Foto de Amir Sani na Unsplash

Eu não sou mulher de se comer de garfo e faca.

E você sabe bem, você sabe fazer tudo do jeito que eu quero, que eu gosto, que eu preciso.

Hmmm, eu daria qualquer coisa para sentir você se afundando em mim, se perdendo em mim outra vez, toda vontade é pouca quando a gente tá junto, não há tempo que seja suficiente, não há tarde ou noite que me satisfaça, eu quero sempre mais, mais, mais.

Dói, né? Querer tanto assim. Eu sinto também, sinto esta dor me atravessando, rasgando meu corpo, me dividindo em duas.

É como se você soubesse o que eu quero antes do desejo se formar. É como se você conseguisse me tocar direto na alma, torturá-la, triturá-la, até eu me descolar da razão, me perder de mim, não ser mais alguém, só sua.

Puta que pariu.

A verdade é que eu vou morrer se eu não der pra você de novo. É isso mesmo, vou cair dura, mortinha, e como moro só, ainda vão demorar uma semana pra me achar.

É isso que você quer?

Ser responsável pela minha morte prematura?

Imagina o que vão pensar de você se souberem que é tudo culpa sua. Imagina o que vão dizer na minha eulogia. Tanta vida pela frente, morreu de desejo, seca de sede num deserto quando você poderia ter sido meu alento.

Me estraga outra vez – é tão difícil encontrar alguém à altura, é tão difícil encontrar alguém que não tem medo da fome por dentro, da sombra, da violência que domina, do monstro que toma conta e sequestra o propósito – e depois de tudo isso me resta nenhuma disposição para sentar à mesa observando a etiqueta.

10 Maneiras de Sabotar sua Vida Sexual

Foto por Charles Deluvio no Unsplash

Sexo é uma parte fundamental na vida de todos nós, e uma vida sexual saudável pode garantir mais felicidade, longevidade e melhores relacionamentos. A verdade é; sexo é saúde. Mas infelizmente, também a tabu.

Por conta de imposições sociais, vergonha, e até falta de informação, a gente acaba tendo atitudes que, sem querer, contribuem para uma vida sexual menos satisfatória. Será que é o seu caso? Aqui está uma lista de 10 atitudes comuns, mas que podem atrapalhar muito sua relação com o seu corpo e seu prazer.

  1. Não ir ao médico

“O que tem a ver?” Tudo! Uma das principais queixas das mulheres em consultórios ginecológicos é a dor durante o sexo (ou falta de libido). Existem muitos fatores da saúde que podem atrapalhar seu desempenho sexual, lubrificação, libido, e tornar o sexo desconfortável. A checagem periódica da saúde é muito importante para uma vida sexual saudável, tanto para homens quanto para mulheres.Não conhecer o próprio corpo

2. Não conhecer o próprio corpo

Foto por Malvestida Magazine no Unsplash

Bom, essa é complicada, porque a verdade é que a informação que temos é muito insuficiente. A educação no Brasil deixa muito a desejar, mas é muito importante conhecer a nossa anatomia para entender como o nosso prazer funciona. Você sabia, por exemplo, que o clitóris tem ¾ da sua extensão dentro do corpo da mulher, e a maioria delas precisa de estímulo direto na parte visível para atingir o clímax? Informação é muito importante, e felizmente, na Internet dá para se educar sobre os nossos órgãos sexuais e os dos nossos parceiros.

3. Deixar a masturbação de lado

Existe um mito de que se uma pessoa está num relacionamento, ela não deveria querer ou poder se masturbar. De onde veio isso, eu não faço ideia, mas não tem pé nem cabeça! A verdade é que sexo e masturbação, embora complementares, são coisas diferentes, e a masturbação contribui muito para sua relação com seu próprio corpo, e para que você tenha maior noção de como funciona o seu prazer.

4. Achar que pornografia é sexo

Infelizmente, a pornografia está cada vez mais difundida e acessível, e criando expectativas bizarras para o sexo. A pior parte é que sexo e pornografia não têm nada a ver, e tentar reproduzir o que você vê no xvideos na cama é frustração na certa para todos os envolvidos. Existem muitas alternativas à pornografia tradicional para que você possa manter a conexão com a erotismo e a safadeza, de maneira mais saudável e realista. Inclusive, aqui no vlog eu fiz uma listinha de recomendações!

