve, e Dora gemeu estrangulado, puxando os cabelos de Leo com mais força.

Ela sentiu a boca de Leu aproximando-se de sua abertura e o seu coração parar por um segundo quando a sua língua a penetrou vagarosamente. A pele de Dora parecia ter soltado do corpo na extensão estranha de tempo (foi uma hora? vinte minutos?) que durou a tortura deliciosa de Gustavo sugando e lambendo seu clitóris com perícia e Leo beijando toda a extensão de sua vulva, invadindo sua abertura com a língua e os dedos.

Eventualmente, eles trocaram de posição. E Gustavo estava fazendo um ótimo trabalho em fazer Dora perder completamente o controle de seu corpo, mas Leo a conhecia como se tivesse lido seu manual de instruções umas duzentas vezes. Ele colou os lábios ao seu clitóris, sugando devagar, lambendo, a deixando totalmente encharcada e aberta para os dois.

Os lábios de Gustavo se alternavam entre a entrada e o períneo de Dora, e ela estava arfando, consciente de que estava gemendo alto demais, e talvez Leo recebesse outra cartinha mal educada do síndico do prédio, mas não dava pra conter, e quando ela sentiu um dedo a invadindo e Leo sugando seu clitóris com força, ela olhou para baixo, viu os olhos verdes do namorado a devorando enquanto ele a chupava e gozou com força.

Pareceu durar uma eternidade. Os seus músculos se contraíram em torno do dedo dentro dela – será que era de Leo ou de Gustavo? – e o namorado não parou de chupá-la até acabar, diminuindo a intensidade na medida em que a respiração de Dora voltava ao normal.

Leo deu um beijinho de leve no clitóris de Dora – a fazendo estremecer – e uma risadinha.

– Eu não falei, Gu? A história da carta do síndico é verdade.

O rosto de Gustavo surgiu, vermelho, a barba bagunçada, sua expressão um misto de assombro e divertimento.

– Tô vendo.

Dora ainda estava arfando de leve e sentiu-se corar.

– Você fica falando sobre nossa vida sexual com as pessoas, Leonardo? Assim eu fico constrangida.

– Primeiro que você também contou esta história aquele dia no boteco. – Começou Leo, deitando o corpo sobre o dela. – E segundo, de que adianta namorar a mulher mais sexy e gostosa deste mundo se eu não posso me gabar um pouquinho?

Dora riu, sacudindo a cabeça. Leo investiu o corpo contra o dela e passou o seu pau de leve pela extensão de sua vulva, fazendo Dora tremer mais uma vez.

– Tá vendo como eu fico? Tá vendo como você me deixa?

Leo e Dora se beijaram longamente. Ele colocou as duas mãos no rosto da namorada, investindo o corpo contra o dela. Quando deles se soltaram, Gustavo estava deitado na cama, observando os dois com os olhos arregalados.

Leo sorriu, pegando uma das mãos de Gustavo e chupando o dedo que provavelmente estivera dentro de Dora momentos antes. Ele deu um gemidinho de satisfação. Leo passou o dedo do amigo pelos lábios e beijou Gustavo devagar, demorando-se. Depois, desceu os lábios pelo torso torneado do amigo, até chegar na sua virilha. Leo olhou para cima, com aquele sorrisinho sem-vergonha que ele tinha, e começou a chupar Gustavo devagar.

O outro gemeu entre os dentes, jogando a cabeça para trás. A cena despertou Dora do torpor pós-orgasmo e ela sentou-se na cama, para não perder nenhum detalhe. Adorava ouvir as histórias dos boquetes que Leo tinha distribuído antes de começar a namorá-la, mas nunca tinha visto de perto. E era, de longe, uma das coisas mais excitantes que já testemunhara na vida. Gustavo apoio uma das mãos na parede às suas costas, e pousou a outra sobre o topo da cabeça de Leo, sem empurrar, apenas acariciando. Leo não conseguia ir muito fundo, mas compensava com o entusiasmo, e a julgar pela expressão de êxtase no rosto de Gustavo, ele estava indo muito bem.

Quando as mãos de Leo foram dos quadris para a bunda de Gustavo, apertando, e ele respondeu investindo a pélvis involuntariamente contra a boca de seu namorado, Dora decidiu que tinha ficado tempo demais só assistindo a farra. Ela ajoelhou-se na cama, puxando Leo pelos cabelos. Ele pareceu confuso por um momento e ela sorriu, beijando-o para sentir o gosto de Gustavo em sua boca.

– Agora é minha vez.

Leo sorriu de volta, mordendo o lábio inferior, e subiu o tronco, ajoelhando-se na frente de Gustavo. Dora deu um longo suspiro ao perceber que estava prestes a realizar uma de suas fantasias mais antigas, e começou a chupar os dois, devagar.

Ela alternou os lábios entre lambidas e chupadas leves, passando a boca e os lábios pela extensão de ambos os pênis. Podia escutar os dois respirando sonoramente, e segurou os dois pelas bases, fazendo as glandes se esfregarem. Leo gemeu alto.

