Se for pra ser bem sincera, nunca entendi lá muito bem pessoas que sonham em casar. Veja bem, não quero ofender ninguém, não vejo nada de errado nisso! Aliás, pelo contrário. Sempre tive muita inveja de quem pareceu super bem resolvido em assinar um compromisso de estar com alguém pelo resto da vida. Eu sempre senti comichão só de ouvir falar.

Talvez por isso a vida, que sempre gostou de me fazer pagar uma língua, tascou você na minha vida. Porque assim, independente da nossa vontade precisamos juntar os trapinhos. E eu, que como diria um antigo professor, estou sempre em crise, estou aqui ponderando os significados e desdobramentos de uma decisão que foi tomada por motivos tão práticos e óbvios mas que ainda assim me atormenta vezemquando.

Você sempre diz que nós moramos juntos desde o começo, e que por isso pra você isso não significa nada. E você tem razão; desde quando nos conhecemos, só dormimos separados quando a distância entre dois continentes forçava que isso acontecesse. Eu já conheço os seus hábitos e você os meus. Já fiquei na sua frente de pijama, sem sutiã, muito mais do que as vezes em que eu estive toda montada. Você conhece minhas manias. Eu conheço as suas.

Mas o que vai mudar agora? Agora, que essencialmente, essa casa é nossa? Essa casa foi concebida para nos receber, nos abrigar? Será que agora a gente vai transar de portar aberta? Será que agora a gente não vai transar nunca? Como vai ser você não passando férias na minha casa, mas morando nela, pertencendo a ela, fazendo dela, também a sua casa?

Vou admitir, estou com medo. Mas ao mesmo tempo, eu tenho medo de tudo e ainda assim as coisas costumam dar certo. Então vamos torcer.

Pode entrar, afinal a casa é sua.