5. Ter medo de experimentar sex toys

Um grande mito em torno de vibradores, dildos e outros brinquedos é que eles servem para substituir os órgãos sexuais durante o sexo. Balela! Eles são instrumentos para incrementar a experiência, e podem deixar a sua vida sexual muito mais prazerosa!

6. Se comparar com outras pessoas

Sexo é uma coisa muito pessoal. O que dá certo pra fulano, pode não ser a sua praia. Não é porque está “todo mundo fazendo” uma determinada coisa, que você tem que fazer também se não estiver sentindo vontade. Escute primeiro suas fantasias, e o seu tesão, e não se deixe levar por modinhas.

7. Acreditar em frases prontas

“Mulher direita não dá de primeira,” “bumbum não se pede, se conquista,” “tem que engolir,” quem já não ouviu? A sabedoria popular é cheia de frases prontas em relação ao sexo, e além de muitas serem bem enraizadas na nossa cultura machista, homofóbica e transfóbica, elas podem ser muito prejudiciais para sua vida sexual. Faça sempre o que de dá prazer e não dê ouvidos a elas.

8. Não priorizar o próprio prazer

Foto por Annie Spratt no Unsplash

Sexo é interação, e dar prazer para o parceiro é muito importante. Mas, principalmente para mulheres, às vezes o próprio orgasmo vem em segundo lugar. Não tenha medo de se colocar como prioridade na hora do sexo e assumir para você mesma o seu direito de se divertir, aproveitar e gozar.

9. Não se comunicar com clareza

Ao mesmo tempo, ninguém tem bola de cristal, né? Comunicação é fundamental para uma vida sexual satisfatória, e é sempre muito importante se conhecer para poder dizer ao outro o que você quer e precisa na cama. Precisa de um empurrão? Então baixa aqui de graça esse questionário de perguntas sexuais para abrir a comunicação com o parceiro!

10. Levar tudo a sério de mais

Sexo é diversão, e ter medo de parecer ridículo pode deixar a gente bem travado. Lembre-se que para aproveitar de verdade, você não pode se levar a sério de mais. Trate o sexo como uma aventura prazerosa e as chances de fluir melhor são altas!

Vlog – Afinal, o que é a candidíase?

Nessa época de calor, carnaval, ficar o dia inteiro fora de casa, com roupinhas apertadas… As chances de ter candidíase aumentam! Mas afinal, o que é candidíase? Pega no sexo? Como trata? E se temos com frequência, dá pra fazer alguma coisa? Tudo isso e mais no vlog de hoje!

Laceração

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Fonte: Wattpad

Que loucura isso aqui. Parece que a gente está numa bolha isolada do universo inteiro. O frio na barriga que eu sinto é claustrofóbico. É exaustivo ficar perto de você. Meus nervos ficam tão hiperativos que eu preciso de dias pra me recuperar das ressacas que você me causa.

Parece que o seu toque se encaixa no meu corpo com precisão cirúrgica. Eu estou vendo você me olhar desse jeito como se você achasse que eu sou demais pra você, e quem sabe deve ser mesmo, não é isso que todo mundo acha sempre, então diz. Fala o meu nome. Estala a consoante no céu da boca. Deixa as vogais derraparem nas arestas do seu sotaque. Eu quero ouvir você me chamar, quero ouvir meu nome estourando da sua boca como uma bolha de sabão. Eu quero existir nos seus lábios. Eu quero existir. Eu quero existir nos outros, quero sentir o que eu penso e o que eu sinto faz algum sentido para além dos meus momentos de solidão com a máquina de escrever. Estou cansada de ir, de voltar, de tentar, eu quero me desmontar, eu quero me deixar revirar, eu quero a verdade para além das personalidades inoxidáveis que a gente inventa. Toda história tem sempre dois lados, ninguém é exemplar o tempo todo, não quero ser nada, mais nada, não quero mais nenhum adjetivo chique, eu só quero a invasão do seu beijo febril, a dor do seu toque, todas as filosofias esquecidas no pé da cama. Só você, o meu nome, e as nossas inseguranças, brincando juntas na escuridão.