– Que delícia. – Ele suspirou, num tom de voz que fez Dora se encharcar. Ela colocou os dois paus na boca, até a base da cabeça, que era onde dava, sugando de leve. Então ouviu os dois se beijando mais uma vez. Queria levantar a cabeça para observar, mas contentou-se em fechar os olhos e imaginar os dois se beijando ferozmente, Gustavo agarrando os cabelos de Leo, enquanto o outro mordia seus lábios com força…

Quando Dora voltou a passar a língua pela extensão dos dois, Leo ofegou, olhando para baixo e segurando o queixo da namorada com carinho.

– É a vez do Gustavo. Chupa ele pra mim, vai. Eu quero ver. – E então ele passou o dedão pelos lábios molhados e inchados de Dora. – O boquete dela é o melhor do mundo, Gu. Quando ela me chupou pela primeira vez eu sabia que não podia largar essa mulher nunca mais.

Dora rolou os olhos, porque sabia que Leo era o exagero em pessoa, mas gostava de se sentir assim, desejada. Gostava que Leo tinha orgulho de estar com ela, mesmo que fosse daquela jeito não convencional.

Ela empurrou Gustavo para que ele se sentasse na cama, com as costas escoradas na parede. Os olhos cor de mel do amigo estavam enevoados, e Dora estava se sentindo cheia de energia e com muito tesão, só de vê-lo dominado pelo desejo daquela maneira. Ela mordeu o pescoço de Gustavo, desceu passando a língua pela sua tatuagem mais uma vez (em caso de não haver outra oportunidade de fazer isso) e segurou o seu pênis com firmeza, batendo uma punheta de leve. Gustavo gemeu, ela sorriu, e colocou-o na boca, indo o mais fundo que conseguia de uma vez só.

Dora ouviu Gustavo soltar um gemido surpreso e desesperado, e começou a sugar devagar. Fazia um tempo que não chupava outros homens que não Leo, e já estava no automático de fazer como ele gostava, mas lembrava dos truques que nunca falhavam com o outros. Começou a movimentar a cabeça, sempre criando uma sucção intensa, e às vezes parando na cabeça para chupar de leve, esfregando a língua e os lábios por ali.

Naquela altura Gustavo estava arfando com força, soltando gemidos roucos. Dora sentiu as mãos de Leo em seu quadril, ajeitando seu corpo para que ela ficasse de quatro. Depois, elas subiram pelo seu corpo, apertando seus peitos e chegando à sua nuca.

– Eu não falei? A boca dela, a língua, a garganta… Eu fico louco só de pensar.

Dora gemeu, separando as pernas. Adorava quando Leo começava a falar sacanagem, e estava se sentindo a mulher mais sexy do universo naquele momento. Ela deu uma boa chupada e começou a provocar Gustavo, passando a língua pela sua base e também nas bolas.

– Pode puxar o cabelo dela que ela adora. – Avisou Leo, e ficou claro que a timidez de Gustavo tinha ido embora há um tempo, porque ele obedeceu imediatamente, segurando os cabelos de Dora e puxando de levinho, sem forçar. – E sabe o mais gostoso? Ela morre de tesão em fazer um boquete. Né, amor?

A pergunta era retórica, já que a boca de Dora estava ocupada. Um dos dedos de Leo a penetrou com extrema facilidade, e ela gemeu, voltando a colocar o pau de Gustavo quase inteiro na boca.

– Caralho, como sua boceta é gostosa. – Leo disse sem ar. – Eu preciso te comer agora.

– Anda logo. – Dora respondeu impaciente e voltou a encher a boca, sugando com força, e masturbando a parte do pênis de Gustavo que seus lábios não alcançavam. Ela sentiu o pau de Leo se esfregando contra ela, deslizando por entre seus lábios, pressionando seu clitóris. Mas Leo devia estar mesmo com pressa, porque aquela tortura geralmente durava mais. Depois de alguns segundos, ele segurou os quadris de Dora, fazendo com que ela empinasse mais a bunda e a penetrou devagar.

Dora teve que parar de chupar Gustavo por um segundo, porque a sensação de ter Leo invadindo seu corpo daquele jeito a fez gemer muito alto. O encaixe dos dois era perfeito, sempre, e daquela vez não era diferente. Ela sentiu o namorado a penetrar por inteiro, fechou os olhos e mordeu os lábios.

Leo começou a se movimentar devagar, e depois de alguns momentos, Dora voltou a si, lembrando que havia uma terceira pessoa envolvida. Ela olhou para Gustavo, mas ele estava com o olhar fixado em Leo. Dora gemeu com a possibilidade de os dois estarem de encarando naquele momento e voltou a chupar Gustavo com todo o afinco.