Virgem

virgem

Nos conhecíamos há um tempo, sempre nos damos bem, mas por questão de timing, nunca tinha acontecido nada. Até que um dia, num bar comemorando o aniversário de um amigo em comum, ele se aproximou com ares de business e me perguntou se eu queria jantar com ele na próxima semana. Eu, que não sou convidada para jantares com tanta frequência assim, concordei. Fiquei espantada quando ele pediu o meu endereço para ir me buscar.

 

A noite foi uma delícia. O papo foi leve, divertido, despretensioso. Ele ouvia atentamente tudo que eu tinha a dizer, sempre me encorajando a dar mais detalhes. O seu senso de humor quase me fez cuspir o vinho depois de uma tirada particularmente sarcástica. A comida estava deliciosa, eu saí de lá com a cabeça enevoada de álcool, pensando que eu jamais imaginei me divertir tanto em um encontro assim tão como manda o figurino.

 

Ele me perguntou se eu já queria ir pra casa ou se queria esticar a noite em algum bar. Eu, que tenho pouca paciência quando se trata de conseguir o que eu quero, sugeri que tomássemos um drink em casa mesmo. Ele sorriu de lado, arqueou as sobrancelhas, parecendo satisfeito com o fato de eu ir direto ao ponto.

 

Na volta pra casa, ele repousou a mão na minha coxa enquanto o farol estava fechado. Eu olhei para ele e mordi meu lábio. A tensão sexual era palpável, e eu já não estava mais preocupada em como a gente ia fazer pra passar do clima de só amigos. Mas como é do meu feitio querer apimentar as coisas, fiz com que a mão dele subisse mais pela minha coxa, debaixo do meu vestido. Ele então se inclinou no banco e me beijou. Um beijo intenso, e insistente. Nos separamos quando o carro de trás buzinou. O farol tinha aberto há um tempo e nem tínhamos notado.

 

***

 

Pulamos o drink e fomos direto pra cama. Ele segurava os meus braços contra o colchão, investindo o corpo contra o meu, passando a língua pelo meu pescoço, mordendo, até chegar no meu ouvido.

 

– Eu quero te chupar.

 

Minha resposta atrevida se perdeu na garganta porque eu estava ocupada demais sentindo a onda de excitação que desceu do baixo ventre até o meu clitóris.

 

– Me fala o que você gosta. Você sabe que eu não vou parar até você chegar lá.

 

Eu sorri, porque se eu conhecesse aquele lado dele já tinha esquematizado este encontro há muito tempo. O instruí, dizendo como gostava e ele prestou atenção do mesmo jeito que fez durante o jantar. Depois, sumiu debaixo do lençol.

 

Ele seguiu as minhas instruções como se fosse um manual que ele sabia de cór. Passava a língua devagar, ia me sugando de leve, aumentando o ritmo com tanta precisão que ele parecia adivinhar qual era o próximo passo. Eu fiquei tão molhada que tinha certeza que tinha encharcado o lençol, e ele não parou até que eu soltei um gritinho, investi os quadris contra a boca dele, sentindo cada onda do orgasmo invadir meu corpo enquanto ele acompanhava as pulsações me penetrando com os dedos.

 

Eu fiquei paralisada, atônita com aquela demonstração de habilidade. Mas não parou por aí. Quando ele subiu de volta, estava ofegante, se esfregando em mim, parecia que queria me engolir. Senti o seu pau na minha entrada, provocando de leve, enquanto ele mordia o lóbulo da minha orelha. Eu estava muito sensível e gemi baixinho, abrindo as pernas. Ele grunhiu.

 

– Dá pra mim. – Ele ofegou no meu ouvido. – Dá gostoso pra mim, vai.

 

Teria respondido “com o maior prazer”, mas não deu, porque logo em seguida ele me invadiu, fazendo com que eu arqueasse a espinha, cravando minhas unhas nas costas dele. O sexo durou um tempão, e ele não parou até me fazer gozar de novo. Ele colocava toda a dedicação e foco a cada movimento. Quando acabou, eu senti que meu cérebro tinha virado uma geleia. Não tinha sobrado nem um neurônio para contar a história.

 

Aliás, minto. Sobrou um para que eu pudesse dizer, grogue de sono:
– A gente vai ter que fazer isso de novo.

Leão

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Virei o último gole do meu drink, lamentando que já tivesse acabado. A festa estava cheia, o grave no talo, e eu estava suada de tanto dançar. Era uma daquelas noites que eu me sentia eufórica, parecia que nada podia dar errado. E então reparei nele, dançando num canto.

Cabelos na altura do ombro, olhos cor de mel, expressão fechada. Até fisicamente ele parecia um leão. Correspondeu o olhar na hora. Me de uma encarada safada que se juntou ao álcool no meu sangue pra me acelerar. A camisa meio desabotoada me deixou muito curiosa para ver o que tinha embaixo. Murmurei um “miga, vou ali” e fui serpenteando pela pista. Ele terminou a cerveja. Quando eu cheguei perto o suficiente, olhei de novo. Para a minha surpresa, ele me puxou pelo braço para perto dele e me beijou. Assim, sem anestesia.

O beijo dele era territorial e autoritário. A língua dele percorreu todos os cantinho da minha boca. Uma mão me segurava na altura da nuca, como que para ter certeza de que eu não ia fugir.

Como se eu fosse fugir.

A outra desceu para minha cintura, colando meu corpo ao dele. Uma das suas coxas abriu caminho entre as minhas. Meu vestidinho curto subiu, minha calcinha colou nos jeans dele, enquanto ele apertava minha cintura e me beijava como se fosse pra uma plateia assistir. Eu estava adorando a performance. A batida da música alta ecoava nos meus ouvidos, parecendo que estava sincronizada com a minha pulsação.

Quando o beijo acabou, eu estava sem fôlego. Ele sorriu orgulhoso e me perguntou:

– Qual é o seu nome?

***

Quando ele abriu a porta do apartamento, me puxou de novo, me beijando com força, marcando meu pescoço, investindo o corpo contra o meu. Aos atropelos, chegamos no quarto. Ele fechou a porta com calma, acendeu a luz, e tirou a blusa. Minha boca secou. Eu fingi que não vi o sorrisinho que escapou no rosto dele. Se ele se cuidava e tinha orgulho disso, qual era o problema? Fui tomada pela mesma euforia de antes, começando um daqueles beijos famintos. Desci a boca pelo abdômen definido, beijando e lambendo cada um dos gominhos. Minha cabeça estava cheia de álcool, e eu só conseguia pensar, que delícia, que delícia, que delícia. Arranquei o cinto desajeitada, desci a cueca com pressa.

Ele agarrou minha nuca mais uma vez, investindo o quadril  com cuidado enquanto eu o chupava devagar. Estava tentando usar minha perícia ainda que o álcool deixasse os meus reflexos prejudicados. Ele grunhia sem ar, olhando pra mim de um jeito que me fazia sentir nua do melhor jeito possível.

Foi ele quem deu fim ao boquete, me levantando de novo, me colocando contra a parede e subindo meu vestido. Acertou um tapa estalado na minha bunda assobiando um “gostosa” bem baixinho. Se livrou do resto das nossas roupas, levantou meu quadril e me pegou no colo.

Eu mal consegui acreditar quando ele me segurou com as duas mãos na altura do quadril e começou a me comer, assim, sem nenhum apoio, sem encostar na parede, segurando meu peso inteiro e movimentando o quadril para dentro de mim com força e precisão. A demonstração de habilidade me deixou maluca, e eu agarrei os cabelos compridos, os ombros fortes, os braços definidos, sentindo os músculos flexionarem enquanto ele fazia força para me segurar no colo dele.

Ficamos suados, minha pele esfregando na dele, meus gemidos cada vez mais altos. Eu tinha os olhos fechados, dominada pela sensação de ser deliciosamente devorada. Quando abri, ele não estava olhando para mim. Segui a direção do seu olhar, e ele estava se encarando no espelho. Fiquei boquiaberta quando o vi admirando a flexão dos músculos no seu braço, o encaixe dos nossos quadris. Abri um sorriso entre os cabelos molhados pregados no meu rosto, querendo guardar pra mim cada detalhe daquela cena.