Ela quase engasgou – quase – quando Leu acertou um tapa forte na sua bunda, daqueles que com certeza deixaria marcas para o dia seguinte, segurando Gustavo pela base e concentrando-se mais uma vez na cabeça de seu pênis. Os gemidos de Leo estavam ficando progressivamente mais altos, e ele segurou os quadris de Dora com as mãos, investindo mais forte contra ela. A resposta foi ela empinar mais o quadril, permitindo que Leo fosse mais fundo dentro dela, mais forte, e ela podia sentir que não estava longe de gozar mais uma vez.

Uma das mãos do namorado foi parar nos cabelos de Dora, guiando sua boca pelo pênis de Gustavo. Aquilo foi quase a gota d’água para ela, que estava absolutamente deliciada em ser dividida por dois homens incrivelmente atraentes. Gustavo começou a movimentar os quadris também, fazendo Dora gradualmente tomar o seu pênis cada vez mais fundo. Ele estava arfando bem alto, alternando com gemidos guturais, e Dora podia sentir o seu pau pulsando contra os seus lábios. Gustavo estava chegando perto, e a julgar pelos movimentos frenéticos de Leo, ele também não estava longe do clímax.

– Eu vou gozar. – Gustavo sussurrou, quase não conseguindo pronunciar as palavras. Dora gemeu, sugando com gosto, mas então sentiu a mão de Leo puxando seu cabelo com força, fazendo Dora parar o boquete e olhar para cima. Gustavo estava olhando de volta, com uma expressão que ela desconhecia totalmente no amigo. Seus lábios estavam inchados, seus olhos cerrados, ele parecia totalmente dominado pelo tesão. Leo puxou os cabelos de Dora com um pouquinho mais de força, só porque sabia que ela adorava quando ele fazia aquilo.

– Ele quer gozar na sua cara. – Leo explicou, dando uma estocada forte, porque a ideia parecia demasiadamente excitante para ele também. – Ele me contou.

– Ah, é? – Dora respondeu, surpreendo-se com a rouquidão de sua própria voz. – Então vai.

Gustavo gemeu, mordendo os lábios. Dora intensificou a punheta e observou o amigo fechar os olhos, empurrando o quadril contra a sua mão erraticamente. Quando o primeiro jato atingiu a bochecha de Dora, ela fechou os olhos, masturbando Gustavo até o orgasmo acabasse completamente.

Gustavo desabou na cama, sentando-se apoiado na parede, o rosto enevoado. Mas Dora estava ocupada demais rebolando contra os quadris de Leo, que investiam cada vez mais forte, iam cada vez mais fundo, e estava cada vez mais difícil não gritar bem alto e pedir pra ele não parar nunca mais. Leo acertou Dora com mais um tapa, desta vez mais forte, e segurou o seu cabelo na altura da nuca, puxando sem dó. Dora soltou um gritinho.

– Goza pra mim, Dora, vai. Eu sei que você quer. Rebola e goza no meu pau, vai…

Aquilo foi o limite. Dora teve consciência de que mais uma vez estava gritando alto demais, mas não conseguia parar, enfiando o rosto nos lençóis enquanto sentia seus músculos contraindo ao redor de Leo, pressionando, apertando, sugando, até que ele arfou e gemeu alto, perdendo o ritmo de suas investidas e Dora sentiu aquela sensação sempre esquisita e meio mágica que era ter o namorado gozando dentro dela.

Alguns segundos se passaram até que ela se lembrou que ela e Leo não estavam sozinhos e ela levantou o olhar para Gustavo, que os observava com um sorriso frouxo.

– Vocês são lindos. A química de vocês é de outro mundo.

Dora sorriu, sentindo Leo beijando sua nuca com carinho enquanto saía devagar de dentro dela. De repente ela estava muito cansada, e sentia que o esforço para ajeitar-se na cama parecia imenso.

Gustavo pareceu desconfortável por um momento, olhando em direção à porta, mas Leo se adiantou.

– Nem pensar. O pacote incluía conchinha.

Ele riu. Dora arrastou-se até o travesseiro com dificuldade e ouviu Leo levantando, abrindo a porta do quarto e apagando a luz. Gustavo deitou o corpo suado atrás dela, pousando a mão em seu quadril. Leo voltou para a cama, tentando deitar-se entre os dois.

– Nem sonhando. – Dora balbuciou. – Ainda é meu aniversário. Eu fico no meio.

Leo soltou uma exclamação de derrota e deitou-se do outro lado de Dora. Ela ajeitou a cabeça no peito do namorado, aconchegando-se a ele, enquanto Gustavo chegou mais perto, a envolvendo com os braços. Ouviu o plec plec das patinhas do Saci indo até a sua caminha e suspirou contente, quase pegando no sono. Então Leo entrelaçou os dedos dos dois, beijando sua mão.

– Feliz aniversário, minha gatinha. – Ele murmurou, sonolento.

E o último pensamento que Dora teve antes de apagar de vez foi; não podia haver maneira melhor de entrar na casa dos trinta.