Deixamos marcas, nos arranhamos, nos mordemos, nos deliciamos um no outro. Quando acabou, estava dolorida e cansada. Pensei em ir pra casa, ele me convidou pra ficar.

Quando cheguei em casa no dia seguinte, achei seu telefone anotado num papel dentro da minha carteira.

 

Aquário

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Era fevereiro. A noite estava quente com aquele mormaço grosso do alto verão, a rua estava colorida com os confetes e as fantasias, lotada de pessoas dançando, bebendo, se recusando a parar a festa, tentando estender o carnaval o máximo possível para depois da quarta-feira de cinzas. Eu começava a pensar que aquilo tinha sido uma péssima ideia, como é que eu ia encontrá-lo naquele mar de gente, até que olhei pra frente e o vi do outro lado da rua. Um copo de cerveja na mão, um cigarro preso atrás da orelha, o estilo blasé de se vestir contrastando com as lantejoulas e plumas de todo mundo em volta.

Entre um copo de plástico cheio de cerveja e outro, eu tentava não ficar encarando demais. Os olhos dele capturavam tudo que passava, restava pouco foco para mim. Parecia que estava sempre olhando para algo bem distante, contando das suas aventuras, exalando uma autoconfiança que flertava com a arrogância, o boca em formato de coração fazendo aros com a fumaça do cigarro no ar. Ele se enchia de entusiasmo e de brilho quando contava dos planos para colocar a mochila nas costas e sair sem rumo mais uma vez, e eu sentia boca secar, hipnotizada pela presença, pela aparência, pelas covinhas que apareciam quando ele me lançava um sorriso cafajeste, ou quando ele ria de suas próprias piadas ácidas. Contei que também tinha desejos de sair e ver o mundo, ao que ele me respondeu como uma displicência invejável, “então vai, ué. Compra uma passagem e vai, o que você está esperando?” e eu pensando em todos os meus medos e dúvidas, e naquele charme e desapego que eu tanto queria pra mim, e por um segundo não soube se eu queria ter ele ou ser ele.

Quando ele me beijou, foi de repente. Num segundo os seus olhos estavam na chuva de serpentinas, no seguinte ele me prendia contra um muro enquanto me invadia boca adentro. Não entendi como ele foi de um extremo ao outro tão rápido, mas como se eu tivesse levado um choque, uma corrente elétrica que me atravessou. Ele me beijava com a mesma pressa com que olhava para o mundo, e eu me pendurei nele, mordendo os seus lábios cheios, sugando, lambendo, numa tentativa desesperada de memorizar cada textura.

Voltamos trocando os pés, as risadas ecoando no asfalto, nos juntando a vários outros casais trôpegos que se aventuravam pela última noite de carnaval. Quando ele entrou no meu quarto, foi logo indo para a janela, se pendurando no parapeito, admirando a vista. Mais cerveja gelada para tentar aplacar o calor que vinha de dentro e se misturava com o de fora. Ele passava os dedos pela minha espinha para me sentir arrepiar, e eu olhei para ele pensando, “é, dessa vez, fodeu”.

Os beijos que se seguiram foram um borrão. Lembro das minhas mãos apertando os braços bem torneados melados de mormaço, as mãos dele me apertando com força, em todos os lugares. Em mais um movimento repentino ele arrancou o copo da minha mão, colocando na escrivaninha, e me virou para que eu voltasse a contemplar a janela. E então, desacelerou. Os lábios gelados encontraram a minha nuca, deixando por ali um rastro de beijos e mordidas, enquanto as mãos dele iam descendo os meu vestido de verão, me deixando só de calcinha bem à vista de qualquer vizinho mais atento no prédio ao lado. Uma brisa refrescante passou pelo meu torso nu, minha mente enevoada sem conseguir distinguir luzinha de luzinha no mosaico da cidade, e ele foi descendo a boca pelas minhas costas, lambendo as minhas tatuagens como se eles tivessem gosto, passando a língua pelas covinhas acima no meu quadril, mordendo a minha bunda com força. A calcinha logo desceu para se juntar ao vestido no chão, e eu estava inteiramente nua, tremendo de excitação. Um gemidinho de súplica escapou dos meus lábios quando ele subiu as mãos pela parte interna das minhas coxas, dobrando meu corpo na altura no quadril, me deixando completamente exposta para ele.

Não consegui ficar quieta quando ele começou a me chupar, sem piedade, sem parar, com aquele mesmo entusiasmo, aquele mesmo fôlego. Não me deixou gozar. Quando parou, eu estava trêmula, encharcada, pulsando. Gemi quando ele me penetrou devagar, gritei quando ele puxou meu cabelo e segurou meu quadril, e me reduziu a um emaranhado de nervos, que não conseguia processar mais nada além de sensações. As luzes da cidade se misturavam e ele me invadiu, me subjugou, me fez dele.

Logo ele, que nunca era de ninguém.

 

Peixes

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Cheguei atrasada no bar, toda esbaforida e descabelada, perguntando se ele estava esperando há muito tempo. Ele abriu um sorriso que parecia ter 85 dentes e respondeu que não, que eu podia ficar tranquila. O timbre da voz dele era doce e sereno, e quando nos sentamos eu já tinha esquecido todo o estresse da correria.

Conversamos por horas. Sobre tudo, sobre a vida, sobre os planos. Drink depois de drink depois de drink, e eu perdi a conta de quantos foram. Ele tinha um olhar tímido, o sorriso aparecia às vezes, os olhos cor de mel procurando o teto quando ele lembrava de alguma coisa particularmente especial. Conversar com ele era uma experiência sinestésica: Ele não contava que fez isso ou aquilo. Ele falava das sensações, das impressões, do vento que batia à noite quando ele cruzava o rio Amazonas de barco, ou do sol nas andanças pela América Central. Muitas vezes, eu senti como se também estivesse lá. Ele me levava com as palavras.

Não tocou em mim a noite inteira. Tenho certeza que no fim da noite eu já estava dobrada em cima da mesa, desmontada, alcoolizada e irremediavelmente atraída. Mas ele continuou a conversa sem nenhuma tentativa séria de me beijar, embora eu tivesse notado que ele não tirava os olhos da minha boca. O bar fechou e nos expulsaram. Saímos andando pelas ruas, ele comentou que ia para o bairro vizinho ao meu, e eu que já estava sem filtro há muito tempo, fiz o convite para que ele fosse para a minha casa.

Quando ele finalmente me beijou parece que fui sugada por um rodamoinho. As mãos dele contornavam o meu corpo como se quisessem memorizar cada detalhe. Quase tive um treco quando desabotoei sua camisa e descobri um mosaico de tatuagens coloridas cobrindo o peito do cara tímido. E essa não foi a única surpresa. Eu, que sempre fui muito dominante na cama, me vi de repente completamente submissa, a mercê, sem saber o que fazer. Ele me dominou totalmente, não se impondo agressivamente, mas me fazendo incapaz de pensar com beijos torturantes no meu corpo inteiro, mãos que sabiam exatamente como tocar, apertar, envolver. Fui adorada dos pés a cabeça, dos lados, do avesso.

Transar com ele também foi uma experiência sinestésica. Meus sentidos se fundiram num só. Ele gastou horas nas preliminares, completamente devoto em me fazer gozar uma, duas, três vezes, e quando finalmente estava dentro de mim, todos os meus nervos pareciam estar conectados. Eu ouvia ele sussurrar desperado no meu ouvido que aquilo era tudo que ele queria, era tudo que ele precisava, e não conseguia ficar quieta. Em certo momento ele disse, “mas e a sua roommate?” e só rosnei um “foda-se”, por que isso lá é hora pra ser altruísta?

Não sei quando dormi. A impressão que tenho é o sexo se misturou com o sono, e nunca acabou. Quando acordei,  envolvida por ele por todos os lados, disse que precisava levantar, ou iria chegar atrasada no trabalho. Ele disse que não queria me atrasar.

Mas me atrasei.

Tarde da noite

frescura

Atenção, o conteúdo a seguir é impróprio para menores de dezoito anos e contém linguagem chula.

Michele se aninhou no pescoço de Otto, sentindo as palavras do filme.da Netflix ficarem cada vez mais distantes. O cansaço estava começando a bater. Ela pensou que tinha demorado bastante, considerando tudo que os dois tinham feito naquele dia. Fazia tempo que ela não se sentia tão disposta e cheia de energia.

Michele e Otto tinham se conhecido no Tinder pouco mais de três semanas antes, e tinham engatado uma série de encontros desde então. Michele sentia seu entusiasmo renovado com a nova paixão, e era surpreendida com um friozinho bom na barriga toda vez que pensava em continuar saindo com Otto. A química dos dois era explosiva, e Michele estava tendo sexo de qualidade como nunca antes. Mas sentia que os dois estavam entrando numa fase de mais intimidade, de programas mais diurnos. Não que o tesão estivesse arrefecendo.

– Michele. – Otto começou numa voz mansa. – Tá dormindo?

– Não. Que foi?

– Eu queria te pedir um negócio.

– Pede.

Otto suspirou sem jeito. Michele estava achando graça. Otto não costumava ficar desconcertado com frequência, até onde ela sabia.

– Você pode me chupar? -Otto disse num fio de voz, e depois começou a se explicar. – É que o seu boquete é tão bom, eu pensei nisso o dia inteiro.

Michele soltou uma gargalhada.

– Então funcionou sensualizar com a casquinha?

– Foi de propósito, sua demônia?

– Só um pouquinho. Você sabe que eu gosto de te provocar.

Michele baixou o tom de voz, virando-se para encarar o Otto. Sentiu suas pernas roçando de leve nas dele, pregando o torso coberto só por uma camisetinha ao peito nu de Otto. De repente, Michele estava muito desperta. Ela ficou muito consciente de o quão próximos eles estavam, e quão pouca roupa tinha no caminho. Otto mexia com as fantasias de Michele, e ela se excitava particularmente em chupá-lo, sentir que exercia controle sobre ele, que tinha capacidade de fazê-lo perder a coerência.

Otto envolveu sua cintura com as mãos, subindo o tecido para encaixa-las na curvinha com precisão cirúrgica. Os seus dedos estavam pelando, piorando as ondas de calor que percorriam a pele de Michele. Ele aproximou o rosto e a beijou.

O beijo de Otto era daqueles de arrepiar até o último fio de cabelo e deixar sem ar. Michele se ajeitou para colocar metade do corpo sobre Otto, dobrando a perna para posicioná-la sobre o quadril do moreno. O movimento a fez sentir o quanto sua calcinha já estava melada. Ele apertou a cintura de Michele, pressionando as pelves, fazendo com que ela gemesse baixinho. Ela decidiu deitar-se inteira sobre ele, sentindo os quadris se tocando. Otto deixou as mão escorregarem mais para dentro da blusa de Michele, e uma delas desceu para frente, cobrindo um de seus seios e brincando de leve com o mamilo.

O amasso se intensificou, e de repente Otto estava segurando Michele pelo quadril. Michele estava correspondendo os movimentos, se esfregando nele, sentindo o seu pau pressionando o seu clitóris por baixo das duas camadas de pano. A blusa já tinha ido, e estava difícil resistir e manter aquelas barreiras por muito tempo. Otto gemeu alto quando Michele mordeu seu lábio inferior e desceu a mão para dentro da calcinha de Michele, provocando a sua entrada, sentindo o quanto ela estava molhada.

– Adoro quando você fica desse jeito. –  Ele sussurrou, deixando a pontinha do indicador penetrá-la de leve. Michele arfou, sentindo-se contrair ao redor do dedo de Otto que continuava a invasão lentamente.

– Ei. não era sua vez? – Otto sorriu. – Ou você mudou de ideia?

– Não.

– Não o quê?

– Eu quero a sua boca no meu pau.

Michele sorriu, dando uma piscadela para Otto e descendo no seu corpo, deixando uma trilha de mordidas e beijos molhados. Ela passou a língua no quadril de Otto, demorando-se, e desceu os lábios para a cueca, colocando a cabeça na boca por cima do tecido, até Otto estar soltando gemidinhos no fundo da garganta.

A cueca do moreno estava encharcada quando Michele finalmente a removeu. Ela passou os lábios pela parte interna das coxas de Otto, apreciando os músculos estremecendo de leve, e segurou o pênis com força pela base. Ela olhou para Otto, que a observava com os lábios entreabertos, a expressão nublada, e o tomou na boca de uma vez.

Otto gemeu alto, segurando os ombros de Michele com força. Ela foi descendo pouco a pouco, criando sucção e deixando sua saliva escorrer até a base. Grunhiu baixinho quando sua boca encontrou os seus dedos, e forçou um pouco mais, controlando a respiração.

– Porra, Michele… – Otto exclamou estrangulado, suas mão subindo dos ombros para os cabelos de Michele. Ela voltou para a superfície e desceu novamente, dessa vez chupando um pouco mais forte. Repetiu mais umas três vezes, antes de começar a masturbar Otto devagar, passando a língua e os lábios pela cabeça. Ela levantou o olhar para ver a expressão de Otto, enquanto sentia sua saliva se misturando ao pré-gozo que começava a se formar.

Depois tomou apenas a cabeça na boca, sugando enquanto sua mão dava conta do resto. A sua outra mão começou a massagear as bolas de Otto suavemente, e ela não quebrou o contato visual, esfregando a língua com perícia contra a glande. Otto começou a apertar seus cabelos com mais vigor, e ela tirou o seu pênis da boca, passeando seus lábios e bochechas contra ele, espalhando saliva por todo o seu rosto, enquanto passava a masturbá-lo com mais intensidade.

Michele torturou Otto mais um pouco, até deixar seu pênis escorregar inteiro para dentro da sua boca, sugando com força e recomeçando o movimento de vai e vem com a cabeça, que era acompanhado pela sua mão. Otto começou a murmurar coisas sem sentido, levantando os quadris da cama. Michele separou mais as pernas, sentindo que sua boceta estava pulsando com a excitação de ouvi-lo daquela maneira. Desceu uma das mãos para dentro da calcinha, tocando-se com pressa e sem jeito. Michele adorava fazer um boquete em geral, e com Otto era sempre especial, não precisava de muito mais para fazê-la gozar.

Impulsionada por estar ela própria cada vez mais perto do clímax, Michele foi com mais sede ao pote, intensificando os movimentos da boca e das duas mãos, sugando insistentemente, tomando Otto o mais fundo que dava.

– Não para por favor. – Otto implorou com a voz rouca, os quadris saindo do colchão em movimentos erráticos. Michele não parou. Ela desceu mais fundo, chupou mais forte, até que Otto segurou seus cabelos com vontade, e ela masturbou-se mais rapidamente, permitindo-se chegar lá. A sua perícia foi comprometida quando ela gozou com força, mas ela tentou manter-se o mais focada possível, sentindo as ondas do seu orgasmo a percorrerem enquanto ela chupava Otto desajeitadamente.

Não demorou muito e ele também gozou. Michele sugou até a última gota, até que ele puxasse seus cabelos para que ela parasse. Ela se ajoelhou na cama, sentindo como se todo o seu corpo tivesse sido atravessado por uma corrente elétrica.

– Eu tô em outra dimensão. – Otto murmurou. Michele riu com gosto. – É sério. Eu não sei nem o meu nome mais. – Michele sacudiu a cabeça deitando-se ao lado de Otto e aconchegando-se a ele. O quarto mergulhou em silêncio por alguns segundos até que ele levou as mãos à testa. – Espera, você gozou?

– Claro. Se eu não tivesse gozado, não ia te deixar dormir assim tão fácil.

– Você é a mulher dos meus sonhos. – Otto disse com a voz pastosa, dominado pelo sono.

– Amanhã você me conta se mudou de ideia. – Michele respondeu, mas sorriu feliz, deitando a cabeça no ombro de Otto, sentindo-se muito relaxada. Dormiu pouco depois.